sábado, 5 de julho de 2008

O que tem de ser tem muita força

Embora a cair em desuso aos fins-de-semana e em tempos de lazer, a verdade é que a gravata faz parte, quase obrigatória, no dia-a-dia de certas profissões. Cá para mim, o uso da gravata, entre nós, está para as relações sociais como o tratamento de doutor está para a afirmação na sociedade e na profissão. Por tudo e por nada, de gravata ou sem ela, há quem pense que sem doutor nada feito. Não seria tempo de restringirmos o uso da gravata e do doutor?

HERMENÊUTICA FEMINISTA DAS RELIGIÕES E SEUS TEXTOS

Convidado para intervir no Congresso Feminista, na Gulbenkian, na semana passada, comentando intervenções sobre "Mulheres e Religiões", tentei apresentar alguns princípios de hermenêutica feminista das religiões e dos seus textos. Pressuposto essencial é, evidentemente, a compreensão de que os textos sagrados não são ditados de Deus, tornando-se, pois, claro que, sem interpretação, eles se convertem, inevitavelmente, em textos fundamentalistas. Os textos sagrados têm de ser lidos de modo crítico e situados no seu contexto histórico. Um livro sagrado, por exemplo, a Bíblia, só tem validade última e só encontra a sua verdade adequada enquanto todo e na sua dinâmica global. A argumentação com fragmentos pode por vezes tornar-se inclusivamente ridícula. Assim, princípio hermenêutico essencial e decisivo das religiões e dos seus textos é o do sentido último da religião, que é a libertação e salvação. O Sagrado, Deus, referente último do religioso, apresenta-se como Mistério plenamente libertador e salvador. É, pois, à luz desta intenção última que as religiões e os seus textos têm de ser lidos, concluindo-se que não têm autoridade divina aqueles textos que, de uma forma ou outra, se apresentam como opressores e discriminatórios. Então, não sendo normativos, deverão ser evitados nas celebrações religiosas. É claro que a hermenêutica feminista tem de ser uma hermenêutica da suspeita. Não é de suspeitar que religiões orientadas por homens e textos que têm homens como autores maltratem as mulheres, lhes sejam pouco favoráveis e as tornem invisíveis, as considerem inferiores e as coloquem em lugares subordinados? Ela é também uma hermenêutica da memória. Lembra as vítimas, todas as vítimas. Exige, portanto, uma leitura da História no seu reverso, que é a História dos vencidos. Normalmente, o que aparece é a História dos vencedores, onde, por isso, não cabem as mulheres nem as vítimas do sistema. Mas, como escreve Juan Tamayo, "a memória das mulheres vítimas do patriarcado é já em si um acto de reabilitação, de devolução e reconhecimento da dignidade negada". Na reconstrução da História, é preciso encontrar o papel das mulheres, activo e criador, mas oculto e silenciado. A leitura feminista dos textos sagrados faz-se a partir dos movimentos de emancipação da mulher e, portanto, dentro da luta pelos direitos humanos, que, sendo indivisíveis, exigem sociedades que ponham termo a todo o tipo de discriminação, sem esquecer que as estruturas discriminatórias da mulher são múltiplas e multiplicativas, como bem viu E. Schüssler Fiorenza. A hermenêutica feminista está particularmente atenta ao funcionamento sexista da linguagem. Atente-se, por exemplo, ao prurido auricular de expressões como: a bispa do Porto, a cardeal de Lisboa. Utilizando normalmente o genérico "homem" e "homens", nos textos sagrados, nas celebrações litúrgicas, na catequese, as mulheres são inevitavelmente invisibilizadas, esquecidas e marginalizadas. Essa hermenêutica é particularmente crítica com as imagens patriarcais de Deus. De facto, se Deus é masculino, o homem acaba por ser divinizado. Realmente, a maior parte das imagens usadas nas religiões e nas teologias para se referirem a Deus são expressão do domínio patriarcal e acabam por legitimar religiosamente o poder dos homens. Entre as mais comuns: Pai, Rei, Juiz, Senhor, Soberano, Criador do Céu e da Terra, Omnipotente. Segundo Tamayo, a crítica feminista deve desconstruir estas imagens, porque estão associadas ao poder dos homens e geram atitudes de submissão e dependência, não fomentando uma relação interpessoal. A teologia feminista mostra-se especialmente crítica com a imagem de Deus "Pai", por tratar-se de uma imagem que leva "directamente à obediência e à submissão, de que a religião autoritária abusa". Quer recuperar imagens que têm a ver com a vida, a amizade, o amor, a clemência, a compaixão, a compreensão, a generosidade, a ternura, a confiança, o perdão, a solicitude... E o que é que pode impedir os crentes de se dirigirem a Deus como Mãe? Anselmo Borges In DN

