terça-feira, 30 de outubro de 2007

ARES DO OUTONO



OUTONO

O outono montou a sua tenda branca sobre os montes;
tiraram-lhe o tapete verdejante.
O ramo do jasmim perdeu os seus adornos
e a rósea olaia deixa cair as suas flores.
O pálido marmelo amarelece; a romã cora;
ó surpresa! terá um deles bebido o sangue do outro?
Os jardins estão assombrados por negros saltadores:
os negros corvos, com as suas vestes manchadas de pez.
Esses bailarinos do outono começaram a agitar-se;
as aves da primavera calaram os seus brandos concertos.
Amáveis servidores, para festejar o equinócio,
trazem os seus presentes ao afortunado príncipe.
E o longínquo mar encarregou a nuvem
de lhe lançar no trono, de presente, algumas pérolas.

Tradução de Maria Jorge Vilar de Figueiredo,

In “A Rosa do Mundo”

Na Linha Da Utopia




As claques e o presidente. É futebol!






1. Há dias, na Assembleia-Geral do Benfica, o caldo entornou-se! No fundo o caldo (das claques do e no futebol) é estruturalmente entornado. Não há muito tempo, até as suspeitas sobre o tráfico de (coisas… e) influências recaíam sobre grandes claques de grandes clubes. Mas tudo passou, como tudo passa, em ambiente de “apitos dourados” e mais apitos (de todas as cores) onde o obscurantismo é o ambiente propício para tudo ser possível. As claques são, hoje, mais um submundo deste mundo social futebolístico onde, tão simplesmente, por exemplo, devemos perguntar “o que fazem”, “onde trabalham”, “como ganham o pão de cada dia”, “como têm todo o tempo do mundo para o futebol”? E ainda: “o que fazem de bom pela sociedade e mesmo pelos clubes para parecer que têm ‘carta livre’”?
2. O caso de que falamos na dita Assembleia (desta como doutras) tem a sua merecida e emblemática apreciação. As claques de futebol que dão tanto jeito aos presidentes na hora de gritar e puxar pelo clube parecem querer “tomar” o poder. O presidente da direcção, na preocupação de uma gestão que tire o clube da bancarrota, vê-se surpreendido com os factos: as claques, como hábito, estão muito pouco (ou nada) importadas na gestão da colectividade e só querem o clube sempre a ganhar, só não querendo que se lhes toque no calcanhar. Quando a claque se sentiu “tocada” na Assembleia, eis que a ordem passou a desordem, a ponto de outro anterior presidente “puxar” (em vão) pelo respeito… Chama-se a polícia, e a Assembleia, à força, terminou. Nem parecia gente do mesmo clube! Parecia mesmo o cenário habitual dos estádios onde, tantas vezes, em jogos chamados “de risco” são às centenas os polícias que procuram dominar a “fera” humana…
3. Pelo andar da carruagem, e como são as emoções que comandam o barco clubístico (e social), qualquer dia os líderes das claques passam a ter um estatuto ainda mais especial; lembramo-nos de há algum tempo o guia da claque “super dragões” ter sido recebido na TV como se de figura ilustre, letrada e genial se tratasse. Tantas vezes alimenta-se o modelo de sociedade que se critica. As claques em Portugal (como afinal na Europa e Américas) são alimentadas pelos senhores da gestão do clube, pois estes precisam daqueles para a emoção ir ao rubro. Mas, no meio de tudo isto, verdade se diga: tanto jogadores, árbitros, treinadores e presidentes passam de bestiais e bestas num instante… E as claques, não merecerão uma análise mais cuidadosa da sua vida, quer do que são por dentro ao que manifestam por fora? Concluindo, em matéria que volta e meia vai sendo refrão de fim-de-semana: é lamentável que tantas vezes essa adrenalina das claques se manifeste em intolerância e em vandalismo com os outros e mesmo com as Estações de Serviço na Auto-Estrada! Mas, cuidado, o assunto tem de ser lidado com pinças, são emoções públicas, e estas são bem perigosas. No fundo, o seu tratamento (determinado ou não) depende sempre do modelo de sociedade que queremos.

Alexandre Cruz

REFERENDOS E DEMOCRACIA

"Por que razão a natureza democrática de umas decisões exige o referendo e nou-tros casos já não depende da consulta popular? Por que razão é “necessário” referendar o Tratado de Lisboa e nunca foi necessário referendar a Constituição portuguesa? Se é tão importante os portugueses dizerem se querem estar na União Europeia, porque não realizar um referendo a perguntar se querem viver numa república ou numa monarquia? Estes exemplos mostram o absurdo do argumento a favor do referendo sobre o Tratado de Lisboa. Não se entende porque nuns casos é necessário “ouvir o povo” e noutros casos já não é." João Marques de Almeida, In Diário Económico

ESCUTAS TELEFÓNICAS




ATENÇÃO, CIENTISTAS,
RESOLVAM ESTE PROBLEMA


Quando o Alexandre Bell inventou o telefone (ou o cientista que reivindicou a mesma descoberta...., na altura), longe estava de pensar que este progresso traria, para além dos imensos benefícios por todos reconhecidos, o crime de tanta gente poder escutar, covardemente, aquilo que estamos a conversar com os amigos.
Lá que haja escutas telefónicas, em situações de guerra ou de crimes graves, devidamente autorizadas, vá que não vá. Mas agora podermos ser escutados sem qualquer regra... vai uma grande distância.
O PÚBLICO de hoje alerta para o facto, real, de uns dez serviços policiais poderem escutar, a seu bel-prazer, o que falamos, pensando nós que em privado.
Aqui fica um alerta para os cientistas investigadores. Descubram uma forma, rápida e eficaz, de ninguém poder aceder aos nossos telefones. Se não descobrirem, será que teremos de atirar para o lixo este aparelhozinho tão importante?

