sábado, 8 de março de 2008

Mensagem do Papa para a Quaresma



Hoje de manhã foi dia de reflectir um pouco sobre a Mensagem do Papa para a Quaresma. Trata-se de uma mensagem simples, mas muito concreta, em que Bento XVI, um teólogo e intelectual, com fama de pessoa muito virada para a cultura, sublinha a necessidade de olharmos mais para os pobres, numa dádiva total de nós mesmos. Dele, por isso, talvez muitos esperassem uma mensagem mais direccionada para os homens e mulheres da cultura. Mas não, embora também. A mensagem é extremamente simples, com conselhos e propostas que toda a gente está à altura de compreender, a meu ver. Difícil, para muitos, será pôr em prática o que o Papa recomenda, porque é bastante complicado ultrapassarmos as nossas tradicionais comodidades e a crença de que os problemas são para os outros resolverem. Frequentemente gritamos que é preciso acabar com a fome no mundo, mas que fazemos nós para que isso aconteça?
Fala, direi que essencialmente, de oração, jejum e esmola, a que muitos não dão a devida importância. Para o crente já não será assim. São propostas não só válidas, mas fundamentais. Afinal, oração, jejum e esmola estão, naturalmente, associados.
Diz o Santo Padre que “não somos proprietários mas administradores dos bens que possuímos”, e que, face às multidões que vivem na indigência, “socorrê-las é um dever de justiça, ainda antes de ser um gesto de caridade”.
O Papa, citando as Escrituras, diz que “há mais alegria em dar do que em receber”, sendo garantido que “a esmola, aproximando-nos dos outros, aproxima-nos de Deus e pode tornar-se instrumento de autêntica conversão e reconciliação com Ele e com os irmãos”.
Bento XVI reafirma que “a esmola educa para a generosidade do amor” e recorda um velho, mas ainda actual, conceito bíblico: ao dar esmola, a mão esquerda não deve saber o que faz a direita.


FM

Dia Internacional da Mulher


Poderá o imperativo da igualdade entre os géneros masculino e feminino conduzir a um empobrecimento grande da condição da mulher? É uma questão pertinente, numa altura em que se fala tanto disso. Nada melhor do que ouvir várias opiniões sobre o assunto, neste Dia Internacional da Mulher.

sexta-feira, 7 de março de 2008

PARTIDOS NÃO MERECEM SER GOVERNO


Um dia destes, o líder do PSD, Luís Filipe Menezes, disse que o PS “já não merece ser Governo”, mas logo a seguir garantiu que o seu partido “ainda não merece ser Governo”. Isto significa que o nosso País está ingovernável. A não ser que, excluindo os partidos da alternância governamental, tenhamos de ir para um dos outros do nosso espectro político, qual deles o mais pequeno. Claro que surgiu, entretanto, o MEP (Movimento Esperança Portugal), mas dele ainda se sabe muitíssimo pouco.
O que impressiona nisto tudo é verificarmos que os mais representativos partidos políticos, com tantos anos de vivência democrática e de experiência no Governo, se tenham afundado tanto, ficando entregues a gente que, afinal, não sabe ser Governo nem esteja, ainda, preparada para o ser.
O que se pode constatar é que hoje os partidos estão cheios de pessoas (estarão?) sem carisma e sem o autêntico sentido das nossas realidades. Daí o desânimo e o pessimismo de muitos portugueses.

FM

Fátima, Cidade da Paz



Conforme li na Ecclesia, a Câmara de Ourém vai incumbir a SRU – Sociedade de Reabilitação Urbana de Cova da Iria, Fátima, de integrar nos seus projectos de requalificação da cidade o conceito de “Fátima, cidade da Paz”.
A ideia é avançada pelo presidente da autarquia, que pretende ver incluída nos arranjos referências à ideia de Paz com que transversalmente se identifica a cidade altar do mundo.
Referencias ao papa João Paulo II, crucial na divulgação da imagem e mensagem de Fátima, e ao diálogo ecuménico são dois dos aspectos pensados e a serem aprofundados pela SRU, no documento estratégico de planeamento dos trabalhos da Sociedade, Fátima 2017, revela o site oficial da Câmara Municipal.
A minha experiência diz-me que o epíteto de “Fátima, cidade da Paz”, fica muito bem àquele local sagrado. Pelo que tenho visto, e conversado, crentes e não crentes sentem-se bem por ali. Como já um dia disse, respira-se paz e até as pessoas se mostram afectuosas para quem chega.
Por vezes há a ideia de que o comércio a descaracteriza, a torna banal. Quem chega e se fica por aí, talvez. Mas quem avança no sentido do encontro com o divino não pode deixar de experimentar uma tranquilidade que nos transcende.
Oxalá “Fátima, cidade da Paz”, possa manter, no essencial, essa transcendência.

