domingo, 7 de janeiro de 2007

ABORTO - 7

“SIM” ou “NÃO”?
Os partidários do “SIM” e do “NÃO” estão já preparados para a partida, na defesa das ideias em que acreditam. O referendo é já em Fevereiro e urge aproveitar o tempo para fazer passar as mensagens que se propõem fazer chegar ao povo português, pouco dado a este tipo de consultas. A abstenção adivinha-se, a não ser que os partidários das duas correntes em confronto descubram a arte de sensibilizar os eleitores para se deslocarem às mesas de voto. À partida, o povo português, que se diz católico, votará “NÃO”, porque é essa a posição da Igreja Católica. Nessa perspectiva, a cultura da vida tem de estar sempre no horizonte dos crentes, contra a cultura da morte que muitos teimam em proclamar. Em nome de direitos ou pseudodireitos, há quem aceite a ideia de pôr fim a um ser em formação e já com reflexos de quem sente e experimenta sensações, com garantias de ser pessoa daí a uns meses. Confesso que tenho muitas dificuldades em aceitar as teorias dos que defendem o aborto. Não por ser católico, simplesmente, mas por ter a convicção de que vidas são eliminadas por vontade das mães. Dos pais e dos seus direitos, curiosamente, ninguém fala. Os filhos serão só delas?
Gostaria que, como gente civilizada, todos soubessem expor com clareza, objectividade e elevação as suas propostas. É o mínimo que se pede. Mas já se ouvem por aí palavras de ordem e acusações sem sentido. O direito à opinião e à expressão livre do que se pensa deve ser respeitado.
Mas uma coisa é certa: se o "SIM" vencer, os católicos continuarão ligados à noção de que o aborto que agora se pretende despenalizar é um mal e, por isso, um pecado. Fernando Martins

UM ARTIGO DE ANSELMO BORGES, NO DN

Dois tipos de experiência
Nas sociedades tradicionais, uma das razões da valorização dos velhos estava em que eles eram os depositários da experiência acumulada. Nas nossas sociedades científico-técnicas, a experiência tem também um lugar determinante. Trata-se, porém, de duas perspectivas diversas, expressas, aliás, por dois termos diferentes, explícitos concretamente no inglês e no alemão, para traduzir a palavra portuguesa experiência: experiment e experience (inglês), Experiment e Erfahrung (alemão).
Os dois primeiros termos (experiment e Experiment) designam a experiência (experimentação) no sentido das ciências experimentais, empírico-matemáticas, predominante nas sociedades científico-técnicas.
Há, porém, um sentido diferente de experiência, expresso pelos termos experience e Erfahrung, e é aquele que se refere ao mundo dos valores e das significações propriamente humanas. Sem pôr de parte o sentido da experimentação científica, é este sentido que presentemente é necessário recuperar, para reencontrarmos uma dimensão essencial da existência. De facto, fascinados pelo domínio da experimentação objectivante, corremos o risco de esquecer o humano e até de destruí-lo.
Se se pretender captar o Homem exclusivamente segundo o paradigma das ciências positivas físico-naturais, o que resta é a sua redução a coisa, a simples objecto, pura peça de uma máquina gigantesca e anónima. Que lugar teriam então ainda a originalidade subjectiva e essas questões sempre vivas que tornam a nossa vida realmente humana e que têm a ver com o amor, a morte, a graça, o mistério, a alegria, o trágico, a transcendência, o sentido último?
Mesmo uma viagem semântica curta pela palavra experiência mostra-nos a impossibilidade da sua redução ao sentido positivo-científico.
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TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 2

AS “CRACKERS”
Caríssimo/a: São 3 horas da tarde, ou, p.m., como dizem. Aqui (na Escócia, em Aberdeen, conhecida por “the granite city” ou “the silver city” e que é considerada “the oil capital of Europe”) já é noite. Ali na carpete brincam o Daniel e a Sara, com o lego, construindo uma quinta. Recordam certamente a tia Susan que, em Gask, com Ian, seu marido, cria galinhas e pratica uma agricultura biológica. Lá estivemos, no Sábado anterior ao Natal, a cumprir um ritual: sempre que vem alguém de Portugal a primeira visita que faz é à tia Susan. Brindaram-nos com a refeição festiva da Escócia (a mesma que apreciaríamos, com ligeiras alterações, no dia de Natal e no Ano Novo). * De início, as “crackers”: imagina um rebuçado redondo aí com uns 30 centímetros de ponta a ponta. Cada pessoa tem direito à sua; constituídos os pares, cada um puxa do seu lado com toda a força que tiver, até se ouvir um estampido seco – TRECK –, é o papel rasgar-se; do cilindro sai um “toy”, uma “joke” e uma coroa de papel colorido que nos apressamos a colocar na cabeça. O “toy”, que traduzo por “brinquedeira”, tanto pode ser um corta-unhas como um sofisticado e minúsculo instrumento musical ou o último modelo de automóvel. A “joke”, anedota ou dito jocoso, é manifestação do fino humor britânico e a ilustrá-lo aí ficam duas que me saíram: “Q.-Why was the computer so tired? A.-Because it has a hard drive.” “Q.- Who is the most famous married woman in America? A. – Mrs. Sippi.” * Veio o salmão: uma delícia. Ao sermos confrontados com uma montanha de “beefdinner” – o prato já preparado e posto à nossa frente – com puré, carne picada, feijão verde, cenoura, … sei lá que mais, tivemos que reconhecer a nossa incapacidade para a trepar: andámos às voltas, pela base, e fomos subindo, libertando o interior. A sobremesa: “clootydumpling” e … “trifle”. Outros nomes, outros sabores. Ah, já me esquecia que, por deferência muito especial, bebemos vinho tinto do … Chile! * Seguiu-se a visita à quinta; a colheita dos ovos (dois) debaixo dos macios onde as galinhas fizeram a postura. Vieram então as palavras do Ian, enquanto dava a comida ao latagão do gato preto e renovava os grãos dos comedouros dos pássaros, e que ainda agora me ressoam nos ouvidos: - Aqui tudo é feliz! Veja, até o gato! * Bom dia de Reis. Manuel

