segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Festa da Nossa Senhora da Encarnação

Homens levam andor
Mulheres levam andor
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"A nossa festa"! Melhor que a sua?

Como já vem sendo tradição de longa data, estão a decorrer desde 11 de Setembro até hoje, os festejos em honra da Nossa Senhora da Encarnação.
Sendo a Nossa Senhora o mote, o pretexto para a comemoração, reveste-se de um misto de sagrado e profano. As gentes novas dão-lhe um significado muito próprio pois permite a exibição das toilettes, intencionalmente seleccionadas para o evento.
A religiosidade ainda sobrevive no culto religioso que se materializa na conhecida, apreciada e sempre renovada procissão ao longo dum itinerário preciso. É uma manifestação secular, a que já assisto desde o século passado. Sempre melhorada na organização e nos ademanes, congrega esforços e devoções que teimam em contrariar o materialismo reinante.
É admirável a actividade empenhada dos moradores, por cujas casas a procissão passa, que se esmeram na decoração e embelezamento da rua. Dá gosto observar o afã com que homens e mulheres, com especial destaque para as últimas, se empenham a espalhar verdes e flores sobre o piso, oferecendo aos forasteiros um espectáculo de beleza primaveril. E o cheirinho que as ervas aromáticas dão ao serem pisados pelos pés dos participantes? Fui informada por alguém que também colaborava nesta tarefa, que vinham visitantes de longe para desfrutar deste apelativo espectáculo. O manjericão, a alfazema, o limonete, vulgo lúcia-lima, são algumas das espécies botânicas que oferecem o seu perfume a esta manifestação de fé.
A procissão na sua vertente religiosa é um repositório da religiosidade e cultura dos gafanhenses, que teimam em a perpetuar, apesar das dificuldades que os tempos modernos acarretam. Continua, desde que a memória me assiste, a integrar o grupo dos mordomos que a organizam, devidamente uniformizados, a plêiade de anjinhos que personificam a hagiografia portuguesa nas roupagens que o imaginário popular lhes empresta, as criancinhas vestidas de brancura imaculada da 1.ª comunhão, as bandas de música que marcam o compasso rítmico e lhe dão a solenidade própria, etc, etc.
É um regalo para a vista e é tradição após o convívio familiar ter degustado a tradicional chanfana, prato forte da festa, ir-se ver a procissão. As ruas, pejadas de gente que se arruma nos passeios e bermas, fazem magotes onde disputam um bom lugar de observação. E... há quem tire fotografias, quem filme, quem grave o evento para mais tarde recordar.
À memória, vem a recordação da efeméride que se repete desde os meus tempos de menina e moça. Os habitantes desta Gafanha referiam, com orgulho bairrista e muita convicção, a chegada da “nossa festa”!. Coincidia, na época em que a Gafanha era um meio rural, com a colheita do milho, que enchia o celeiro dos agricultores. Tenho ainda, bem gravada, a imagem, das eiradas do milho já debulhado, a secar na eira e a preocupação em cobri-lo antes que viesse o orvalho da noite.
Havia autorização para ir à festa, à noite, mas antes, tínhamos de cobrir o milho.com taipais ou outras formas de protecção.
Num Setembro que já prenuncia o Outono, havia esta empreitada das colheitas que era a mesa farta do pequeno lavrador. A pequenada delirava com a “nossa festa” pois era uma pausa agradável na dura labuta agrícola e a promessa de uns momentos bem passados de forma diferente. As atracções lúdicas, o carrossel e os carrinhos de choque entretinham a malta jovem e davam asas à sua energia incontida.
Havia a esperança de encontrar um namorico, nos forasteiros que assomavam à freguesia... ou quiçá nos músicos que compunham a banda! E... alguns casamentos se consumaram, com a bênção da Mãe de Deus!
Longevidade se deseja a estes pombinhos!
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M.ª Donzília Almeida

