terça-feira, 9 de setembro de 2008

SEMPRE QUE SALTO, SALTO PARA O INFINITO

Nelson Évora
Deste Verão português surdamente incompatível, com conflitualidades, embaraços e pessimismo, resgato uma frase que seria pena ficar perdida entre a cinza. Foi proferida pelo atleta Nelson Évora, e representa, creio, não apenas a descrição de uma técnica ou de um método, mas é uma espécie de razão onde a vida, a inteira vida, se pode decidir. "Sempre que salto, salto para o infinito", disse ele. No triplo salto dos Jogos Olímpicos de Pequim esse infinito correspondeu a 17,67 metros, e valeu-lhe a medalha de ouro. Mas o infinito é esse aberto que não acaba… Nos programas biográficos que, em seguida, as televisões dedicaram ao atleta, comovi-me a olhar para as instalações desportivas mais do que precárias num centro escolar, para o ziguezague árido e incaracterístico das estradas suburbanas, para o exíguo futuro que se avista das florestas de apartamentos colados a apartamentos. Aquele cenário poderia servir para contar uma história completamente diferente. Por isso a frase de Nelson Évora é tão importante. Aos miúdos que hoje têm a idade que o campeão olímpico então teria, e que as televisões entrevistam naqueles mesmos lugares, como é fundamental testemunhar-lhes o que significa "saltar para o infinito". Transcender-se, ir além, ir mais longe, sabendo que isso implica que cada um se tenha encontrado humildemente com os seus limites e plenamente com as suas possibilidades. Num tempo de tectos baixos e de metas imediatas, como parecem ser os nossos, "saltar para o infinito" constitui talvez uma impopular aposta. Mas a esperança, a verdadeira esperança, pede de nós risco e coragem. José Tolentino Mendonça

Jornadas Nacionais da Comunicação Social

FÁTIMA – 25 e 26 de Setembro
O EVANGELHO DIGITAL A criação continua e Deus não deixa de se “inscrever”na história dos homens. A Igreja, pela palavra e pelo testemunho, vai traduzindo esse registo de todos os tempos – tradição oral, palavra reverberada no eco das culturas e civilizações, escrita, biblos, cartas, actos e apocalipses, mensagens, encíclicas, notícias, bytes, pixeis, em todos os módulos, – vem repetindo oportuna e inoportunamente esse anúncio, entrecruzado na história quotidiana do homem e da salvação. Este é o nosso tempo. A nossa vez. Na auto-estrada da informação, no metálico da informática, nos numéricos entre zero e infinito, como vamos dizendo Deus, Verbo, Jesus, Salvador, transcendência, dentro de todas as formas que o nosso mundo tem de se aproximar e afastar de Deus? Como fazemos esse percurso? Como tocamos a Internet com o olhar e o dedo de Deus? Como difundimos a Boa Nova? Como fazemos os nossos portais, jornais, informações, desenhos, animações, vídeos? Que avaliação humilde e corajosa fazemos do nosso trabalho ou do nosso distanciamento face ao EVANGELHO DIGITAL?
Fonte: Ecclesia

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

JARDIM COM GENTE

Ontem, domingo à tarde, passei pelo Jardim Oudinot para a caminhada higiénica. Gostei do que vi. A relva dá sinais de que está para ficar, o dia estava lindo e havia muita gente a desfrutar o ambiente. E algumas famílias, talvez lembrando outros tempos, ainda estavam de mesa posta e à volta dela. O almoço, pelo que me disseram, foi por ali. Com abrigos por causa de eventuais ventos e com tachos à vista. Também não faltaram famílias com crianças que davam asas à sua alegria de viver. O navio-museu Santo André tinha visitantes e barcos de recreio e motos d’água tentavam bater recordes de velocidade na ria. O parque geriátrico tinha mais juventude que terceira idade. Os campos de jogos estavam ocupados. Tudo animado. Ainda bem.
Nota: Clicar nas fotos para ampliar

