terça-feira, 21 de setembro de 2010

Figueira da Foz: Fotos de Casimiro Madail no CAE

Roda do Leme

Até 3 de Outubro vai estar patente ao público, no CAE (Centro de Artes e Espectáculos), Figueira da Foz, uma exposição de fotografias, a preto e branco, de Casimiro Madail.
Quando entrei na sala de exposições de fotografias, fiquei agradavelmente surpreendido com a arte deste nosso concidadão, natural do concelho de Aveiro, mas radicado no nosso. Artista amador, não pode ser ignorado, pela riqueza das expressões com que nos brinda.
No cartaz de divulgação e apresentação da exposição, o historiador Álvaro Garrido, responsável pelo Museu Marítimo de Ílhavo, diz: «Quando do mar se avista a terra, prenunciam-se eternos retornos. Mais do que partidas e viagens, é de regressos que as narrativas marítimas se alimentam. De regressos consumados e imaginários, de viagens concretas e fabulosas.»
Pelos meus olhos e pela minha alma passaram imagens e mais imagens que me são familiares, tal a beleza de que se revestem. Roda do Leme e seu enquadramento, “Sagres” e “Creoula” com toda a sua história, Jardim Oudinot e Forte da Barra, Praia da Barra e Costa Nova, regata de moliceiros e rostos de gente da beira-ria e do mar, proa enfeitada e arte da xávega, a “Bruxa” de tantas conversas e vivências…
Valeu a pena passar hoje pelo CAE, visita frequente nas minhas andanças pela Figueira da Foz.

BENTO XVI no Reino Unido



Bento XVI
- uma viagem quase impossível

António Rego

Cinco meses depois de vir a Portugal, Bento XVI empreende uma viagem completamente diferente ao Reino Unido. Foi Chefe de Estado, Sucessor de Pedro, Pastor, ecuménico, penitente, corajoso, cordial, amigo. Tal como aconteceu em Portugal a Comunicação Social não foi benigna antes do acontecimento. Profetizou um fracasso, um pretexto para protestos e até uma oportunidade para o Papa receber ordem de prisão. O balanço final nada teve a ver com os agoiros.
A Inglaterra é indiscutivelmente uma referência no nosso tempo, de história, cultura, liberdade e comunicação. Mas raramente se diz que no Império de Sua Majestade ser católico é ter um estatuto menor, como que infiel a um país que há quinhentos anos escolheu o seu "Papa" e lhe presta fidelidade, onde o político e o religioso se misturam com ar benigno e natural. Noutro país seria considerado subdesenvolvimento ou terceiro-mundismo.

Barcos mutilados


Na Festa da Ria de domingo vi estas embarcações tradicionais da nossa laguna com o pescoço cortado. Ficaram sem vida. Tive pena de ver isto. Disseram-me que esta degola foi executada para permitir a passagem, em maré cheia, por debaixo das pontes. Penso que poderiam estudar o assunto, recolocando o que foi cortado, com a aplicação de uma qualquer sistema que permita mostrar as embarcações na sua plenitude. Vejam isso, amigos, porque assim enganam os turistas e ofendem os que gostam de manter as nossas belezas intactas.

Os trajes tradicionais dos árabes

Os povos do mundo inteiro criaram as suas formas de vestir e de viver. É um direito que lhes assiste e que temos de respeitar, na sociedade pluralista em que vivemos. Não me choca, por isso, ver chegar a uma escola, aqui na Figueira da Foz, uma muçulmana com os seus dois filhos pela mão. Ela toda de preto, apenas se via o rosto em parte. As crianças apresentavam-se como as portuguesas, com roupas normalíssimas para os nossos costumes. Gostei de ver. Incomoda-me é que um qualquer Estado da Europa possa pôr, e ponha,  restrições ao uso dos trajes tradicionais de qualquer pessoa, seja ele de onde for.
Já imaginaram o que seria se nos obrigassem a andar com os trajes dos outros, quando viajamos?

Uma brochura de João Gonçalves Gaspar


“Fernando Oliveira – Um Humanista Genial”

“Fernando Oliveira – Um Humanista Genial” é uma brochura de 82 páginas da autoria de João Gonçalves Gaspar, publicada como separata da Universidade de Aveiro, coordenada por Carlos Morais. Inserido no enquadramento do V Centenário do nascimento do autor da primeira gramática da linguagem portuguesa, este trabalho de João Gaspar oferece aos estudiosos e demais interessados por personagens históricas uma súmula muito bem documentada sobre um dos nossos maiores, com raízes aveirenses.
Como é timbre do autor, João Gaspar não escreveu de cor, mas buscou fontes credíveis, onde se baseou para nos caracterizar, passo a passo, com transcrições sempre oportunas, este padre e humanista, que se destacou «como pioneiro na sistematização dos princípios gramáticos da nossa linguagem, na descrição da táctica militar marítima, na divulgação da arquitectura náutica e na história portuguesa». E diz mais: «Se a sua vida de sacerdote dominicano, de escritor, de filólogo, de cartógrafo, de historiador, de diplomata, de marinheiro, de soldado, de aventureiro e de perseguido é tão cheia de episódios díspares e de aventuras diversificadas, os seus conhecimentos surgem-nos multiformes e manifestam uma invulgar sabedoria, com base tanto em conhecimentos humanistas e cristãos, como na experiência vivencial, colhida de muitas maneiras.»

