domingo, 30 de setembro de 2007

ARES DO OUTONO


OUTONO

Tarde pintada
Por não sei que pintor.
Nunca vi tanta cor
Tão colorida!
Se é de morte ou de vida,
Não é comigo.
Eu, simplesmente, digo
Que há tanta fantasia
Neste dia,
Que o mundo me parece
Vestido por ciganas adivinhas,
E que gosto de o ver, e me apetece
Ter folhas, como as vinhas.


Miguel Torga



In “DIÁRIO”, 1968

Na Linha Da Utopia



IMPLOSÃO POLÍTICA?

1. Implosão? Certamente que não! Mas a conjuntura da eleição do líder partidário do maior partido da oposição confirmou como vamos andando. Claro que a actividade política, como fenómeno geral, não se esgota nos partidos, embora estes, com seus “aparelhos”, na hora da verdade, acabem por abafar outras opções. De quando em quando fala-se e vêem-se movimentos cívicos e mesmo outras novas formas de “participação” mas que, com pena, passado umas semanas, perdem a força por falta de estrutura própria acabando por ter vida breve.
2. O dizer-se que “cada país tem os políticos que merece”, além de ser comentário fácil e/ou mesmo de descomprometida analítica, sempre generalista, resulta em não acrescentar nada de bom e novo à realidade. Os fenómenos comunicacionais de hoje, que sobrepõem o entretenimento às questões de fundo (que o diga Santana Lopes na adiada Entrevista à SIC Notícias), acabam por ser o espelho de uma verdade cultural, da qual então se poderá dizer, isso sim, que “cada país tem os cidadãos que merece”, ou melhor: “cada país tem os cidadãos que tem (somos)!”
3. As recentes eleições do maior partido da oposição de feridas abertas merecem a maior atenção; como já antes haviam merecido a maior importância as eleições para a presidência da Câmara de Lisboa da qual saiu vitoriosa a abstenção. Tanto para os próprios como para o país, o “à deriva” confuso político-partidário é sempre sinal que deita a perder todas as boas intenções de todos. Fenómeno não novo e preocupante (por caricato) era tristemente interessante de observar na reclamação “ética” de ambas as partes, quando nenhuma delas tinha esse oxigénio vital de completa dignidade. Assim, não há condições!
4. Como edifício em implosão, diante de uma sempre inquietante abstenção cultural entretida, as bases de uma desejada credibilidade política vão ruindo. Não de fora, mas por dentro. Pior ainda! Mau para todos. Custando muito construir uma “torre”, num instante ela pode cair. Mas tudo continuará, a viagem humana sempre foi assim! Todavia, embora pareça interessante ao timoneiro do barco comum o desnorte alheio, não se pense que isso é bom… As eleições legislativas de 2009 trazem consigo o perigo da superconcentração do poder; isso sempre foi, no mínimo, menos bom (e por vezes mau)... A democracia real e dinâmica da liberdade precisa de oposições credíveis. Essa será a base saudável e autêntica de uma comunidade que sabe (con)viver com a diferença de opinião. Isso!

Alexandre Cruz

sábado, 29 de setembro de 2007

Postal ilustrado


MOLICEIROS MOSTRAM A RIA




Ali, no Canal Central, mesmo ao lado do Fórum, há sempre motivos que ilustram um qualquer postal ilustrado. Basta olhar daquele centro comercial, onde a maioria dos frequentadores procura algo que faz falta, para ver que tenho razão. Moliceiros que navegam, não ao sabor do vento, que costuma na ria encher as velas, nem das varas, que homens de garra antigamente (e ainda hoje, num ou noutro dia de festa) manejavam com arte e saber, mas a motor, levando turistas que se deliciam com a viagem, curta e saborosa. Experimentem, por favor.

