Deus vem a público
- Entrevistas sobre a transcendência -
«Há palavras que nos mudam vidas, há olhares que nos tocam para sempre. Recordo quando Abbé Pierre me contava o momento em que pedira a um suicida que o ajudasse, antes de pôr termo à vida, a arranjar abrigo para uma mulher desesperada. Por causa disso, o homem decidiu continuar a viver e fundou, com ele, os Companheiros de Emaús. Lembro ainda a expressão do irmão Roger, de Taizé: num tempo em que a Europa se dividia ainda em católicos e protestantes, a avó ensinara-lhe a reconciliar corações fraturados — e, contando isso, demorava a frase, que concluía com o brilho do seu olhar.
Há outras palavras e olhares de alegria, alguns de angústia ou tristeza. O teólogo Hans Küng sentiu a sua suspensão pelo Vaticano como o acontecimento «mais cruel» da sua vida, que o deixou exausto. Leonardo Boff viu-se humilhado quando lhe foi ordenado silêncio público pela segunda vez. Esses sentimentos podem dar lugar à revolta, como no caso de Eugen Drewermann, ou à descoberta de outras missões, como aconteceu com o bispo francês Jacques Gaillot.»
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