terça-feira, 17 de setembro de 2013

Senhora dos Navegantes






"Mais um ano, em Setembro, lá vamos à romaria lagunar! Tanto quanto me recordo, da minha meninice, a Festa da Senhora dos Navegantes tinha a marcá-la, como pormenor típico, uma procissão até ao mar, para além do que era habitual em festas, com uma mistura de religioso e de profano.
Celebrava-se na última segunda-feira de Setembro, depois do domingo da Senhora da Saúde, uma das festas lagunares mais concorridas, a seguir ao S. Paio. Já foi! Nunca troquei uma boa segunda-feira da Senhora da Saúde pela festa dos vizinhos, mas, notava a falta de algumas tendas de bugigangas que já tinham «levantado ferro», para estarem presentes na festa da Barra (assim se dizia).
Depois de algumas alterações e interregnos, a procissão lagunar em honra da Senhora dos Navegantes é uma iguaria a não perder, aproveitando, ao mesmo tempo o grande prazer que é marear na laguna, de moliceiro. A noite foi agitada, com a preocupação da alvorada e com receio do tempo nebuloso anunciado.
E, pelas 8 horas, o dia acordou sonolento e embrumado. Uma cortina cerrada, qual pano de cena, completamente corrido, impedia-nos de ver a paisagem, Vida de marinheiro é assim!"

Texto e fotos de Ana Maria Lopes, no Marintimidades

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Soberba - Caridade


"Não é de admirar se a soberba gera a separação, 
a caridade, a unidade." 

Santo Agostinho (354 - 430)

O Marnoto Gafanhão — 8

Um texto póstumo de Ângelo Ribau

No Outono

Tinha terminado a safra da marinha. Agora havia que terminar as colheitas. O feijão já estava nas caixas, seco e preparado para ser consumido até à próxima colheita, no ano seguinte. Havia agora que colher o resto do milho, que começava a aloirar nas terras. As suas canoilas grossas eram difíceis de cortar com a foicinha. Era necessário aplicar muita força para executar o serviço!
Apanhado, era carregado para a eira, onde era desmantado e as espigas postas a secar. Secas, estas eram debulhadas a malho como antigamente, ou mais recentemente, com debulhadora mecânica, alugada para o efeito.
Feito isto, o grão era posto a secar na eira, onde depois de seco era erguido numa máquina (o erguedor) e voltava novamente para a eira para que ficasse devidamente seco e pudesse ser armazenado sem qualquer humidade. Caso assim não fosse, havia o perigo de o grão com a humidade aquecer e “queimar”.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O sonho comanda a vida

ARRANQUE DO ANO LETIVO

A rainha coroada 


“Nunca diga, a uma criança,
 que os seus sonhos são tolice. 
Poucas coisas no mundo são tão humilhantes…”

Willian Shakespeare


Neste dia de início de aulas, com tantos olhinhos a perscrutarem o íntimo da teacher, ocorre-me à memória, uma pequena história que sintetiza o papel daqueles que hoje se preparam para iniciar a maratona do ano.
“Conta-se que duas crianças, de tenra idade, patinavam, num lago, que havia congelado.
Era uma tarde nublada, fria, e as crianças brincavam sem preocupação.
De repente, o gelo quebrou-se e uma das crianças caiu na água.

Duas guerras

Crónica de Bento Domingues no PÚBLICO de ontem




domingo, 15 de setembro de 2013

Dunas

Dunas


As dunas nem sempre são devidamente apreciadas. Caminhamos, caminhamos pelos passadiços, pelos paredões e nem sequer olhamos para o lado. Aqui fica a sugestão...

Duas guerras

Crónica de Frei Bento Domingues no PÚBLICO de hoje


1. A significação das palavras depende, em muito, do seu uso. Por método deveria fazer aqui uma sinopse das significações da palavra religião e religiões, mas é algo pouco apropriado para uma crónica. Espero que se entenda que os maiores inimigos da verdadeira religião - isto é, da intensa relação com a transcendência de Deus e dos outros - são sempre os considerados "mais religiosos", os mais fanáticos, os que chamam Deus em seu auxílio para fazer o mal, sacralizando os interesses mais perversos. O Antigo Testamento está cheio dessas narrativas arrepiantes. Não vale a pena tentar justificá-las pelo seu contexto histórico e cultural. Também não há contexto histórico, cultural, religioso, que possa legitimar as guerras religiosas da cristandade. O muro levantado entre judeus e palestinos não me parece o melhor templo para as orações de um e de outro lado. Em certas expressões islâmicas do nosso tempo, a tradição da "guerra religiosa" atingiu o delírio. Depois, para a combater retorna-se ao fundamentalismo político-religioso de alguns mundos ocidentais. Parece-me que o "Deus dos exércitos" já tem tropa a mais. Há textos bíblicos que são profundamente reveladores daquilo que, em nome da religião, se pode fazer de pior: colocar na boca de Deus o ódio que nasce da nossa desumanidade. A própria cruz de Cristo nem sempre foi a vacina contra a loucura.

Frei Bento Domingues


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