Reflexão de Georgino Rocha
A experiência que os discípulos vivem no primeiro dia da semana ao cair da tarde transforma radicalmente a sua vida. É única e converte-se em fator decisivo para todos os que estão chamados à fé cristã radicada na Páscoa de Jesus. É envolvente da pessoa toda, dos seus sentimentos mais básicos, das suas convicções mais elevadas. É o embrião da comunidade eclesial que, ao longo dos tempos, se vai organizar e configurar de modos vários.
O medo surge como o pólo aglutinador destes sentimentos. O grupo procura segurança por “medo dos judeus”. Fecha-se em casa e tranca as portas. A conversa certamente versaria os últimos acontecimentos referentes a Jesus Nazareno que haviam seguido como Rabi. E como tudo tinha findado na condenação à morte. Eliminado este, que lhes restaria? Talvez o pior. As buscas acabariam por descobrir onde se encontravam. Havia que acautelar-se. Procuram refúgio e proteção. Vivem da saudade que intensifica o medo. Deixam morrer as réstias de esperança que a memória de alguns ditos do Mestre teimavam, em vão, manter vivas. Também os ecos da visita das mulheres ao sepulcro vazio lhes suscitam estímulos de expectativa. Mas nada superava a ameaça pendente nem a angústia do isolamento.



