Sinto-me órfã
Maria Donzília Almeida
Após 58 anos de convívio com os progenitores e 63 só com o pai, sinto-me órfã!
Foi um privilégio privar com o Zé da Rosa, durante um período de tempo dilatado, muito fecundo, com períodos de afastamento mais ou menos longos.
A presença dele, não física, mas espiritual, estava sempre ali, bem marcada e influente.
Quando a vida me fez assentar arraiais na terra natal e o nosso convívio se estreitou, fui uma pessoa de sorte, que partilhou de agradáveis momentos de muita ternura, muita afetividade, muita pacificação.
Sem nunca se intrometer nos assuntos privados da família, ia opinando, aconselhando, conciliando.
Quis o destino que a fase final da sua vida fosse curta, sem passar por uma longa decadência, como acontece a tantas criaturas de Deus.
Foi acompanhado de perto, pela família que lhe proporcionou o carinho e conforto, imprescindíveis à dignidade humana e a uma pessoa que tanto deu ao seu próximo!
Partiu, sem um queixume, sem uma palavra de desalento, com a mesma serenidade com que viveu e conviveu com todos.