Ouvi, nos noticiários da manhã, que começam hoje as celebrações oficiais promovidas para recordar a instauração da República, em 5 de Outubro de 1910. Há precisamente 100 anos.
Sou dos que defendem a comemoração de datas que fazem parte da nossa história, não só para reavivarmos memórias testemunhadas ou estudadas, mas também para colhermos ensinamentos quanto ao futuro.
Ainda defendo que a verdade histórica deve ser contada sem complexos, não vá dar-se o caso de sublinharmos alguns aspectos, esquecendo outros, conforme as conveniências ideológicas ou as motivações políticas de quem os relata.
Portanto, não podemos falar da República contando e cantando tão-só virtudes, que as houve, mas também temos a obrigação de revelar o que de menos bom existiu. Não para denegrir quem quer que seja, mas simplesmente pelo amor à verdade histórica.
Ontem na livraria que visitei pude apreciar o muitíssimo que tem sido publicado sobre o período vivido pelos nossos antepassados nos finais do século XIX e primeiras décadas do século XX, isto é, da monarquia da Regeneração e do Rotativismo até à terceira República.
Por aquilo que tenho lido, há honestidade intelectual e cultural da parte dos nossos historiadores, obviamente cada um deixando transparecer as suas posições, argumentando o melhor que podem e sabem. Lendo-os, só teremos a ganhar.
As celebrações da República podem ser, então, um forte motivo para nos valorizarmos, ficando a conhecer um pouco melhor as raízes e os fundamentos das nossas vivências como nação livre e independente, com direito a permanecer na história universal.
Fernando Martins