Homenagem ao Padre Domingos Rebelo

Padre Miguel com um grupo de senhoras da primeira hora
do Movimento na Gafanha da Nazaré
Há pessoas que têm o dom especial de saber recordar acontecimentos relevantes das suas vidas e das vidas de quem lhes está próximo. O Padre Miguel Lencastre, que foi prior da Gafanha da Nazaré, é uma dessas pessoas. Radicado no Brasil, onde exerce o seu múnus sacerdotal, como Padre de Schoenstatt, esteve em Portugal uns tempos, continuando a sua acção pastoral, junto de amigos e de comunidades de alguma forma ligadas ao Movimento Apostólico de Schoenstatt. 


Jovens mostram a imagem da Mãe
Hoje, por sua iniciativa, foi prestada uma homenagem, simples mas significativa, ao Padre Domingos Rebelo, falecido em 21 de Outubro de 2007, como neste meu espaço na altura referi. Na Murtosa, de onde era natural o Padre Domingos, a família do saudoso sacerdote entregou um quadro da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, às Irmãs de Maria, do santuário da Gafanha da Nazaré, cumprindo a sua vontade. 
Nossa Senhora, evocada sob aquele nome, é venerada um pouco por todo o mundo, em santuários que são uma réplica, fiel, do original, que existe na Alemanha, na cidade que deu o nome àquele Movimento Apostólico. 
A imagem tem um valor histórico e, por isso, simbólico, pois foi diante dela que o Padre Domingos consagrou a paróquia da Gafanha da Nazaré, de que foi prior durante 18 anos, a Nossa Senhora. A partir dessa decisão, o Movimento de Schoenstatt nasceu nesta paróquia, alargando-se, depois, a algumas terras da Diocese de Aveiro e de outras dioceses. 
Mais tarde, o Santuário de Schoenstatt foi elevado à categoria de santuário diocesano. E à sombra dele, de Nossa Senhora e dos ensinamentos do Fundador, Padre José Kentenich, promove-se uma espiritualidade que procura chegar a todas as fases etárias da vida das pessoas, tendo por objectivos a construção dum homem novo para uma nova sociedade. 
Para além da evocação que fez do Padre Domingos, o Padre Miguel Lencastre falou da importância do testemunho do homenageado e da força das alianças, mas também do primeiro grupo de jovens que, em Julho de 1961, fez a Aliança de Amor com Nossa Senhora, na Gafanha da Nazaré. A imagem de Nossa Senhora de Schoenstatt fica agora no Santuário da Gafanha da Nazaré, também ao cuidado da Juventude, em quem se depositam muitas esperanças, para que o Movimento de Schoenstatt continue a crescer.

FM

domingo, 7 de setembro de 2008

"Sentidos de Estado", na Figueira da Foz

Palácio Sotto Maior recebe património da Presidência da República
Um familiar meu, que sabe quanto aprecio arte, foi ontem visitar a exposição patente no palácio Sotto Maior, na Figueira da Foz, com peças, as mais variadas, oferecidas aos nossos Presidentes da República. Não me trouxe fotos, mas sublinhou que vale a pena passar por lá, apesar de se tratar de uma mostra pequena. Vi, entretanto, o Rotativas, da jornalista Maria João Carvalho, que faz uma referência à mesma exposição, que pode ser vista até 5 de Outubro.
O Museu saiu à rua. A exposição “Sentidos de Estado” no palácio Sotto Maior, na Figueira da Foz, mostra o valioso património histórico e cultural associado à Presidência da República e à residência oficial do Presidente.
São cerca de 200 peças em oiro, prata e materiais semipreciosos, porcelanas, pinturas e esculturas.
In Rotativas

