domingo, 26 de outubro de 2008

O Fio do Tempo

A proximidade com o “Outro”
1. O Ano Europeu para o Diálogo Intercultural (2008) quer ampliar a consciência de que vivemos num tempo de novos desafios. As novas formas de comunicações actuais colocam-nos numa “mesa comum”, gerando as próprias crises grandes oportunidades de reajustamento (con)digno à nova realidade social. A pergunta do livro dos Génesis “onde está o teu irmão?”, actualizada há 2000 anos no episódio do samaritano sobre “quem é o meu próximo?”, tem hoje o mesmo lugar insubstituível da procura de um relacionamento humano saudável, que sabe dar primazia à Pessoa na sua situação. Não se trata de um refrão pré-definido, mas de uma aceitação incondicional do “encontro”, como abertura de espírito à diversidade... 2. No âmbito do programa Distância e Proximidade, decorre nos dias 27 e 28 de Outubro (com transmissão on-line, em directo: http://www.gulbenkian.pt/) a Conferência Gulbenkian sobre a temática: “Podemos viver sem o outro? – As possibilidades e os limites da interculturalidade.” A pergunta fundamental quer nortear a reflexão e encaminhar a acção educativa. Sublinha em entrevista o Comissário da Conferência, Arjn Appadurai, que «hoje, o “outro” chega-nos sob muitas formas», para além das formas consideradas clássicas como as mobilidades humanas. A pergunta radical da Conferência, significando a própria fronteira do debate intercultural, quererá merecer uma resposta estruturadora que se escreva não meramente numa linha de sobrevivência humana mas de apreço condigno na riqueza da diversidade pessoal e cultural. 3. Em última instância, a interculturalidade é profundamente desestabilizadora. Fomos (?), aos diversos níveis de organismos sociais, educativos, políticos e religiosos, habituados a caminhar numa uniformidade de ter tudo “certinho, direitinho”. Diante das impressionantes mobilidades, quer reais como virtuais, teremos de “rever” o nosso esquema à luz do essencial humano. Somos capazes?

16.º Grande Prémio de Atletismo Terra Nova

Campeões no pódium; Presidente da Câmara aplaude
Preparados para a partida É PRECISO INCUTIR NAS CAMADAS JOVENS O GOSTO PELO EXERCÍCIO FÍSICO
Decorreu hoje, na Gafanha da Nazaré, o 16.º Grande Prémio de Atletismo, da responsabilidade da Cooperativa Cultural e Recreativa e da Rádio Terra Nova. A coordenação técnica foi da empresa Sportis – Eventos Desportivos. Foi uma festa ao desporto, concretamente ao Atletismo, pois contou com a participação de muitos atletas de todas as idades. Este ano, porém, o Grande Prémio Terra Nova contou com a novidade de nele participarem alunos do 1.º Ciclo do Ensino Básico do Concelho de Ílhavo, ao jeito do encerramento da Semana da Educação, que se desenrolou entre 20 e 26 do corrente mês. Tenho uma admiração muito especial por este género de provas, sobretudo por envolverem atletas amadores, os tais que competem essencialmente por amor ao desporto. Aliás, na brochura de apresentação do Grande Prémio, sublinha-se “a consciência de que é preciso incutir nas camadas mais jovens o gosto pela prática do exercício físico”, sensibilizando-as “para a adopção de hábitos de vida cada vez mais saudáveis”. Para mim, e para além do convívio que à volta do desporto se desenvolve, aqueles princípios valem perfeitamente o esforço que a organização despendeu. Também é salutar o envolvimento das autarquias. Nessa linha, o presidente da Câmara, Ribau Esteves, considera que esta iniciativa é “promotora de desenvolvimento desportivo e social do nosso Município, marcando a agenda do panorama desportivo da região". Por sua vez, Manuel Serra, presidente da Junta, congratula-se com a realização deste evento, pelo que ele pode proporcionar, “em termos de convívio, cultura, desporto e demais regras da convivência humana”. Assisti a algumas provas e vi o esforço, carregado de entusiasmo, de muitos atletas. Em competição consigo próprios, tentando o máximo para se superarem, em luta leal e aberta com os outros atletas. Eram na sua grande maioria jovens. Outras, menos jovens, mostraram à saciedade que o desporto pode ser praticado por todos, das mais diversas idades, respeitando as regras da segurança e tendo em conta a saúde de cada um. Apetecia-me registar os nomes dos atletas e dos dirigentes, técnicos, cronometristas e assistentes de pista e de metas. Mas como é impossível, permitam-me que frise aqui a chegada à meta de uma atleta que retrata fielmente o esforço e a vontade indómita de praticar desporto. Não interessa o seu nome nem o seu clube. Interessa, isso sim, a exaustão com que chegou em último lugar. Foi, decerto, um desafio às suas capacidades. Vinha com ar de esforço extremo. Quase a cair. Os bombeiros acorreram para a amparar. Mas ela chegou mesmo ao fim da prova. Momentos depois já sorria. FM