Um livro do Padre Manuel Joaquim Estêvão da Rocha

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“PELOS CANAIS: Palavras e Gestos que Edificam”
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Com edição da paróquia da Vera Cruz, veio a lume um livro do seu pároco, Padre Manuel Joaquim Estêvão da Rocha. Trata-se de um trabalho que insere textos escritos semanalmente, na folha dominical “O Canal”, que mais não são do que propostas de reflexão para a vivência do evangelho no dia-a-dia de quem se assume como católico e, ainda, para todos os que procuram horizontes de verdade, de justiça e de paz.
Li e reli várias mensagens, curtas, incisivas e interpelantes, todas intemporais e motivadoras de opções sociais, espirituais e comportamentais, no sentido de uma sociedade mais fraterna e cristã, sendo certo que, no fundo, vão para além de “convites insistentes a vivermos esta vida com o realismo e a força que ela tem e como meio de chegarmos à VIDA!”.
Cada semana de cada tempo litúrgico e cada situação com que as pessoas e comunidades do nosso tempo se confrontam, onde sobressaem tantas nuvens negras, o Padre Rocha avança com histórias, ideias e projectos de horizontes largos e elevados, em que a matriz é, fundamentalmente, a Boa Nova de Jesus Cristo e o seu plano de salvação do homem todo e de todos os homens.
No Prefácio, o nosso Bispo, D. António Francisco dos -Santos, sublinha que “A mensagem do pároco, em sintonia com a palavra de Deus, (…) constitui uma bela forma de criar laços de comunhão entre todos os membros da comunidade”. E acrescenta: “A clareza do pensamento, a densidade do conteúdo, a beleza da forma, a intuição pastoral manifestada, a leitura cristã dos acontecimentos e o olhar de esperança para o futuro dizem-nos da oportunidade destas reflexões e do seu sentido prático e actual.”
D. António refere ainda que o autor depõe nas nossas mãos, “com alegria e emoção, este livro onde todos nós sacerdotes nos identificamos, através da palavra aqui impressa e da mensagem nela expressa”.
Também o presidente da Câmara de Aveiro, Élio Maia, lembra que “as palavras do Padre Rocha fazem e ajudam a fazer obra”, salientando que este livro nasceu para ajudar “a construção da Nova Creche da Vera-Cruz".
Por sua vez, na Introdução, o Padre Rui Barnabé, vigário paroquial da comunidade da Vera Cruz, frisa que os cristãos “devem encontrar formas de tornar Cristo acessível, primeiro, e significativo, depois, junto da sociedade que os envolve”, adiantando que “O Canal”, de que agora se publicam os primeiros números, “é, sem dúvida, a expressão disto mesmo”.
Tendo em conta que a edição deste livro reflecte, em suma e essencialmente, dois propósitos, como são as reflexões para o dia-a-dia do cristão, e não só, e a construção de uma nova Creche já aberta à Vera e ao Cruz, tudo para um mundo muito melhor, estou em crer que “PELOS CANAIS: Palavras e Gestos que Edificam” vai ser um sucesso.
Design da Capa: Ana Filipa Gomes; Foto da Capa: Nuno Marques; Colaboradores na revisão, formatação e paginação: André Nobre, António Carvalho, Artur Lobo, Cravo Machado, Florinda Costa, José Carlos Costa, José Rodrigues, José Pedro Santos, Paula Hipólito, Rosa Roquete e Sónia Neves.
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Fernando Martins

Frei Bento Domingues, no PÚBLICO de ontem

Conversas
interrompidas
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Na sua crónica deste domingo no Público, frei Bento Domingues evoca Raul Solnado, M.S. Lourenço e Ted Kennedy. Três memórias fundamentais a reter num texto sentido.
Ler aqui

domingo, 13 de setembro de 2009

Arte pública na Escola Secundária da Gafanha da Nazaré

Escola Secundária da Gafanha da Nazaré

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Passei ontem pela Escola Secundária e tive a oportunidade de olhar, com mais atenção, para todo o conjunto. Registei, com agrado, o cuidado que tem havido para embelezar  o conjunto. Da rua, fixei este bloco, onde estão, à vista de quem passa, painéis que mostram, à evidência, que por ali há artistas e quem saiba orientá-los para caminhos das artes.