Surpresa Agradável

Ontem tive uma surpresa agradável. Um amigo, que não vejo há muitos anos, contactou-me pelo telemóvel. Uma meia hora depois, porque era preciso conversar mais, o contacto continuou através do telefone fixo. Para podermos falar com calma e com tempo. E no fim, ficou combinado um encontro para retomarmos o desfiar de recordações, olhos nos olhos. Porque continuamos sem nos ver. A vida, com o corre-corre alucinante de todos os dias, tem destas coisas. As amizades, partilhadas em projectos e ideais comuns, podem ficar na arca do esquecimento. Incompreensivelmente. Os anos passam e as boas recordações, as tais que têm a amizade como ponto de referência, começam a diluir-se e a acomodar-se nas sombras da memória. Até quase ficarem petrificadas. É certo que, com frequência, espreitam à janela do consciente muitos desses amigos, com gestos e atitudes, sorrisos e gargalhadas, que constituíram o substrato de cumplicidades que nos marcaram para a vida. Mas nem assim, porque alguns comodismos típicos da idade nos limitam a coragem, conseguimos dar o salto para os encontros sonhados. Ontem, o Horácio foi o corajoso. Um abraço…
Fernando Martins

Senhora dos Navegantes no Forte da Barra - 2

2 – Capela de Nossa Senhora dos Navegantes A capelinha de Nossa Senhora dos Navegantes é, sem dúvida, o mais antigo templo católico das paróquias da península da Gafanha. Sobre ela, diz o Padre João Vieira Rezende, na sua “Monografia da Gafanha”: “No Forte, freguesia da Gafanha da Nazaré, começou a ser construída em 3 de Dezembro de 1863 a capela de Nossa Senhora dos Navegantes, sob a direcção do exímio engenheiro Silvério Pereira da Silva, a expensas dos Pilotos da Barra, sendo então piloto-mor um tal senhor Sousa. Custou 400$000 réis. Na parede está fixada uma lápide que diz: «Património do Estado». Há de interessante e invulgar nesta capela as suas paredes ameadas e a ombreira da porta principal, de pedra de Ançã, lavrada em espiral com arco em ogiva. Celebra-se a sua festa na última segunda-feira de Setembro com enorme concorrência de forasteiros das Gafanhas, de Ílhavo, Aveiro e Bairrada. Nesse dia Aveiro é um deserto por se terem deslocado para ali muitos dos seus habitantes. A procissão ao sair do templo segue por sobre o molhe da Barra e regressa pela estrada sul que vem do farol. A festa é promovida pela Junta Autónoma da Barra.” Tanto quanto se sabe, o templo mantém com rigor a traça original, apesar das obras de restauro e conservação por que tem passado. Pequenina, a capela ali está inserida, e bem, no complexo portuário que entretanto foi nascendo e se desenvolveu, dando, presentemente, sinais de que vai crescer ainda mais. A Senhora dos Navegantes, que os nossos pescadores e mareantes tanto veneraram nos tempos dos nossos avós, não deixará, contudo, com a sua ternura de Mãe, de velar por quantos sulcam as águas do mar, não já na Faina Maior, que o bacalhau que comemos já é mais importado do que pescado pelos portugueses, mas sobretudo nos transportes marítimos e na pesca costeira. Do texto do Padre Rezende, registamos, como ponto de partida para uma análise mais profunda, o pormenor, significativo, da construção da capela ter sido iniciativa dos Pilotos da Barra e a expensas suas, não se sabendo se houve, ou não, qualquer pedido ou sugestão das populações, entidades eclesiásticas, políticas ou autárquicas. Seria curioso saber se o piloto-mor, o tal senhor Sousa, era pessoa da nossa região e ligada à Igreja. Por outro lado, seria bom descobrir-se como apareceu aqui a devoção a Nossa Senhora dos Navegantes, como se escolheu a imagem e quem deu a ideia para a expressão do rosto. Teria sido tudo trabalho do piloto-mor? O facto de as paredes do templo serem ameadas prende-se, compreensivelmente, à existência do Forte Novo ou Castelo da Gafanha, numa certa homenagem à defesa da zona das investidas por via marítima dos inimigos da Pátria.
Fernando Martins