Costa Nova

Com este dia lindo de sol, que já confirmei pela janela, estou em crer que hoje vai ser uma correria para as nossas praias. A Costa Nova, com uma marginal para a ria rara de encontrar por outras paragens, com espaços verdes para descansar ou brincar, oferece a quem a visita esta paisagem de uma laguna límpida e atraente. Não para nela nos vermos ao espelho (embora também sirva para isso), mas para dela inspirarmos a maresia que tempera o nosso dia-a-dia carregado de stresse. O convite vai, pois, no sentido de os meus amigos usufruirem estas coisas boas que a natureza nos oferece e que os homens, quando têm imaginação, conseguem ainda melhorar. Aqui é o caso.

Diáconos Permanentes celebram 20 anos de ordenação - 3

3 – Restauração do Diaconado Permanente O Vaticano II diz que os diáconos, “aos quais foram impostas as mãos «não em ordem ao sacerdócio mas ao ministério», estão em grau inferior da hierarquia, para, “fortalecidos com a graça sacramental”, servirem o Povo de Deus, “em união com o Bispo e o seu presbitério, no ministério da liturgia, da palavra e da caridade.” Atribuindo às diversas Conferências Episcopais a competência de decidir, “com a aprovação do Sumo Pontífice, se e onde é oportuno instituir tais diáconos para a cura das almas”, o Vaticano II lembra que, “Com o consentimento do Romano Pontífice, poderá este diaconado [permanente] ser conferido a homens de idade madura, mesmo casados, e a jovens idóneos; em relação a estes últimos, porém, permanece em vigor a lei do celibato”. Estas como todas as decisões do Concílio Vaticano II foram sancionadas por Carta Apostólica de Paulo VI, em 8 de Dezembro de 1965, onde se proclama que “tudo quanto foi estabelecido conciliarmente seja observado santa e religiosamente por todos os fiéis, para glória de Deus, honra da santa mãe Igreja, tranquilidade e paz de todos os homens”. A ideia de introduzir o Diaconado Permanente em Portugal surgiu em 1969, de forma mais concreta, quando a Assembleia Plenária do episcopado emitiu um comunicado, em Novembro, no qual refere: “Respondendo à solicitude da Santa Sé, a Assembleia reflectiu sobre a oportunidade de introduzir entre nós o Diaconado Permanente, e para fomentar ulterior deliberação em matéria com tantas implicações e sobre a qual se não conta com a lição da experiência, resolveu confiar o estudo prévio do assunto à Comissão Episcopal do Clero e Religiosos”. Em 1977, também em Assembleia Plenária do episcopado, foi então aprovado um documento sobre os motivos que justificam a instauração do Diaconado Permanente nas dioceses portuguesas que o julgarem oportuno, como se lê no livro “Diaconado Permanente – Actas e Documentos”, da Comissão Episcopal do Clero, Seminários e Vocações. Estava aberto o caminho para que as dioceses solicitassem à Santa Sé autorização para avançar com o ministério do Diaconado Permanente.
Fernando Martins

