sexta-feira, 25 de maio de 2007

Um artigo de João Carlos Espada, no EXPRESSO


A PROPÓSITO
DE FÁTIMA


Em Fátima, no fim-de-semana passado, terão estado cerca de meio milhão de pessoas. Numa intervenção radiofónica, José Miguel Júdice comentou o fenómeno com a sua habitual perspicácia. Observou a intensa manifestação de fé, que contraria os cíclicos prognósticos sobre o declínio da religião. E chamou a atenção para que essa manifestação, ao contrário de outras noutros países, foi profundamente pacífica, inclusiva e não política. Acrescentou que a igreja católica tem em Portugal uma vastíssima acção social de apoio aos desfavorecidos que devia ser mais acarinhada pelos poderes públicos.
Seria desejável que estas palavras sensatas pudessem contribuir para atenuar o preconceito anticatólico, ainda tão forte entre nós.
Um elemento importante deste preconceito continua a residir no argumento de que o catolicismo se opõe à democracia. Mas os factos também não corroboram essa tese. Os estudiosos da transição à democracia reconhecem hoje que o 25 de Abril português esteve na origem da chamada “terceira vaga de democratização mundial” — uma tese inicialmente proposta por Samuel Huntington.
Entre 1974 e 1989, observou Huntington, mais de trinta países, na Europa, Ásia e América Latina, transitaram de regimes mais ou menos autoritários para regimes mais ou menos democráticos. Dois dos três primeiros países a democratizarem-se (Portugal e Espanha) são maioritariamente católicos. A seguir, o movimento de democratização atingiu seis países da América do Sul e três da América Central, todos eles dominantemente católicos. As Filipinas foram o primeiro país asiático a reunir-se à ‘terceira vaga’. E a Polónia e a Hungria católicas foram os primeiros países do Leste europeu a ensaiar a democratização. Como observou Samuel Huntington, “três quartos dos países que transitaram à democracia entre 1974 e 1989 eram dominantemente católicos”.
Mas seria ainda um equívoco reconhecer apenas esses contributos mais recentes da religião cristã para a liberdade. Muito antes de Voltaire ter escrito sobre a tolerância, John Milton e John Locke fundaram o dever da tolerância na moral cristã. Lord Acton, o célebre católico liberal inglês do século XIX, argumentou persuasivamente que S. Tomás de Aquino lançara os fundamentos da atitude liberal. E o católico Alexis de Tocqueville observou, em páginas veementes, que a democracia na América não podia ser compreendida sem o contributo da fé cristã para alicerçar o ideal das limitações constitucionais ao poder político e do direito natural dos indivíduos “à vida, liberdade e busca da felicidade”.

Um poema de António Patrício

DE QUE ME RIO?
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De que me rio eu?... Eu rio horas e horas só para me esquecer, para me não sentir. Eu rio a olhar o mar, as noites e as auroras; passo a vida febril inquietantemente a rir.
Eu rio porque tenho medo, um terror vago de me sentir a sós e de me interrogar; rio pra não ouvir a voz do mar pressago nem a das coisas mudas a chorar.
Rio pra não ouvir a voz que grita dentro de mim o mistério de tudo o que me cerca e a dor de não saber porque vivo assim.
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NOTA: Há pouco, no programa "Entre Nós", da RTP2, ouvi que o poeta António Patrício estava a cair no esquecimento. Aqui fica a sugestão para que o leiam.

Ares da Primavera


MOLICEIROS AOS PÉS DA ANTIGA CAPITANIA
:
Há dias, na cidade, vi este quadro bem concebido. Barcos moliceiros, com as suas típicas decorações, ao sabor e saber populares, estavam postados aos pés da antiga capitania e actual sede da Assembleia Municipal de Aveiro. Do lado direito, o Fórum, uma boa sala de visitas da capital do distrito. Quem passa não pode deixar de admirar este quadro, para turista ver. Turistas somos nós todos os que passeamos, por aqui perto ou mais longe.
Os barcos da nossa Ria ficariam melhor a navegar, com gente de trabalho e de passeio. Mas os tempos são outros e não se compadecem com tarefas que não sustentam o povo. No entanto, foi muito boa a aposta de preservar o nosso passado, nele se incluindo a beleza dos nossso moliceiros.
Quando por lá passar, não deixe de os fotografar. Eles gostam muito que os levem como boa recordação.

