quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Porque é que jovens sãos e escorreitos querem ser padres?


Realidade velha, problema novo?

António Marcelino

Na Semana dos Seminários interroguei-me. Porque é que jovens sãos e escorreitos, alguns já com cursos superiores, querem ser padres? A sociedade não ajuda, a comunicação social desajuda, muitas famílias militam contra ou sentam-se na indiferença, do ambiente permissivo só se podem esperar aves de capoeira a rasar o chão, muitas comunidades cristãs querem padre, mas nada fazem para que o possam ter. Não são muitos os jovens que lutam convictos e preocupados por um futuro mais liberto e que, sem desanimar, falam do que têm e do que vivem, sem nostalgias nem sonhos, sempre com realismo e esperança. Os tempos não são propícios a decisões que impliquem a vida toda, andada por caminhos com mais pedras do que bom asfalto. Se há jovens que, nestes tempos, querem ser padres e rumam ao arrepio do que se diz por aí fora, é sinal de que o húmus que fertiliza vidas não secou. Uma fé adulta e consequente, o sentido dos outros com significado de dádiva, a liberdade interior solta de amarras, o coração sensível que aprendeu a dar e a receber são campos onde se ouve o Senhor que chama e convida a seguir.
Ser padre por outros motivos, razões e sonhos seria caminhar para a desilusão. Porém, a doação aos outros, por amor, é caminho de felicidade e de paz. Cristo calcorreou esse caminho e deixou-o aberto para a Igreja e para os que nela mantêm, por força da fé, a alegria de ser discípulos.

Sem comentários:

Enviar um comentário