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 100

OS SÁBADOS
Caríssima/o: Chegados aqui, dizei lá se não vem mesmo a calhar uma pausa; fruto das coincidências, é o Tecendo número 100 e o tema é «os sábados»; logo, nas escolas quando o sumário atinge aquele número faz-se uma pequena festa, nem que seja meramente simbólica, e antigamente o Sábado era a véspera de Domingo. Dirão alguns: ”que grande novidade nos estás a dar!...” Esquecem-se ou desconhecem que nesses bons e velhos tempos havia aulas aos sábados, só de manhã, o que era sinal de que no dia seguinte não havia escola! E que se fazia nessa manhã? Era o dia da «mocidade», entenda-se da “Mocidade Portuguesa”; assim sendo, havia umas formaturas seguidas de marchas, falava-se da Bandeira e do Hino e cantava-se...Aproveitavam também os professores para falar de higiene e de regras de boa educação...(Já nessa altura se dizia aos alunos que ficava bem cumprimentarem os professores e as pessoas mais velhas!...) Bem, isto no início do ano, porque com a aproximação dos exames todo o tempo era pouco para a “preparação”. Mas como se está vendo era um dia diferente porque, estando mais tempo fora da sala de aula, quando havia espaço para tal, sempre se proporcionavam uns jogos e umas brincadeiras. Não havia futebol (isso é pano para outro falar!), mas saltar o eixo e o 'bom barqueiro' eram obrigatórios... Por vezes, e quando já havia desdobramentos, também as Professoras aproveitavam para juntar os alunos para o canto... E que bem sabiam estas pausas e estes bocadinhos de entretenimento quando toda a semana era uma lufa-lufa de redacções, ditados, contas e problemas! Que bom! Como o tempo era de pausa, já falei demais; fico-me por aqui. Manuel
NOTA: Eu não sei se os meus amigos leitores já se deram conta de que o Manuel, meu colaborador de há anos, completou hoje, com a sua rubrica "Tecendo a vida uma coisitas", o número cem. Não é muito frequente sentirmos, no dia-a-dia, uma tão grande regularidade nos blogues. É que o Manuel, quando assume um compromisso, não se fica pelas meias-tintas, cumprindo, escrupulosamente, os objectivos que se propôs. E não vades supor que o número o assusta, antes o aceitará, como creio, para continuar a brindar-nos, semana a semana, com a sua sempre saborosa arte de recordar.
FM

sábado, 25 de outubro de 2008

Pessoas que nos marcaram

Flores para a Irmã Iracema, com o Manuel Serafim e a Fátima Lage
Irmã Iracema esteve entre nós, 18 anos depois
Quer queiramos quer não, há sempre pessoas que nos marcam na vida. Para o bem e para o mal. Eu sinto isso. As que tentaram insinuar-me o mal ou indicar-me caminhos menos correctos foram postas de lado. Não ocupam qualquer lugar na minha vida. Outras, as que me sugeriram princípios do bem e me deram testemunhos, concretos, de que é possível seguir pistas de verdade, de justiça, de fraternidade e de paz, essas têm um lugar especial no meu coração. Às vezes dou comigo a pensar em todos esses homens e mulheres que deixaram sinais indeléveis na minha formação. Foram muitos, é verdade, tantos que nem consigo elencá-los. Só tenho pena de não ter tido a capacidade de colher dessas árvores de bons frutos toda a sabedoria e humildade para os reflectir na minha vida, chegando a quantos me rodeiam. Ontem, contudo, encontrei-me com uma dessas pessoas, que não via há 18 anos. Trata-se da Irmã Iracema, do Instituto das Irmãs de Maria de Schoenstatt, que viveu entre nós 15 anos. Destacada pelo seu Instituto para trabalhar em Portugal, radicou-se na Gafanha da Nazaré, tendo colaborado, activamente, no lançamento das bases do Movimento Apostólico de Schoenstatt na Diocese de Aveiro. A construção do Santuário dedicado à Mãe e Rainha, na Colónia Agrícola da Gafanha, deve-lhe imenso. E por aqui se manteve, em plena actividade apostólica e humana, até 1990, insuflando em muita gente o fervor da fé e a paixão pelos valores cristãos. Missão cumprida, regressa ao Brasil, continuando, no país irmão, outras tarefas ligadas aos ideais que desde jovem abraçou. No encontro organizado para a ouvir de novo, com a mesma voz e com o mesmo entusiasmo, jovens e menos jovens partilharam saudades. A Irmã Iracema repetiu o que sempre foi na vida: coerência na fidelidade aos princípios que sempre a nortearam, princípios de verdade, de frontalidade e de testemunho em todas as circunstâncias. Mas sempre crente num mundo melhor, alicerçado na Boa Nova. Foi muito bom conversar com ela, ouvi-la e sentir o calor da fraternidade e o amor a Jesus Cristo e a Sua Mãe, que tão bem sabe transmitir com simplicidade e serenidade. E com os seus 70 anos de vida, prometeu voltar à Gafanha da Nazaré para comemorar, connosco, o seu centenário. Eu prometi acompanhá-la nesse dia. Fernando Martins

