quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Postal Ilustrado: Pedra com vida


Na Praia da Barra, mesmo em frente ao Farol e junto à Meia-Laranja, há pedras com vida, batidas constantemente pelas ondas. Com vida, digo eu, porque suportam e alimentam a vida de arbustos, como a foto bem mostra. Passei  e não resisti. Aqui ficam as pedras, em jeito de quem convida a uma visita. Vá lá e olhe o nosso mar. Ontem estava sereno e límpido. Hoje deve estar igual... Não é que o Verão voltou?

D. Manuel Clemente em entrevista ao ÍPSILON



“Há uma desmesura
que nos explica
como portugueses”


Clericalismo e Anticlericalismo

"Clericalismo e anticlericalismo são fenómenos coexistentes e próprios de uma sociedade confessional. A cristandade presumia que toda a sociedade era católica. A partir dos séculos XVII e XVIII, começa a dar lugar a esta sociedade, em que cada um foi requisitando para si a capacidade de decidir. O que embatia com a sociedade clericalmente tutelada. Esse anticlericalismo vai paredes-meias com a afirmação da autonomia. Outra vertente faz parte da exigência dos crentes de que aqueles que têm mais responsabilidades na Igreja também procedam de maneira mais conforme com essas responsabilidades. Já no século XVI isto se encontra numa figura tão crente como Gil Vicente, na crítica ao clero, que tem a ver com o contraste entre o que a pessoa se propõe e o que pratica. Há ainda quem tenha uma visão secularista da sociedade, que não quer qualquer espécie de clericalismo."

António Marujo

Leia toda a entrevista aqui

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

PERCEBEU?


O país precisa
de ter caminho.
Porque está à beira
do abismo


"A verdade é que Cavaco Silva ocupou uma fatia do seu discurso dizendo que nunca se referiu a quaisquer escutas e uma segunda fatia do seu tempo lançando um violento aviso aos seus assessores (só o Presidente fala pelo Presidente). Depois tira uma terrível conclusão, que lança uma nuvem de suspeitas - seja ao acusar (quem?) de fazer uma campanha eleitoral desviada do essencial, seja de manipular a opinião pública durante a mesma campanha. E por fim acusa incertos de tentarem colá-lo ao PSD. Por fim, exige esclarecimentos. A quem? Uma conclusão para bom entendedor: Cavaco não pode ver Sócrates nem pintado."


Martim Avillez Figueiredo, director do i
Ler o Editorial do i aqui

Resultado eleitoral e perspectivas de futuro

A minha opinião,
agora e aqui expendida,
é pessoal, livre,
sobre o acontecimento,
e que só a mim compromete


"Se o novo governo olhar com olhos objectivos e críticos a realidade do país, aceitar o contributo de uma oposição lúcida e esclarecida, não adaptar as exigências da democracia aos seus interesses, dispensar gente que já mostrou que mais divide que concilia e constrói, contar com as capacidades da sociedade civil, fizer uma política humanista com critérios claros e valores duradoiros, respeitar o povo com as suas convicções profundas e os seus valores religiosos, morais e éticos, tomar consciência de que o orgulho confunde e empobrece e só a humildade dá lucidez e coerência, respeitar e defender a família, única instituição natural indispensável, corrigindo os erros graves já cometidos que a destroem e minimizam, for vanguardista no respeito pela verdade e pela isenção, der aos pobres condições de vida digna e não apenas subsídios de dependência, proporcionar aos jovens perspectivas sérias de futuro, respeitar quem traba-lha e lutar, sem tréguas, pelo direito ao trabalho e à paz social… então, o povo que votou maioritariamente PS não se sentirá iludido nem enganado e o partido vencedor não tirará da vitória senão a responsabilidade diária de melhor servir a todos e a ninguém esquecer."

António Marcelino
Ler todo o texto no Correio do Vouga, em Opinião, aqui

Postal Ilustrado: Farol e Pilotos da Barra



O Farol da Barra, posso garanti-lo, não está a cair. O que se vê não passa de um efeito fotográfico. Ao lado, no edifício dos Pilotos, as gaivotas resolveram descansar das suas fadigas, por vezes agitadas. E ali estavam elas, quais pilotos, a observar os barcos que hoje de manhã entravam e saíam num movimento já conhecido.

O FIO DO TEMPO: A urgente saída do beco



A política portuguesa
 navega por águas
pouco cristalinas



1. Já muita gente, de muitos quadrantes de pensamento, foi dizendo que a política portuguesa navega por águas pouco cristalinas. Compreender-se-ão sempre as tensões na luta pelos ideais por correntes de pensamento diversas; reconfirma-se a anemia social do factor participação que se espelha no aumento da abstenção eleitoral nacional. Eleições atrás de outras – na verdade prudente de que são actos distintos – confirma representar uma sobrecarga de mensagens, apelos, gritos, num panfletário e menos ideário em que se foi tornando a torrente dos apelos políticos. Cada campanha que se abre (e que continua), nem que os próprios não queiram, tornou-se uma rotina imagem que vence o conteúdo, de quantidade que triunfa sobre a qualidade.

2. Permanece por compreender o fenómeno perturbador em que quanto mais se grita menos se participa. Talvez na era de todas as comunicações será quando mais complexo se torna fazer passar a mensagem. A débil sociedade civil portuguesa ainda vai mais pelo «saiu na televisão» que pelas ideias concretas. A abertura continuamente dinâmica ao futuro, neste contexto, torna-se muito mais longínqua quando não asfixiada. Não se pode deixar que os sentimentos do sombrio, a «vulnerabilidade», a «escuta», a corrupção, a dúvida sistemática, o crime, o «alegadamente», a contínua suspeita… tomem conta das gentes do país. Um adolescente ou jovem que veja (com olhos de ver) as notícias fica com medo de aqui apostar a sua vida…

3. Talvez existam, de modo isento, razões para se dizer que têm sido semanas “loucas” a caminhada para o «beco» em que se foi tornando o cenário político português. A ideia credibilidade, diluindo-se na «vulnerabilidade» partilhada pelo presidente da república no discurso ao país (29-09-09), deixa tudo na mesma e tudo diferente. Se o presente já era difícil, o futuro apresenta-se mais incerto. À fundamentação para acordos capazes da saída do beco terá de presidir: uma maturidade cívica e democrática renovadas…?

Alexandre Cruz

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Os políticos que temos

Face ao que está a passar-se na política portuguesa, apetecia-me virar a cara para o lado e desligar-me de vez disto tudo. Ninguém se entende. Melhor: muitos lutam para não entendermos nada, tal a confusão a que se chegou. Porém, não posso olhar para o lado.


Se assumo, desde há muito, comportar-me pela positiva, tenho de acreditar que, mais dia menos dia, todo este ambiente tem de mudar, de forma que seja possível ver nos nossos políticos (falo no abstracto) gente de bem, de carácter, com comportamentos irrepreensíveis, porque assentes na ética.

Estamos, realmente, a dar uma triste figura ao mundo civilizado e, internamente, aos jovens, que começam agora a despontar para a política, uma ciência nobre, que tem por missão servir a cidade, os cidadãos e o país. Mas será isto possível com os políticos que temos? Ainda acredito que sim.

FM