Bandeira Azul

Praia da Barra


PRAIAS DE ÍLHAVO E AVEIRO
CONTEMPLADAS
COM A BANDEIRA AZUL

As praias de Ílhavo (Barra e Costa Nova) e Aveiro (S. Jacinto) foram contempladas, mais uma vez, com a atribuição da Bandeira Azul. Isto significa que os veraneantes podem usufruir, descansados, dos benefícios das nossas praias. Assim tenham hipóteses de gozar férias nestes recantos paradisíacos do litoral português.
É certo que este galardão não é dado por acaso. Ano após ano, os nossos autarcas esmeram-se na arte de bem servir quantos aqui vivem e quantos nos visitam, sobretudo na época balnear.
Há dias fui à Barra, como é meu costume, e pude apreciar a azáfama com que ali se trabalhava, para que tudo fique afinado na hora própria de receber os nossos convidados. É bom sentir que alguém olha com atenção para as nossas riquezas naturais, preparando-as para acolher quem chega com vontade de gozar férias.
Sejam bem-vindos!

ÍLHAVO: Actividades para jovens



UMA BOA OPORTUNIDADE
PARA OCUPAR BEM O TEMPO



A Câmara Municipal de Ílhavo volta a promover mais uma edição do Programa Municipal de Ocupação de Tempos Livres (PMOTL). Este programa destina-se a jovens dos 16 aos 30 anos e decorrerá durante os meses de Julho e Agosto. Os interessados deverão inscrever-se até 15 de Junho.

INSCRIÇÕES E INFORMAÇÕES

Fórum Municipal da Juventude
ÍLHAVO Tel 234 321 079
GAFANHA DA NAZARÉ Tel 234 183 773
VALE DE ÍLHAVO Tel 234 326 826

Biblioteca Municipal de Ílhavo

PÓLO GAFANHA DA ENCARNAÇÃO Tel 234 086 668
PÓLO DA GAFANHA DO CARMO Tel 234 398 009

Câmara Municipal de Ílhavo
Tel 234 329 602
www.cm-ilhavo.pt geral@cm-ilhavo.pt

NOTA: Ver Ficha de inscrição e Normas em CMI

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Um artigo de D. António Marcelino



