domingo, 3 de setembro de 2006

Um artigo de Anselmo Borges, no DN

Modernidade
e crise do
humanismo
No processo da modernidade, que são os últimos 300 anos, o humanismo ocupou lugar determinante. Quando comparamos épocas, constatamos que a cultura grega foi fundamentalmente cosmocêntrica, na medida em que era a partir do cosmos ou da natureza que compreendia a realidade. A Idade Média foi teocêntrica: tudo era visto e compreendido a partir de Deus. A modernidade fez do homem o centro, sendo a partir dele que tudo se legitimava.
A grande aspiração foi então a emancipação frente à natureza, à tradição, à religião. O objectivo era a plena conquista de si mesmo em todos os domínios. A posse de si mesmo significa autonomia e será alcançada mediante a confiança no poder da razão, sobretudo na sua vertente físico-matemática, que renuncia ao conhecimento das essências metafísicas para concentrar-se nos fenómenos quantificáveis e, portanto, matematizáveis.
A razão e a liberdade são as armas com que o homem moderno tem a convicção de poder realizar o seu projecto. Mas precisamente este projecto - e estou a seguir José M. Vegas - tem desde a raiz a marca de uma ambiguidade, que consiste na cisão da experiência humana em dois âmbitos irreconciliáveis.
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Gotas do Arco-Íris – 29

CAMÕES:
IGUARIAS COLORIDAS
E ... GALINHAS
Caríssimo/a: Depois da sesta, reparei que ainda tinha sobre os joelhos o primeiro número da Oceanos e na página 36. Aí José Quitério fala-nos de “Camões e a mesa”. Bem, vamos primeiro ao arco-íris:
De iguarias suaves e divinas, A quem não chega a egípcia antiga fama, Se acumulam os pratos de fulvo ouro, Trazidos lá do Atlântico tesouro. A laranjeira tem no fruito lindo A cor que tinha Dafne nos cabelos; Encosta-se no chão, que está caindo, A cidreira co'os pesos amarelos: Os formosos limões, ali cheirando, Estão virgíneas tetas imitando. As cerejas purpúreas na pintura; As amoras, que o nome têm de amores; O pomo, que da pátria Pérsia veio, Melhor tornado no terreno alheio. Abre a romã, mostrando a rubicunda Cor, com que tu, rubi, teu preço perdes; Entre os braços do ulmeiro está a jocunda Vide, com cachos roxos e outros verdes.
Mas agora vem a parte que me fez rir, não só porque fala de galinhas mas também porque Camões brinca com as situações. Vejamos: “O senhor de Cascais prometeu a Camões seis galinhas recheadas por umas cópias que lhe fizera, mandando-lhe em princípio de paga meia galinha recheada. O poeta retruca, lesto:
Cinco galinhas e meia Deve o senhor de Cascais, E a meia vinha cheia De apetite para as mais.
“Ou como aconteceu com o duque de Aveiro... que perguntou ao poeta o que queria da sua mesa e que lhe respondeu logo que bastava que lhe mandasse uma galinha; esqueceu-se o duque ou fingiu esquecer-se e, depois de haver jantado, quando já não havia outra coisa lhe mandou uma peça de vaca e o poeta pelo mesmo criado lhe mandou estes versos:
Já eu vi o taverneiro Vender vaca por carneiro, Mas não vi, por vida minha, Vender vaca por galinha Senão ao duque de Aveiro.
Quase me parece um sacrilégio desejar-vos um bom S. Paio com a respectiva caldeirada bem amarela e, lá pela tarde, uma anafada talhada de melancia vermelhinha.. Manuel

sábado, 2 de setembro de 2006

Um livro de M. Oliveira de Sousa

Ensaios de Filosofia Social

:: “Ponta de Lança”

