"Enquanto o poço não seca, não sabemos dar valor à água."
sábado, 22 de março de 2014
Ouvir o silêncio que fala
Crónica de Anselmo Borges
1. E pus-me a caminho de Lisboa. Com a única finalidade de prestar uma última homenagem ao colega e amigo José Policarpo, cardeal-patriarca emérito. Fomos colegas na Universidade Gregoriana, em Roma, e ficámos amigos e, quando um amigo se nos vai embora, precisamos de uma despedida.
Jazia dentro da urna fechada, no chão da sé catedral. Desde a sua morte que as palavras nunca mais pararam. E falou-se, falou-se, falou-se. E imagens e mais imagens sobre outras imagens. E talvez poucos se tenham ocupado com estar calados. Talvez precisemos tanto de falar porque temos medo do silêncio da morte. Os mortos não falam. Está ali, imenso, o silêncio que fala, a dizer o essencial. Mas quantos estão preparados para, num tempo de rebuliço, ouvir o silêncio?
SACIA-TE NA FONTE DE ÁGUA VIVA
Reflexão de Georgino Rocha
A samaritana acorre ao poço de Jacob para buscar água fresca. Leva consigo o cântaro vazio, símbolo do seu coração ansioso que procura saciar as sedes que manifestamente o inquietam e perturbam. Habita-a o sonho de felicidade, sempre adiada, apesar das tentativas fugazes de prazeres efémeros. Acolhe o pedido ousado do judeu desconhecido e questiona-o sobre o seu atrevimento. Abre-se ao diálogo num “taco-a-taco” impressionante pelo realismo personalizado e pela caminhada espiritual de abertura e comunicação.
Jesus, paciente e confiante, situa-se ao nível da samaritana. Aproveita a oportunidade de estar cansado e de ser pleno dia para manifestar a necessidade de saciar a sua sede. “Dá-me de beber” – diz-lhe. “Como?” – pergunta ela. “Se conhecesses quem te pede” – acrescenta Jesus, abrindo horizontes novos às sedes humanas que só podem ser satisfeitas por águas vivas oferecidas por quem as possui e está pronto a reparti-las.
sexta-feira, 21 de março de 2014
Inverno, Primavera, Adversidade e Prosperidade
"Se não tivéssemos inverno, a primavera não seria tão agradável: se não experimentássemos algumas vezes o sabor da adversidade, a prosperidade não seria tão bem-vinda."
Anne Bradstreet
(1612 – 1672)
POESIA
Conversa amena...
Meu caro Doutor!
Poesia
Não
é só rimar...
É
ver as coisas
Com
outro olhar...
Uma
andorinha
A
fazer o ninho
Num
beiral,
É Poesia!
Quando
observa
A
árvore em frente...
A
vestir-se de Outono
E
não fica indiferente,
Isto é Poesia!
Quando
desce
A
Circunvalação
E
os plátanos
Atapetam
o chão...
E
o sussurro das folhas
Emerge
da confusão
Do
tráfego e da poluição!..
Não lhe cheira a Poesia?
Quando
vê uma flor
A
desabrochar
Na
primavera...
E
uma borboleta policroma
A
‘dejar sobre ela.
E
contempla
Esta
aguarela!.
Não lhe toca a Poesia?
........................................
Quando
na sua profissão,
No
meio da dor
E
tanto sofrimento,
Leva
a dádiva dum sorriso
E
o afago da sua mão,
Já sentiu a Poesia!
Mª Donzília Almeida
Novembro 2002
Morreu Fernando Ribeiro e Castro
Fundador da Associação Portuguesa
de Famílias Numerosas
O fundador da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas [APFN], Fernando Ribeiro e Castro morreu quinta-feira. Pode-se ser sócio da associação a partir dos três filhos, quem tiver mais de dez descendentes não tem que pagar quotas. O seu presidente tinha 13 filhos e 26 netos. O velório será esta sexta-feira na igreja de São Domingos de Rana, com uma missa às 21h , o funeral será na mesma localidade sábado, de manhã.
A secretária-geral da associação, Ana Cid, explica que Fernando Ribeiro e Castro, de 61 anos, foi um dos fundadores de uma associação criada em 1999, numa altura em que já se sentia que “o país ia atravessar uma situação dramática em termos de natalidade”. Ao mesmo tempo, era já notório o que estudos posteriores vieram demonstrar, diz, que as pessoas têm menos filhos do que o que desejariam, porque “há um ambiente cultural e político avesso às famílias com filhos, que as penaliza”.
Engenheiro naval de formação, Fernando Ribeiro e Castro, que morreu de cancro, bateu-se por “tentar alterar esta visão”. O sucesso “mais emblemático” da associação, continua Ana Cid, foi a criação da “tarifa familiar da água”, em 2002. Até essa altura, a cobrança do consumo de água apenas tinha em linha de conta escalões de consumo, independentemente dos membros do agregado familiar e do consumo per capita, lembra a responsável. A associação tem cerca de seis mil famílias como sócias, cerca de duas dezenas têm mais de dez filhos.
Catarina Gomes
Li no PÚBLICO
NOTA: Tive o grato prazer de com ele falar quando há anos veio a Aveiro para promover a APFN, que ele havia fundado. Defendia, na altura e penso que sempre o fez até à morte, benefícios para famílias numerosas [com mais de três filhos], nomeadamente, tarifas especiais de água, energia elétrica, transportes, espetáculos e propinas, apontando certos apoios então alcançados de algumas câmaras municipais. Levava, com firmeza mas também com graça, os presentes a reconhecerem as dificuldades que as famílias numerosas tinham de enfrentar, na hora dos banhos, da compra de material escolar, das idas (raras) ao cinema, ao teatro, ao futebol, etc. Ficou-me na memória como pessoa determinada, corajosa, com sentido apurado das realidades da vida e do ser cristão no dia a dia. Paz à sua alma.
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