MAÇONARIA, REPÚBLICA
E PODER GOVERNATIVO



Vivemos em regime democrático. Há quem se diga democrata e a quem a democracia incomode. Assim se cai na tentação da promiscuidade que envenena o ambiente e o espaço que é de todos. Se no regime em que vivemos se devem respeitar as opções, ninguém está impedido de falar livremente, sem medo, perante o que se vai vendo, conhecendo, e que pretende influenciar a comunidade de que todos fazemos parte.
A democracia não é um fim, nem pode servir de meio para que o poder, qualquer que ele seja, se aproveite dos postos de comando para empobrecer e dominar um povo livre.
A maçonaria viveu em Portugal, desde que chegou em princípios do século XVIII, horas difíceis. Foram perseguições de fora e divisões de dentro. Tempo seguido com contradições e projectos, uns conseguidos, outros frustrados. O apoio que então deu à “Carbonária”, motor organizado da queda da Monarquia, e a identificação conseguida, com a jovem República, inspirando ou fazendo seus os ditos “valores republicanos”, deram-lhe impulso para dominar. Isto permitiu-lhe conduzir o processo do inicio do novo sistema, minando os órgãos fundamentais da soberania, desde a Presidência da República ao Parlamento, destruindo o que não dominava e conquistando uma presença efectiva, bem marcada e visível, nos mais diversos lugares de influência do Estado. Teve, depois, de entrar de novo em meia clandestinidade. Este facto, porém, não a impediu de fazer acordos secretos com o poder, para que, dada a sua influência o mesmo se pudesse manter, mesmo quando publicamente perseguia a Loja. E foi assim, como se sabe e se diz, até nos tempos de Salazar, que, olhando para o lado, cedeu na orientação de serviços públicos conhecidos e cobiçados, dada influência destes no povo.
A aceitação oficial da Loja deu-se com o 25 de Abril, por razões óbvias, depressa explicadas por motivo de quem ia aparecendo na ribalta política dominante. O novo poder fez-lhe a entrega de bens antes expropriados e pagou-lhe indemnizações. Às claras recomeçou-se, então, a falar da maçonaria e a dizer da campanha persistente que ela fazia nos corredores da Assembleia da República, junto de gente nova ansiosa por benesses no presente e sonhando com as boas promessas de futuro. Abriram-se portas, antes e sempre fechadas, publicaram-se nomes de alguns aderentes, não todos, com influência nos diversos quadrantes da sociedade portuguesa, manteve-se, porém, o sigilo dos ritos de iniciação e de outros ritos importantes. Aliviou-se algum secretismo, mas a Loja continuou a ser uma associação fechada, sem a abertura normal, propiciada por regime democrático. Esta situação deu direito a desconfiar do que se passa e programa.
O sol da primavera é propício para trazer à luz o que as tocas escondem em invernos prolongados. Porque o ambiente político se tornou propício e a ocasião convidativa, a maçonaria começou a apresentar os seus projectos para o país. A nós o dever e o direito de apreciar, dizer e alertar sobre o que se projecta, porque a todos nos diz respeito.
A maçonaria portuguesa aparece, de novo, com algum espírito de “carbonária”, eivada de um acirrado laicismo, tendo no horizonte os “valores republicanos”, lidos unilateralmente, e empenhando-se por introduzi-los como inspiradores das leis que devem reger o povo. Esquece-se que o poder democrático não se pode exercer à revelia dos valores que um povo concreto e sensato sempre teve, quer ter e defende, para salvaguarda da sua identidade, dignidade e futuro em liberdade. Impor é matar e destruir.
Há que fechar a Igreja na sacristia, ignorar os valores cristãos, fazer tábua rasa de uma cultura milenária, negar a história pátria e secar as suas raízes vitais, mudar o sentido das instituições que dão consistência à sociedade, fechar o homem, por via da educação nas escolas e meios de comunicação social, à dimensão do transcendente. Será este o programa “político” actualizado do partido socialista, agora publicamente de mãos dadas com a maçonaria? Se a perspectiva é de um laicismo redutor, o que restará da democracia? Um povo decapitado. E que será o partido socialista? Uma galeria vistosa, com muita gente alienada e encostada. E a maçonaria? A estratégia táctica de servir e de se servir de um poder sem ideologia.
Mas as prioridades num país que empobrece têm de ser outras, se quisermos sobreviver.

DIAS POSITIVOS




A MALDIÇÃO
DE S. TOMÉ




Consta que Tomé, duvidando da ressurreição de Jesus, disse: “Se não vir o sinal dos pregos nas suas mãos e não meter o meu dedo nesse sinal dos pregos e a minha mão no seu peito, não acredito” (Jo 21,25).
Na mentalidade dos tempos modernos, esse episódio ficou resumido no “ver para crer, como S. Tomé” e entranhou tanto na nossa cultura que se converteu em maldição: acreditamos em tudo o que vemos... se passar na televisão.
“Encontraram os ossos de Jesus. Eu vi na televisão” ou “Jesus era casado e teve filhos. Vi num filme”. Afirmações como estas ou parecidas chegam às catequeses e às aulas de EMRC, estão nas conversas dos adultos. Viram, logo acreditaram. O que passa na televisão converte-se em critério de verdade. E de consumo. E de acção. E de preocupação. E só o que passa é que existe.
É preciso dizer que há mais vida e verdade para lá dos interesses, efeitos, montagens, espectáculos e negócios da televisão. É necessário ensinar a desconfiar do que vemos para não ficarmos prisioneiros da maldição involuntária de S. Tomé: ver para crer e acreditar em tudo e só no que se viu.


Jorge Pires Ferreira
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Fonte: Correio do Vouga

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