O País que (não) somos

Imaginem Imaginem que todos os gestores públicos das setenta e sete empresas do Estado decidiam voluntariamente baixar os seus vencimentos e prémios em dez por cento. Imaginem que decidiam fazer isso independentemente dos resultados. Se os resultados fossem bons as reduções contribuíam para a produtividade. Se fossem maus ajudavam em muito na recuperação. Imaginem que os gestores públicos optavam por carros dez por cento mais baratos e que reduziam as suas dotações de combustível em dez por cento. Imaginem que as suas despesas de representação diminuíam dez por cento também. Que retiravam dez por cento ao que debitam regularmente nos cartões de crédito das empresas. Imaginem ainda que os carros pagos pelo Estado para funções do Estado tinham ESTADO escrito na porta. Imaginem que só eram usados em funções do Estado. Imaginem que dispensavam dez por cento dos assessores e consultores e passavam a utilizar a prata da casa para o serviço público. Imaginem que gastavam dez por cento menos em pacotes de rescisão para quem trabalha e não se quer reformar. Imaginem que os gestores públicos do passado, que são os pensionistas milionários do presente, se inspiravam nisto e aceitavam uma redução de dez por cento nas suas pensões. Em todas as suas pensões. Eles acumulam várias. Não era nada de muito dramático. Ainda ficavam, todos, muito acima dos mil contos por mês. Imaginem que o faziam, por ética ou por vergonha. Imaginem que o faziam por consciência. Imaginem o efeito que isto teria no défice das contas públicas. Imaginem os postos de trabalho que se mantinham e os que se criavam. Imaginem os lugares a aumentar nas faculdades, nas escolas, nas creches e nos lares. Imaginem este dinheiro a ser usado em tribunais para reduzir dez por cento o tempo de espera por uma sentença. Ou no posto de saúde para esperarmos menos dez por cento do tempo por uma consulta ou por uma operação às cataratas. Imaginem remédios dez por cento mais baratos. Imaginem dentistas incluídos no serviço nacional de saúde. Imaginem a segurança que os municípios podiam comprar com esses dinheiros. Imaginem uma Polícia dez por cento mais bem paga, dez por cento mais bem equipada e mais motivada. Imaginem as pensões que se podiam actualizar. Imaginem todo esse dinheiro bem gerido. Imaginem IRC, IRS e IVA a descerem dez por cento também e a economia a soltar-se à velocidade de mais dez por cento em fábricas, lojas, ateliers, teatros, cinemas, estúdios, cafés, restaurantes e jardins. Imaginem que o inédito acto de gestão de Fernando Pinto, da TAP, de baixar dez por cento as remunerações do seu Conselho de Administração nesta altura de crise na TAP, no país e no Mundo é seguido pelas outras setenta e sete empresas públicas em Portugal. Imaginem que a histórica decisão de Fernando Pinto de reduzir em dez por cento os prémios de gestão, independentemente dos resultados serem bons ou maus, é seguida pelas outras empresas públicas. Imaginem que é seguida por aquelas que distribuem prémios quando dão prejuízo. Imaginem que país podíamos ser se o fizéssemos. Imaginem que país seremos se não o fizermos. Mário Crespo NOTA: Mão amiga, por certo leitor do meu blogue, clicou para me enviar este texto do jornalista Mário Crespo. Ele (o artigo) aqui fica, pela sua oportunidade. FM

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O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

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