terça-feira, 5 de junho de 2007

MANOEL DE OLIVEIRA



Cinema: o meu amigo Manoel



Entre os meus amigos conta-se Manoel de Oliveira, um cineasta a que ninguém fica indiferente. Conhecido por muitos como autor de obras extensas e difíceis de acompanhar é, sobretudo, um realizador multifacetado, que tem percorrido os mais diversos géneros, trabalhado narrativas em diferentes ritmos e revelando sempre uma enorme competência cinematográfica.
Começou com "Doura Faina Fluvial", em 1930, seguindo-se diversas curtas metragens até 1942, data da sua primeira longa bem famosa, "Aniki Bobó". Nos vinte anos seguintes apenas um par de curtas metragens, uma das quais, "O Pão", em duas versões. A partir de 1962 a sua carreira intensifica-se progressivamente, até criar o espantoso ritmo de um filme por ano, que desde os anos 80 caracteriza a sua carreira.
Para além do drama "Vale Abraão" - como vários outros dos seus filmes tomando por base Agustina Bessa Luís e um dos seus trabalhos mais cotados - passou pela comédia, como "A Caixa", a reconstituição histórica e o romance e, também, por apontamentos até certo ponto autobiográficos como "Viagem ao Princípio do Mundo" e "Porto da Minha Infância", este último com uma vertente humorística muito considerável e em que retoma o trabalho de actor, que preencheu o início da sua carreira e "meio papel" em "A Divina Comédia", substituindo Ruy Furtado que morreu antes do filme terminado deixando muitas sequências em aberto.
A desconfiança do público português levou muito tempo a ser dissolvida. "Aniki-Bobó" vinha de uma época distante e filmes excelentes, como "Francisca" ou "O Sapato de Cetim" não eram de leitura fácil para a generalidade do público. Primeiro em França, depois em outros países (incluindo os Estados Unidos) o génio criador de Oliveira começou a ser reconhecido e divulgado, o que tornou inevitável o despertar mais forte do público português, sobretudo o mais cinéfilo. O nível de divulgação foi aumentando, sem nunca atingir a dimensão merecida. Mas mesmo para quem põe reservas ao autor e ao seu estilo Manoel de Oliveira é hoje unanimemente considerado o melhor cineasta português e, acrescente-se, o mais produtivo.

Francisco Perestrello
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Manoel de Oliveira recebe o Prémio de Cultura Padre Manuel Antunes de 2007

Um artigo de António Rego


OS NOMES E AS RAÍZES



Os títulos e as embalagens são muito práticos. Em poucas palavras e imagens contam-nos tudo o que está dentro. Mas quando abrimos, vemos que a realidade é mais complexa. E que um título num jornal ou revista não passa muitas vezes dum engodo, buraco de fechadura para se espreitar o que está escondido.
Muito do que se diz sobre a Europa padece deste olhar parcelar e velado acerca duma realidade milenar com uma densidade estonteante de culturas, civilizações, fenómenos políticos e sociais, revoluções, guerras e tratados, mortes e reencontros num grande compêndio de história.
Muitas vezes a Europa é reduzida, maltratada, ofendida mesmo, nas grandes correntes que gerou e no protagonismo com que se posicionou perante povos e civilizações.
Vivemos uma época privilegiada, de paz, de procura duma Comunidade mais que económica, duma aproximação dos países mais pobres, duma convergência gerada por um espírito que foi “gestado” na civilização cristã em valores que têm outros nomes mas a mesma raiz evangélica.
O que se passa com a Europa passa-se com outros sectores do nosso tempo: um mundo laico foi aprendendo e dizendo novos vocábulos e por vezes esquecendo a sua raiz e o espírito que a gerou.
Vem tudo isto a propósito dum documento de invulgar lucidez elaborado por um “comité de sábios” para os Bispos da Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia. Trata-se dum verdadeiro “dicionário de sinónimos” entre os valores cristãos ou, se se quiser, a dimensão ética da União Europeia neles assente. Falar de paz, tolerância, subsidiariedade, liberdade, responsabilidade, é dizer o Evangelho num formulário moderno. Talvez, por isso, não valha a pena definir o Tratado da União, apenas pelo título ou pelo primeiro parágrafo.