sábado, 6 de janeiro de 2007

UM POEMA DE FERNANDO PESSOA

O INFANTE
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Deus quis que a terra fosse toda uma, Que o mar unisse, já não separasse. Sagrou-te, e foste desvendando a espuma, E a orla branca foi de ilha em continente, Clareou, correndo, até ao fim do mundo, E viu-se a terra inteira, de repente, Surgir, redonda, do azul profundo. Quem te sagrou criou-te português. Do mar e nós em ti nos deu sinal. Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez. Senhor, falta cumprir-se Portugal!

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In "Mensagem"

IMAGENS DA RIA

COSTA NOVA
COM SUAS CORES
Pintura a óleo de Carlos Fragoso. Trabalho de 1921, com assinatura do autor, no canto inferior direito.
A composição revela-nos um belíssimo conjunto de palheiros da Costa Nova, que delimitam a obra. Predominam as tonalidades frias, em azul, que entram em harmonia com as tonalidades quentes de castanhos e dourados.
Esta peça foi doada ao Museu Marítimo de Ílhavo pelo autor e integra as colecções desde 1934.
Este é mais um bom motivo para visitar o museu ilhavense.
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Fonte: "Viver em", edição da CMI

NAVIO-MUSEU SANTO ANDRÉ

Navio-Museu Santo André

REABERTURA
NO PRÓXIMO SÁBADO
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Concluídos os trabalhos de restauro, o Navio-Museu Santo André encontra-se novamente atracado no Canal de Mira, junto ao Jardim Oudinot, na Gafanha da Nazaré, com data de abertura marcada para o próximo dia 13 de Janeiro (Sábado). Nesse dia, e para assinalar a data, o Navio-Museu Santo André encontrar-se-á em regime de Dia Aberto, entre as 14 e as 20 horas. Às 16 horas, assista à apresentação do programa comemorativo dos 70 anos do Museu Marítimo de Ílhavo. Não perca!
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Nota: Ontem passei pelo Navio-Museu Santo André, a que me ligam tantas recordações, desde que este navio chegou à Empresa de Pesca de Aveiro, destinado à pesca do bacalhau. Gostei de o ver já preparado para receber visitantes.
Permitam-me, no entanto, um reparo: a área envolvente, que não é, ao que suponho, da responsabilidade das autarquias, mas sim da APA (Administração do Porto de Aveiro), precisa de ser remoçada. Tal como está, não passa de um espaço morto e abandonado, mesmo à espera de quem olhe para ele. E dele faça, então, um jardim que atraia as pessoas e proporcione, também, condições para os visitantes do Navio-Museu se sentirem bem, antes ou depois da visita.
Falta, de facto, por ali qualquer coisa que torne mais digno todo o enquadramento do Santo André. Os arquitectos saberão melhor do que eu o que é necessário que se faça.
O apelo aqui fica, na esperança de que alguém o leia.
F.M.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

CORTEJOS DOS REIS

GAFANHAS DA NAZARÉ
E ENCARNAÇÃO
CUMPREM TRADIÇÃO
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As paróquias da Gafanha da Nazaré e Gafanha da Encarnação continuam, e bem, a cumprir a tradição. No domingo, dia 7, os Cortejos dos Reis vão animar as ruas daquelas cidade e vila, com os autos de Natal a mostrarem, sem cansar, uma tradição verdadeiramente popular.
Penso que este cunho popular é que garante a repetição, ano após ano, dos Cortejos dos Reis, em favor daquelas paróquias. O povo participa mesmo, quer na preparação dos autos e no ensaio dos cânticos, quer incorporando-se nos cortejos que percorrem as principais ruas das freguesias. E depois, claro, no leilão dos presentes.
Confesso que gosto de ver esta movimentação em torno do Cortejo dos Reis. Não só porque dá vida a tradições com muitas décadas, mas também por unir as pessoas, contribuindo, assim, para a valorização das comunidades cristãs.
Felicito, pois, todos os que cultivam o gosto pela preservação das boas tradições dos nossos avoengos.
F.M.
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Foto do boletim "Viver em", da CMI