FM

ACORDO ORTOGRÁFICO


O ministro da Presidência, Pedro da Silva Pereira, afirmou ontem que Portugal será "fiel" aos compromissos do Acordo Ortográfico de 1991 e sublinhou que o prazo de seis anos de transição "é razoável" para a adaptação às modificações previstas no acordo. Disse ainda que "O Governo decidiu adoptar medidas de transição por um prazo de seis anos - prazo que julgamos suficiente e razoável para que essa transição possa ocorrer”.
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Quem já passou por algumas reformas ortográficas, como eu, não pode ver nenhum drama nisto. Daqui a seis anos, já o mundo da Língua Portuguesa estará em sintonia com as alterações previstas, até porque os computadores, devidamente programados para isso, darão a todos uma ajuda preciosa.
Já agora, não vale a pena alinhar com os pessimistas que ficam horrorizados com a ideia de que a Língua Portuguesa está a ceder a influências estranhas às nossas matrizes linguísticas. Não pensem nisso! Língua que não se adapte ao que vem de fora ou que rejeite a inovação está condenada à morte.

FM

quinta-feira, 6 de março de 2008

Na Linha Da Utopia


Uma mesa comum: «E os alunos?»

1. O que temos verificado no panorama da educação suscita muitas reflexões por este país fora, umas silenciadas outras expressas. Educação, área estruturante e delicada, trabalhada esforçadamente nas últimas décadas por gerações de líderes, professores e famílias, estudantes e entidades. Muitas propostas ou indicativos estimulantes que hoje se consideram pertinentes já são pensados há muitos anos por quem foi abrindo caminhos de uma educação inclusiva e participada pela sociedade a quem, afinal, se destinam os educadores. Da outra face da moeda, muitos défices e limites do “sistema” têm merecido os reparos denunciadores de um consenso na razoabilidade que tarda em chegar. Sem alarmismos, mas sem superficialidades, estas últimas semanas têm sido más demais para ser verdade. Quase um beco sem saída; radicalizaram-se as posições em sector tão fundamental (e alimentador) de uma desejada vida social tolerante, compreensível e comprometida com o essencial da tarefa educativa: os estudantes.
2. Numa simples opinião, talvez ao ponto onde chegámos seja necessária mesmo uma “terceira via”: uma “mesa” onde se recentre o essencial e onde não se sentem as inflexibilidades dos dois lados, mas sim os dois ângulos da questão. Venha e cultive-se uma mentalidade socioeducativa (o “trunfo” dos países desenvolvidos) onde não adianta nada (1º) nem demitir ministros da Educação, (2º) mas onde estes nas políticas que representam saibam construir uma via comum. As inflexibilidades e intolerâncias não conduzem por nenhum caminho, a não ser o pior. A fronteira é ténue, ou já foi mesmo ultrapassada. Quanto mais as versões político-partidárias avançam com as bandeiras dos gritos e das demissões ministeriais (seja de que lado for), mais difícil se tornará a comunidade escolar, a sala de aula, o recreio, o envolvimento dos pais, das autarquias. Para descer basta um instante, para subir a qualidade são necessários anos. Também aqui a noção de reformas que temos carece de uma sustentabilidade que inclua, à priori, a globalidade das expressões.
3. Reformas (como as revoluções) à força, não só no “momento seguinte”, mas, como vemos, “durante”, resulta no panorama caótico impensável. As noitadas dos professores nas ruas do país têm sido estonteantes, no que se diz e no cansaço que gera para ao fim de horas ‘dar aulas’; a “revisão” (natural em processos democráticos) do processo de avaliação de professores tarda demasiadamente, como se fosse algo supradogmático. Queremos buscar razões para a “confiança”, mas, pelo “tesouro” da educação que (não) vemos, só abundam cogumelos desagregadores. Talvez tenhamos de começar do princípio e criar um slogan no ser profundo de cada cidadão: precisamos de nos sentar a uma mesa comum e reflectir sobre «E os alunos?». Não sabendo para onde vamos, sabemos que será pelo que temos visto. Claro, é preciso grandeza de Humanidade para reconhecer que aqui ou ali todos falhámos e queremos melhorar, sem que isso tenha de significar o “atirar pedras” demissionárias. Para quando esta grandeza humana? Conseguiremos mudar esta matriz infeliz da nossa história? Até quando?!

Alexandre Cruz

A política da educação e a educação da política


A propósito das manifestações dos professores, dos vários graus de ensino, ocorre-me sugerir que as comunidades educativas reflictam sobre os assuntos que incomodam tantos docentes, no sentido de construírem opiniões credíveis. Luís Filipe Torgal dá uma achegas, questionando-nos: "Ainda que mal pergunte: existe algum país democrático onde um Governo tenha desejado e conseguido instituir uma reforma em qualquer das suas áreas vitais sem a participação maior ou menor dos seus protagonistas?"