Após o sucesso no Aveirense, na apresentação do seu novo trabalho denominado "Convexo", numa homenagem a Zeca Afonso, com o público a aplaudir de pé a cantora de jazz Jacinta, o mesmo aconteceu no Centro Cultural de Ílhavo. 500 pessoas assistiram a uma autêntica “aula” de jazz, com Jacinta a cantar os clássicos, passando pelos blues até ao mais puro dos improvisos vocais e instrumentais, com especial incidência no diálogo com o saxofonista, que, por momentos, fez lembrar o célebre Omette Coleman, ao imprimir, na consistência do improviso, toda uma técnica e um registo que fez o público, mesmo timidamente, bater com os pés, fazendo ouvir o estalar dos dedos.
Paulo de Carvalho mostrou que a idade não conta, já que continua “a ser músico com a sua voz”, como gosta de afirmar, e o “diálogo“ com Jacinta foi deslumbrante, o que também aconteceu no início do espectáculo com o acordeonista.
Jacinta continua no caminho que a poderá levar ao estrelato da música de jazz, desde que saia desta país, é claro, e a sua voz quente e possante, aliada à capacidade de transmir ao público as emoções que o jazz permite a quem o canta ou toca e a quem o ouve, deixando-se embalar por essa expressão musical que, segundo José Duarte, não se aprende nas escolas, nasce com as pessoas.
No final Jacinta foi aplaudida carinhosamente, não fosse ela também da Gafanha da Nazaré!
Carlos Duarte