domingo, 19 de setembro de 2010

Senhora dos Navegantes: A Grande festa da Ria

Na hora na partida



Milhares de pessoas viveram
a festa da Senhora dos Navegantes



A Ria em festa foi um espectáculo. Foi e é sempre, como válvula de escape para as agruras da vida de cada um. Milhares de pessoas encheram as margens da laguna aveirense durante a procissão da Senhora dos Navegantes que hoje se realizou entre o porto de Pesca Longínqua, na Cale da Vila, e o porto Comercial, no Forte da Barra. Mas do outro lado, em S. Jacinto, o entusiasmo não foi menor, também com milhares de pessoas com fanfarra e música, o que levou, segundo a tradição, o barco “Jesus nas Oliveiras”, de mestre Adelino Palão, que transportava o andor de Nossa Senhora dos Navegantes, a fazer uma aproximação oportuna, com o cortejo de todas as embarcações acompanhantes, para que a Mãe de Deus abençoasse aquela gente toda. E dela e de quantos estavam nos barcos não faltaram os aplausos.


A procissão em andamento moderado



A Ria, com todos os seus encantos, de águas límpidas e serenas e paisagens únicas, merece que esta alegria perdure no tempo. Gente houve que fez o seu baptismo de laguna, em ambiente de alegria. Olhos fixos em horizontes diferentes, ilhas desertas e sem vida humana de um lado, e vida industrial e urbana do outro, com secas, casario, Porto de Aveiro, Forte da Barra e Farol a ver tudo, lá ao longe, assim viveram os que em boa hora aproveitaram a oportunidade de conhecer melhor esta riqueza ímpar que possuímos.


Barcos cheios com gente feliz

Manuel Serra e Margarida Alves, presidente da Junta e presidente da Assembleia de Freguesia, respectivamente,  manifestaram o seu regozijo pela festa que estavam a reviver e a experimentar , enquanto chamaram a atenção para a riqueza inexplorada que é a Ria de Aveiro.
O presidente da Junta ainda lembrou que toda esta festa se deve ao Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré e ao seu fundador, Alfredo Ferreira da Silva, repetindo o que tantas vezes tem dito que urge «valorizar as potencialidades da nossa Ria», aproveitando turisticamente as «ilhas que têm estado ao abandono». Também referiu que o povo participou activamente nesta procissão «com intensidade, sem que fosse intimado a vir».


S. Jacinto presente

Paulo Costa, vereador da CMI, frisou «a espontaneidade do povo de S. Jacinto ao associar-se a esta festa», sublinhando que «só a religião consegue esta unidade». Conhecedor da Ria que usufruiu desde menino, Paulo Costa adiantou que, de facto, esta movimentação e esta partilha são extraordinárias.


O Farol viu tudo

No Forte da Barra, na missa campal que se celebrou frente à Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, o Padre Francisco Melo, prior da Gafanha da Nazaré, assentando a sua homilia nos textos deste domingo, afirmou que «vivemos num mundo em que os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres, indefesos e incapazes de saírem da sua miséria». Denunciou que os sistemas financeiros e económicos deixaram de ter rosto e nome neste mundo globalizado, permitindo que «em qualquer gabinete do outro lado do mundo se possa decidir o destino de milhões de pessoas», cuja dor e miséria nunca irão conhecer.

Povo em todo o lado

O Prior da Gafanha da Nazaré fez a apologia «da revolta da solidariedade e da fraternidade», alicerçada «no trabalho e na responsabilidade pessoal e colectiva», não na praça pública, mas no «coração e na vida de cada um de nós».


Nossa Senhora dos Navegantes chega à sua residência

A mole de gente, bem visível em terra, em todos os recantos possíveis voltados para a laguna, e nos barcos que se incorporaram na procissão, mostrava frequentemente a sua satisfação. E tenho cá para mim que no próximo ano todos e outros voltarão à procura de um lugar para esquecer mágoas ou para partilhar emoções temperadas pelos odores salinos da Ria de Aveiro. Tudo sob a bênção de Nossa Senhora dos Navegantes.

Depois da missa, houve música pela Filarmónica Gafanhense, seguindo-se o Festival de Folclore, como havia sido anunciado. O arraial estava em marcha, com bolos festeiros a despertarem-nos o apetite. Um folar e uma regueifa mostraram-me em casa que estavam saborosos. No Jardim Oudinot os farnéis abriram apetites, até mais não. Para o ano há mais...

Fernando Martins

Jardim Oudinot: Falta de civismo



Ontem fui visitar o Jardim Oudinot. Caminhei um pouco, à semelhança de outros que por lá andavam, e tomei um café no bar. Fui olhando o jornal para mais tarde ler os temas seleccionados. Uma funcionária da limpeza, de saco plástico na mão, ia apanhando lixo que outros deitaram no chão. Copos de iogurte, latas de cerveja, restos de gelados, maços de tabaco, lenços de papel...
O que vi deixou-me perplexo. Em pleno século XXI, ainda há gente capaz de menosprezar as mais elementares regras da boa educação, desrespeitando também as leis do civismo.  É incrível, mas é verdade.  

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