Oficialmente, a campanha para as legislativas já começou

A Campanha para as Legislativas já começou. Os partidos estão na rua, melhor dizendo, nas ruas todas do país, com milhões de euros para ajudarem a convencer o povo. Nesta altura, não há coragem, estrategicamente falando, para olhar para as crises. É preciso que todos mostrem as suas razões para governar Portugal.
É óbvio que os partidos são fundamentais à democracia. É óbvio que precisamos de ser esclarecidos. É óbvio que os programas partidários não estão ao alcance de todos. É óbvio que a mensagem talvez passe melhor pela palavra que pela escrita.
Nessa conformidade, temos de estar preparados, com muita paciência, para discernir a verdade da demagogia. O realismo da utopia. O possível do impossível. Se não fizermos esta análise, com cuidado e olhos bem abertos, podemos correr o risco de errar no alvo.
Outra exigência se nos põe: não podemos embarcar em abstenções. Um voto a mais ou a menos pode decidir tudo. Então, boa disposição e grande espírito de abertura,  para na hora certa decidirmos quem nos há-de governar.
FM

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 148

BACALHAU EM DATAS - 38

Novos Mares
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NOVOS NAVIOS DE PESCA À LINHA
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Caríssimo/a:
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1938 - «Na campanha de 1938, a maior parte dos navios da frota bacalhoeira portuguesa já estava provida com aparelhos de telegrafia sem fios que era considerada como a providência da navegação, valendo, “por si, meia campanha”, pois permitia a comunicação entre navios e aumentava as condições de segurança das embarcações.» [Oc45, 110]

«[...] Seguiram-se, em 1938, [nos Estaleiros da Gafanha da Nazaré] o lugre de quatro mastros NOVOS MARES, a cargo de Manuel Mónica, para a empresa Testa e Cunha, L.da, de Aveiro, e os lugres-motores OLIVEIRENSE e DELÃES, saídos dos estaleiros de António Mónica.» [Oc45, 117]

«[O CREOULA] sofreu um acidente de consequências muito graves que fez desaparecer, numa onda que varreu o convés, 5 membros da tripulação, o imediato e quatro pescadores.»[C., 42]

«... o imediato de nome Calais e natural de Lisboa, o Joaquim Bolhões, da Nazaré, o Zé Damásio, da Ilha de S. Miguel, o Joaquim Caneco, da Fuzeta, e um outro de Setúbal, que tenho pena de não poder lembrar o seu nome... [José da Silva Cruz, Memórias 1972-1983]» [C., 43]

10 de Maio - «O lugre TROMBETAS, da Lusitânia, Companhia Portuguesa de Pesca, da Figueira, sofreu um acidente que arrastou para o mar - e vitimou - 7 dos seus tripulantes.»


1939 - «O terceiro momento da inovação [da frota bacalhoeira portuguesa] respeita ao advento dos grandes navios-motor de pesca à linha – uma novidade absoluta à escala internacional – e ao abandono da navegação à vela em parte da frota de “navios de linha”. Em Abril de 1939 saíram dos Estaleiros da CUF, na Rocha do Conde de Óbidos, de Lisboa, os primeiros navios-motor em ferro, o SÃO RUY e o SANTA MARIA MADALENA. Foram ambos armados pela Empresa de Pesca de Viana e já fizeram a campanha desse ano.» [Oc45, 100 ] Vd.1936

«Orçados num valor aproximado de 5.000.000$00. Obedecendo ao modelo de proa direita com ligeira inclinação para vante e popa redonda, apresentavam um comprimento de 66 m, um deslocamento de 1692 t e motores diesel suíços, fornecidos pela Sulzer, de 550 CV. Os seus meios de pesca e de habitabilidade eram dos mais sofisticados. Contavam com o seguinte equipamento: frigorífico para transporte de isco congelado, um duplo fundo para albergar água doce, habitabilidade estudada segundo os requisitos mais exigentes, fornos de isolamento, ventilação, sonda eléctrica, posto de telefonia, potência eléctrica suficiente para o trabalho de guincho das amarras, bombas de esgoto e incêndio e aparelhagem electromecânica para o serviço dos dóris.» [Oc45, p. 111]
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Manuel