PONTES DE ENCONTRO

As energias renováveis e o futuro do homem Diz o provérbio popular, e com toda a razão, que “a necessidade aguça o engenho.” A pensar já no que o futuro, não muito distante, nos reserva, uma equipa de estudantes do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, desenvolveu, há pouco tempo, aquele que poderá ser, segundo os seus autores, o sistema de energia solar mais eficiente do mundo, tendo em conta o seu baixo custo. Trata-se de um disco côncavo de concentração solar com 3,7 metros de largura, construído com uma leve armação de finos tubos de alumínio e coberto com espelhos. É capaz de concentrar a luz do Sol mil vezes mais num único feixe, criando calor suficiente para fundir uma barra de ferro. No centro do disco, que faz lembrar uma antena parabólica, há um tubo, em forma de serpentina. No interior deste tubo, circula água que se transforma instantaneamente em vapor, que irá, accionar uma turbina de um gerador de energia eléctrica, que será fornecida, localmente, a qualquer habitação, desde que esta esteja preparada para tal. Se juntarmos a esta tecnologia, já testada, mas ainda em fase de aperfeiçoamento, outras que estão em desenvolvimento ou já em funcionamento pleno, tais como os colectores solares térmicos, que captam a radiação solar, transformando-a em vapor que depois é convertido, pelo mesmo processo do MIT, em energia eléctrica; os painéis solares fotovoltaicos, que convertem directamente a luz solar em energia eléctrica, para muitos especialistas, considerada uma das mais promissoras formas de aproveitamento da energia solar; as miniturbinas eólicas, que produzem energia solar através da acção do vento e que poderão reduzirem a factura energética entre 50 e 90 por cento; os sistemas de aquecimento a biomassa, a partir do aproveitamento da matéria orgânica (resíduos das florestas, agricultura e combustíveis) e que, quando usados no aquecimento doméstico, podem representar importantes ganhos económicos e ambientais ou ainda as bombas de calor geotérmico, que aproveitam o calor do interior da terra para o aquecimento dos lares, temos razões para irmos tendo esperança, no que a esta parte energética diz respeito. Há que não esquecer, também, a energia das ondas. Pelo que se verifica, muitas destas formas de energia dependem da luz solar (o que, actualmente, é uma limitação) e nenhuma, só por si, é auto-suficiente, funcionando em modo de complementaridade, a que se juntam a energia hídrica e, para quem a tiver, a nuclear. Dinamizar a investigação e descobrir outras formas de energias renováveis é uma necessidade prioritária e o tempo não pára, para se terem descuidos ou faltas de empenho. Já não se pode pensar em termos da duração do petróleo, assunto sobre o qual existem várias opiniões, mas que este é (agora) muito caro e a transição é inevitável. O conceito de serem só os cidadãos a receber energia eléctrica de rede pública também tem que ser alterado, passando estes a injectarem energia na rede eléctrica, sempre que o consumo nas suas moradias for inferior às suas necessidades. Ainda não estamos em nenhum oásis; longe disso. Muitos interesses políticos e económicos irão surgir, e nem sempre pelas melhores razões. O preço do petróleo continuará a transformar o modo de vida da generalidade das pessoas, até que o reequilibro energético pós-petróleo seja possível de atingir e não dependamos, como até aqui, de uma minoria de países teocráticos ou onde a democracia muito deixa a desejar (excepção para a Noruega), como acontece, presentemente. O sector dos transportes também sofrerá profundas alterações, não só com a introdução dos carros híbridos, que já vão circulando um pouco por todo o lado, mas, também, dos veículos eléctricos e a hidrogénio (uma área onde há muito a investigar), ainda que o sector ferroviário, moderno e eficaz, deva ser o privilegiado, no transporte de pessoas e bens. Fora disto, não há alternativas, a não ser que o homem prefira, no caso de não querer ou não saber vencer a gravíssima crise energética actual, deixar que seja esta a derrotá-lo, definitivamente!
Vítor Amorim

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Jacinta encanta no Centro Cultural de Ílhavo

