Leopoldo Oliveira garante:
O diabético pode levar uma vida normal
se seguir os conselhos médicos
Leopoldo Oliveira, natural de Monção, onde nasceu em 21 de Agosto de 1926, radicado na Gafanha da Nazaré desde tenra idade, aqui fez os exames da 3.ª e da 4.ª classe. Depois frequentou, em Aveiro, a escola industrial e comercial Fernando Caldeira, tendo concluído o 3.º ano.
Seu pai veio para a nossa terra, com a família, para trabalhar na EPA (Empresa de Pesca de Aveiro), com sede, na altura, no lugar que veio a ser ocupado posteriormente pela seca do Milena. Naquela empresa ganhava o suficiente para uma vida digna, mas o Leopoldo entendeu que devia empregar-se para ajudar a família, o que veio a acontecer nas empresas Piçarra, Bóia e Paula Dias, de Aveiro, seguindo o ofício da mecânica. A seguir tirou a Carta de Artífice, que lhe permitiu embarcar num navio da pesca do bacalhau como ajudante de motorista. Tinha 18 anos incompletos.
A vida de marítimo ter-lhe-á provocado uma hérnia inguinal, que o levou a ser operado com anestesia local. Aí percebeu, para espanto dos médicos, que a anestesia não fez efeito, o que lhe provocou dores enormes.
Considerava-se uma pessoa saudável e na viagem que se seguiu começou a sentir-se estranho: muita fome, sede e perda de peso. Em dois ou três meses passa de 70 para 47,5 quilos. Foi transferido para o navio “Corte Real”, onde havia um enfermeiro, que lhe ministrou vitaminas e o aconselhou a comer muito e de tudo para vencer a fraqueza e retomar o peso. Ainda esteve internado em Saint Johns, mas nada de especial lhe notaram.
No regresso à Gafanha da Nazaré, no final da viagem, consulta os dois médicos que trabalhavam na nossa terra: Joaquim Vilão e Maximiano Ribau, que lhe diagnosticaram a diabetes, de que pouco se falava. Tinha 21 anos.
Nessa altura – confidenciou-nos – pensava-se que esta doença rara se manifestava apenas em pessoas com mais de 40 anos, porque se desconhecia a diabetes juvenil.