Um artigo de Anselmo Borges, no DN

AS DÚVIDAS
DE CRENTES E NÃO CRENTES


As dúvidas de Madre Teresa de Calcutá quanto à existência de Deus parece que afligiram mais os não crentes do que os crentes.
Na obra recém-publicada Mother Teresa: Come Be My Light - Madre Teresa: vem e sê a minha luz -, com correspondência da religiosa célebre, aparece uma Madre Teresa em profunda crise espiritual, que chega a duvidar da existência de Deus. "O silêncio e o vazio são tão grandes que olho mas não vejo, escuto mas não oiço, a língua move-se durante a oração mas não fala", escreveu numa das cartas
:
Pode ler todo o artigo em DN

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Costa Nova em festa

Costa Nova. Foto antiga, como bem se vê


NOSSA SENHORA DA SAÚDE
ENCERRA ÉPOCA BALNEAR

Segundo a tradição, as festas em honra de Nossa Senhora da Saúde, na Costa Nova, com data marcada para o último domingo de Setembro, encerram a época de veraneio. Não está escrito em parte nenhuma, que eu saiba, mas na prática é assim. As aulas, as actividades profissionais e um pouco de frio, que não tarda aí, ditam a sentença.
Como é costume, não faltarão pessoas de todos os lados, de mistura com os naturais e com as gentes de Ílhavo e arredores, mais os gafanhões das diversas Gafanhas, para dar vida a uma festa enquadrada pela ria e pelo mar, todos à espera da bênção da Senhora da Saúde, que pode chegar a qualquer hora. Divertimentos com fartura, comes e bebes onde não pode faltar o peixe saboroso da laguna, missa de acção de graças e procissão pelas principais ruas da Costa Nova, de tudo um pouco haverá para animar o povo. Povo que convive, alegre e feliz, e que promete voltar, no próximo ano, para mais uma época balnear, na esperança, se possível, de que essa seja melhor do que a que termina neste domingo.

Na Linha Da Utopia

O Estado (da questão)

1. A liberdade anda perdida. A visão de liberdade que se proclama é mais a “exclusão neutralista” que o generoso acolhimento da diversidade valorativa. Para algumas mentalidades (pro)motoras, às quais a indiferença futebolística dá jeito, parece que ainda estamos na Revolução Francesa (1789), onde a “liberdade, igualdade e fraternidade” são unilaterais, só para alguns. A razão de Estado, até aí convergente e daí emergente, mais que acolher a riqueza da diversidade em dignidade da vida das pessoas, visa(va) impor o seu próprio modelo. Mais que uma liberdade que acontecesse na vida das pessoas, ela ganhava contornos de oposição bloqueadora da própria liberdade (pessoal e institucional). Pura ironia da história humana!
2. Qual o lugar das pessoas na decisão do Estado? Que margem de participação têm as pessoas a quem se dirige a lei aprovada? Quando legislação é sinónimo de imposição, temos a própria democracia em questão. Claro haverá a hierarquia de verdades, claro que nem tudo o que a maioria quer é automaticamente verdade com dignidade. A agenda do país está controlada, e nessa rede de (pre)ocupações tanto pouco lugar terão os excluídos da sociedade (sejam pobres sem curso ou com curso), como os que procuram cuidar o seu acompanhamento. Não sendo nenhuma diversidade proprietária de tudo, estes, conotados com isto ou com aquilo (esquecendo-se a agenda que o essencial é o serviço às pessoas), têm o campo de acção apertado, limitado, para fechar.
3. Pura ilusão, quando a razão de Estado asfixiará os próprios donos da agenda; eles também serão as vítimas da sua ilusão. Esquecem-se que as voltas da vida mudará os cenários e que um dia precisarão de cuidados médicos e, na humildade radical, de alguém que lhes dê uma “esperança”. O que faltará na profunda formação humana que nos venha, duma vez por todas, dizer que liberdade (não é exclusão da profundidade humana) mas será todos termos oportunidade de nos sentirmos em casa, cada um na sua diversidade de pensamento?! Há tanto a apre(e)nder! Mas até lá os estragos vão frutificando. (A última vergonha é o “afastamento” dos capelães hospitalares e da pessoa doente ter de “assinar” a sua vinda…! Para bom entendedor… Em liberdade, haja acolhimento de todas as perspectivas e não a sua exclusão. Para quê negar o próprio futuro?). Felizmente nem tudo (ainda?) é assim; mas a liberdade anda sem cor!

Alexandre Cruz

Postal ilustrado


BELEZA EM CONÍMBRIGA
Quem pode ficar indiferente a tanta beleza que os postais ilustrados de Conímbriga, com a arte bem visível de artista da civilização romana, nos mostram? Este chão, polícromo, diz tudo. E se dos postais ilustrados descermos à realidade, então muito mais teremos que apreciar. É certo que, num ambiente destes, longe dos barulhos que às vezes nos tolhem as ideias claras, ficaremos mais ricos e, quem sabe, mais serenos.

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