CUFC celebra 20 anos de existência

Festa no CUFC. Foto do meu arquivo

PRESENÇA DA IGREJA
NO MUNDO UNIVERSITÁRIO




O Centro Universitário Fé e Cultura (CUFC) da diocese de Aveiro celebra 20 anos de existência. Foram "duas décadas intensas", afirma à Agência ECCLESIA o actual director, Padre Alexandre Cruz. O CUFC tem sido a referência e a presença da Igreja.
Numa progressiva abertura à comunidade local, o CUFC tem uma linha de actuação situada no âmbito eclesial. "É a presença do religioso na Universidade" – salienta o director. E acrescenta: "O religioso construído e alicerçado no humano." O espírito do CUFC está presente em Cabo Verde, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné, Timor e Brasil, onde a língua portuguesa e a cooperação entre instituições proporciona o acolhimento em Aveiro de jovens vindos destes países da CPLP.
A missão das ciências reside na "construção de um mundo novo" que atinge "a plenitude e o sentido ideal com a fé" – sublinha o Padre Alexandre Cruz. Neste diálogo aberto, criativo e dinâmico, as "células vivas terão que ser grupos de desenvolvimentos".
São diversas as mensagens de parabéns que "nos chegam de alguns destes países, de jovens universitários que sentiram esta casa como sua" e, agora, estão nos seus países a lutar por um futuro melhor. De norte a sul, do litoral ao interior de Portugal, dos programas de mobilidade académica de universidades europeias (Erasmus), e de outros programas que "trazem até nós estudantes da Ásia ou das Américas, nem que tenha sido numa simples Ceia de Natal (a 24 de Dezembro, em co-organização com os Serviços de Acção Social da UA, com cerca de oitenta/noventa estudantes de todo o mundo), o calor humano e o aconchego proporcionado é lembrado como sinal de esperança numa humanidade nova, fazendo do Centro uma plataforma contínua de "vai e vem", de enriquecimento entre todos".

Leia mais em Ecclesia

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Igreja e cultura




Igreja procura
relevância
na vida cultural
:




Assumir a presença na cultura contemporânea, como portadora de valores específicos e relevantes, é um dos maiores desafios que se coloca à Igreja Católica no nosso país. A conclusão brota da III Jornadas Nacionais da Pastoral da Cultura, que decorreram em Fátima.
D. Manuel Clemente, presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais (CECBCCS), refere ao Programa ECCLESIA que "há expectativas muito positivas da parte da cultura em relação à Igreja e talvez a mais importante seja a que a Igreja possa representar, no espaço da cultura, uma presença que sinaliza as preocupações e os valores mais ligados à humanidade e à pessoas humana".
Perante esta "expectativa tão positiva" da cultura contemporânea, é essencial que a Igreja não se limite a acções esporádicas, mas apresente uma continuidade de actividades que "levem a Igreja a ter uma inscrição, uma presença na cultura contemporânea e seja verdadeiramente fecunda".
Cada Diocese foi convidada, nas Jornadas, a "organizar locais onde as pessoas se encontrem como convivência e como fermentação de uma cultura propriamente evangélica”.
A iniciativa, segundo o Bispo do Porto, serviu para "vermos naquilo que estamos a fazer o que é realmente prioritário".
"Há muita gente se interroga ao nível propriamente cultural sobre a vida, sobre o acontecer português e não só português na actualidade e que com essa interrogação há muita gente a querer progredir quer no campo confessional quer para além dele", apontou.
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Foto: D. Manuel Clemente


Fonte: Ecclesia

Um poema de João de Barros

Monumento a João de Barros na Figueira da Foz


AQUELE MAR

Aquele mar da minha infância,
bom camarada e meu irmão
a sua voz, o seu olor, sua fragrância
tanto os ouvi e respirei
que trago em mim o seu largo ritmo,
seu ritmo forte,
como se as praias onde espuma
quase me fossem
praias sem fim dentro de mim
ocultas praias, largas praias
do tumultuoso coração…
Aquele mar
meu confidente de horas idas
tudo escutava e adivinhava
do meu pueril e ingénuo anseio.
Nada sonhei que o não dissesse
– frémito de alma, grito ou prece –,
às madrugadas e aos poentes,
ao sol, às nuvens, ao luar,
ora nascendo, ora morrendo
nos longos, longos horizontes
em que se perdia o meu olhar…
Aquele mar
na calma azul, no temporal,
nunca mentia: era um só beijo,
hálito puro, largo harpejo
que me entendia e respondia
no seu inquieto marulhar…
Moço e menino, solitário,
rochas, falésias, areais
eu coroava-os de alegria
nos meus passeios matinais.
Ou nalgum barco pescador,
velas abrindo a todo o pano,
do oceano então era senhor,
largava a escota, navegava,
no vão desejo de aventuras,
que não chegava a realizar…
Mas era meu, e eu pertencia-lhe,
àquele mar,
era seu filho, escravo e dono,
sorria à sua Primavera,
amava a luz do seu Outono,
o vivo lume dos estios
a violência dos Invernos
longos clamores de temporais.
Aflito voo das gaivotas
junto das negras penedias,
também como ele me perdias,
nas tardes tristes e sombrias,
na bruma gélida das noites…
E a eternidade então ouvia
humano sonho sempre esquecido
na eterna voz que fala o mar.


NOTA: Edição de “Mar Alto” – Figueira da Foz,
1 de Junho de 1969, no dia da Festa da Cidade ao poeta.

Ares da Primavera



A PEIXEIRA DE BUARCOS

Correndo airosa e ligeira
Deixa música no ar…
Que o pregão desta peixeira
É Buarcos a cantar

Maio de 1966

Nota: Visitar uma terra, por mais simples que ela seja, exige de nós um olhar especial sobre os monumentos. Eles retratam o quotidiano histórico ou presente da vida das pessoas.


Regresso

Aqui estou de novo, no espaço habitual, com votos de bom trabalho para todos. E também de muita saúde e de mais optimismo, que a vida não vale lamúrias.
Fernando Martins

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