OS DIREITOS DA TERRA



A “verdade inconveniente” de Al Gore deixou algumas dúvidas, como é sabido. Pareceu a alguns que o portador duma causa – a defesa do planeta – estava viciado de protagonismo interesseiro como “mestre da humanidade” a debitar lições pelos recantos ricos do planeta. Nobel da Paz deste ano, ganha a autoridade do que faz e diz no alerta vermelho para a mãe Terra, planeta azul.
Estamos perante uma questão ética, não apenas como afirmação teórica mas como urgente medida de consciência e atitude pessoal e colectiva, cultural e económica. Se todos abandonássemos o planeta no fim deste ano, ele facilmente se recomporia, no dizer de alguns ficcionistas. Sem o homem, com os animais à solta e as sementes, plantas e árvores sem restrições, brevemente – nuns poucos milhares de anos – a terra voltaria à sua atmosfera, fertilidade e equilíbrio. Só que, vazia do homem. E que vale esta terra sem o homem?
Como se percebe já entrámos em sérias implicações com estes exercícios mais imaginários que hipotéticos. Em qualquer caso há factos anotados: o aquecimento global, as mudanças climáticas com as sequelas que vamos conhecendo todos os dias. De novo se questiona sobre o tipo de desenvolvimento por que enveredámos. E como é possível prosseguir ou recuar. Do petróleo ao plástico, das violências quotidianas sobre os ritmos pacientes da natureza, às sucessivas ameaças ao equilíbrio ambiental, pomos em causa todo o nosso sistema de vivência e convivência.
São mais as questões que as soluções. A consciência individual vai-se muitas vezes aquietando face à impotência perante a fome, a desigualdade de oportunidades, a distribuição dos bens. Em matéria de ambiente sabe-se que são os mais poderosos que mais estragam a terra. Mas também se sabe que em qualquer recanto do planeta cada cidadão oferece uma percentagem significativa para o todo, na forma como se relaciona com a água, o ar, a alimentação, os meios de transporte, as opções limpas ou poluentes, os produtos preferidos, os hábitos adquiridos e transmitidos a novas gerações. Ninguém está fora deste barco. Trata-se duma “moral da vida” a que a consciência cristã não pode fugir. Sem nunca travar o progresso. Mas assumindo a responsabilidade de pertença comum do planeta. Para que este se não torne num triste pássaro ferido.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Na Linha Da Utopia



Alerta Amazónico!

1. A ordem do dia irá ser cada vez mais marcada pelas questões ambientais. Como ao longo de cerca de duas décadas tem sublinhado Al Gore, Nobel da Paz 2007, «esta é uma questão moral, que afecta a sobrevivência da civilização humana». Ao olhar para trás, muitos foram os profetas que, do Oriente ao Ocidente, anteciparam a urgência de uma nova relação com a natureza que, afinal, também somos, e a qual devemos preservar. É isso mesmo, no fim de contas, esta é uma questão de “dever” ético.
2. À semelhança de muitos países africanos, por terras brasileiras, desde os tempos mais remotos dos “achamentos”, que os recursos naturais são explorados desmedidamente. De um lado, justificadamente, a necessária sobrevivência humana, do outro o interesse económico explorador que torna impossível uma saudável e urgente preservação. Diante dos que exploram desmedidamente muitos têm sido, em terras brasileiras, os mártires da defesa ambiental, de que poderá destacar Chico Mendes (no Acre, assassinado em 1988) e a Irmã Dorothy Stang que foi assassinada, aos 73 anos de idade, em Fevereiro de 2005.
3. Mas os ritmos dessa exploração descontrolada hoje são outros, bem piores, vão-se agravando, numa velocidade que obriga a fazer as contas ao tempo de vida do “pulmão” amazónico. Hoje, o desejo pelas madeiras tropicais vai desbravando mundos e fundos, onde os interesses madeireiros e agrícolas no extenso Brasil coloca em perigo o mais rico e diverso ecossistema do mundo. Sendo certo que nas zonas de proximidade da Amazónia o “mercado” é o rio e a floresta, o facto é que tanto a desflorestação desordenada como a sua queimada nas carvoarias ou não, além de ir secando o pulmão, representa uma gigantesca emissão de CO2.
4. Com o ritmo a que se vai, com a destruição de cerca de 15 milhões de floresta tropical por ano, são aproximadamente 8 mil milhões de toneladas de CO2 (dióxido de carbono) emitidas anualmente com o fumo dos incêndios, (para termos uma ideias) “factura” muito superior às emissões dos transportes terrestres. Que temos nós a ver com tudo isto? Que podemos fazer? Que soluções alternativas? A nossa sensibilização será sempre o primeiro passo para a mudança de mentalidade/acção. Mundo global, mais que nunca os bens ou os males de uma comunidade local, mais cedo que parece, chegam a toda a comunidade humana. Afinal, uma cidadania humana planetária, uma TERRA-PÁTRIA, é hoje a casa (OIKOS) comum. Colheremos sempre os fruto do que semeamos! Sem fanatismos, com realismos!

Alexandre Cruz

Beatificação de 498 mártires espanhóis

Crónica de Bento Domingues, no PÚBLICO de ontem.

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