Há muitos natais sem Natal
Ao abrir o baú das memórias, ela reparou que na sua vida, tinham acontecido muitos natais sem Natal. Muitos adventos sem espera(nça). Na sua vida, o Natal chegava sem alegria, sem disponibilidade, sem calor, sem sentido.
Quem sente frio, procura calor que aqueça, quem sente solidão procura companhia que console, quem sente fome procura saciar-se, quem tem sede procura refrescar-se. E, um dia, o natal chega com Natal. Um Menino muito especial, vem trazer-lhe o calor que aquece, o aconchego que consola, a água que refresca e de alguma forma sacia-lhe a fome. Aquele Menino volta a dar sentido e significado ao seu natal. O menino deixou de nascer numa gruta fria e gelada e passou a nascer num cantinho do seu coração aquecido e aconchegado de bafos de carinho e de ternura. O Menino, tal como no tempo da sua infância, voltou a trazer-lhe prendas e trouxe-lhe a mais preciosa de todas: a possibilidade de abrir as janelas e agarrar novas formas de viver.
Em todos os Natais, o Advento traz a esperança espelhada naquele Menino Deus que se fez Homem para mostrar aos homens qual o caminho. E o caminho passa pela mudança interior, pelo encontro com o outro, pela proximidade com Deus e com tudo o que somos e fazemos na nossa vida de todos os dias.
Que o Natal do Menino Jesus aqueça o coração de todos nós. Para isso, temos que o deixar descer até ao último degrau da escada, degrau que dá acesso à porta da intimidade de cada um para que possa entrar, habitar e assim crescer dentro de nós.
M. Lurdes Menezes