Após o sucesso no Aveirense, na apresentação do seu novo trabalho denominado "Convexo", numa homenagem a Zeca Afonso, com o público a aplaudir de pé a cantora de jazz Jacinta, o mesmo aconteceu no Centro Cultural de Ílhavo. 500 pessoas assistiram a uma autêntica “aula” de jazz, com Jacinta a cantar os clássicos, passando pelos blues até ao mais puro dos improvisos vocais e instrumentais, com especial incidência no diálogo com o saxofonista, que, por momentos, fez lembrar o célebre Omette Coleman, ao imprimir, na consistência do improviso, toda uma técnica e um registo que fez o público, mesmo timidamente, bater com os pés, fazendo ouvir o estalar dos dedos. Paulo de Carvalho mostrou que a idade não conta, já que continua “a ser músico com a sua voz”, como gosta de afirmar, e o “diálogo“ com Jacinta foi deslumbrante, o que também aconteceu no início do espectáculo com o acordeonista. Jacinta continua no caminho que a poderá levar ao estrelato da música de jazz, desde que saia desta país, é claro, e a sua voz quente e possante, aliada à capacidade de transmir ao público as emoções que o jazz permite a quem o canta ou toca e a quem o ouve, deixando-se embalar por essa expressão musical que, segundo José Duarte, não se aprende nas escolas, nasce com as pessoas. No final Jacinta foi aplaudida carinhosamente, não fosse ela também da Gafanha da Nazaré!

 Carlos Duarte

Liberdade tranquila

O amor
INGRID: Amor à vida, sem ódios As reportagens televisivas sobre a chegada de Ingrid Betancourt à liberdade mostraram uma mulher feliz, mas tranquila. Sem raiva, sem ódios, sem acusações e no céu. Onde os seus filhos, que a receberam como quem recebe alguém que ressuscitou, são a sua lua e as suas estrelas. Agradeceu a Deus e aos homens que tornaram possível o seu regresso à liberdade e à vida e pediu que se não esquecessem dos que continuam presos às mãos e às armas dos guerrilheiros colombianos. A minha referência a esta atitude marcada “pela positiva”, de uma mulher que se limita, no fim de um cativeiro desumano, a respirar, serenamente, o ar da liberdade, vem precisamente por causa desse exemplo raro nos dias que correm. Palmas para Ingrid pelo seu testemunho de amor à vida, sem ódios… e tristeza pelos que não são capazes de condenar os métodos dos guerrilheiros da Colômbia

A HERA em acção em Eixo

Protecção do Forno Romano
e requalificação da Ponte da Balsa
A HERA - Associação para a Valorização e Promoção do Património convida todos os seus amigos e todos os apaixonados pelas marcas do passado, para participarem na inauguração da primeira fase da protecção do forno cerâmico romano de Eixo, Aveiro, e da requalificação da Ponte da Balsa, na mesma localidade. Será no próximo domingo, dia 6, a partir das 10.30 horas, em Eixo. Estas iniciativas representam um momento histórico para a HERA, pois o processo de valorização do forno, que levou ao projecto final de cobertura e valorização, começou e foi acompanhado pela associação, representando o seu primeiro projecto, denominado ARQUEOLARIA. O empenho da HERA, associado à confiança e apoio da Junta de Freguesia de Eixo, fizeram com que o "sonho" de valorização duma importante parte da história de Aveiro se tornasse realidade.
Neste mesmo dia, serão feitas algumas comunicações sobre importantes mudanças na direcção da HERA.

A Net oferece-nos coisas interessantes!

O cariz internacionalista
do povo português é peculiar:
: - Se tem um problema para ultrapassar... diz que se vê grego;
- Se alguma coisa é difícil de compreender... diz que é chinês;
- Se trabalha de manhã à noite...diz que é um mouro;
- Se tem uma invenção moderna e mais ou menos inútil... diz que é uma americanice;
- Se alguém mexe em coisas que não deve... diz que é como o espanhol;
- Se alguém vive com luxo e ostentação... diz que vive à grande e à francesa;
- Se alguém faz algo para causar boa impressão aos outros... diz que é só para inglês ver;
- Se alguém tenta regatear o preço de alguma coisa diz que é pior que um marroquino;
- Mas quando alguma coisa corre mal... diz que é à PORTUGUESA!!! Texto enviado pelo Ângelo Ribau

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