Hoje de manhã, no CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura), foi apresentado o livro “Ponta de Lança”, uma compilação de crónicas publicadas durante uma década no “Correio do Vouga”. É seu autor M. Oliveira de Sousa, actual presidente do Conselho Directivo da Escola Secundária Dr. João Carlos Celestino Gomes (Ílhavo) e director do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil. Na apresentação deste seu primeiro livro, Oliveira de Sousa confessou que, com estas crónicas, teve a preocupação de chegar à juventude, “com toda a amplidão possível”, sempre com a ideia de “ir para além do futebol”. Tal como no futebol o ponta de lança não pode ficar parado, indo à frente e atrás, à direita e à esquerda, assim escreveu (e escreve) o autor nas suas crónicas semanais, “desportivamente, mesmo sem ser de desporto”, olhando tudo o que o rodeia e o sensibiliza. Tendo permanentemente como meta integrar-se no grupo dos que assumem o esforço comum para alcançar a verdade, M. Oliveira de Sousa disse que o futebol foi, semana a semana, a inspiração para reflectir e levar a reflectir sobre “a necessidade de mudança”, acrescentando que, no fundo, “todos somos pontas de lança”. Para D. António Marcelino, que presidiu à sessão de lançamento da obra, o “Ponta de Lança” é um livro para se ler de quando em quando, numa tentativa de “confrontarmos a nossa opinião com outras opiniões”. Mas logo adiantou que, quem escreve, não pode ter a pretensão de querer que todos pensem do mesmo modo. “Os contrários enriquecem”, sublinhou o Bispo de Aveiro. Quem como eu teve o privilégio de ler e reler as crónicas de Oliveira de Sousa, desde a primeira hora, no Correio do Vouga, não pode deixar de sublinhar o seu interesse pela vida concreta das pessoas, à sombra do fenómeno social do desporto, em geral, e do futebol, em particular. Desportivamente, pelo desporto, o autor foi convidando os seus leitores a reflectirem sobre opções e comportamentos, decisões e omissões, alegrias e tristezas, mas também sobre políticas justas e injustas, fé e religião. Ironia e humor, misturados com sentido crítico e bom senso, mais sonhos e projectos podem ler-se nestas crónicas que, muitas delas, estavam escritas há bastante tempo. O autor limitou-se a pôr-lhe uma capa, por sinal bonita e simbólica, também de sua autoria. No fundo, trata-se de um livro carregado de “pepitas que não se podem perder pelo ouro que comportam”, como refere D. António Marcelino, em texto publicado na contracapa. : Ficha Técnica Título: “Ponta de Lança” – Ensaios de Filosofia Social Autor: M. Oliveira de Sousa Edição: Paulinas Editora Páginas: 190 : Fernando Martins

sexta-feira, 1 de setembro de 2006

Ricos e pobres no mundo

Solidariedade:
conceito para
pôr em prática
A solidariedade deve ser um sentimento com consequências práticas. A opinião é do presidente da Cáritas portuguesa no Dia Internacional da Solidariedade, ontem celebrado. "É necessário que se implemente uma cultura de solidariedade. A solidariedade não pode ser apenas, e já isso prevenia João Paulo II na Solicitude Social da Igreja, um mero sentimento, ela tem de ser, de acordo com a definição de João Paulo II, uma determinação firme e perseverante", afirma Eugénio da Fonseca. Neste Dia Internacional da Solidariedade, o sociólogo Bruto da Costa afirma que a aposta de hoje em dia tem que ser na solidariedade à escala mundial. "Os 500 indivíduos mais ricos do mundo têm mais rendimento do que 416 milhões de pessoas pobres no mundo. Não precisamos de mais para realçar a importância da urgência da solidariedade no nosso mundo", sustenta Bruto da Costa.
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Fonte: Ecclesia

Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré celebra aniversário

De microfone em punho, o Tio Retinto ensinou
muito na hora de se criar o Grupo Etnogáfico
:: Vinte e três anos
ao serviço
do folclore e da etnografia
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O Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré está de parabéns. Hoje, 1 de Setembro, completa 23 anos de vida, sempre ao serviço da etnografia, em geral, e do folclore, em particular. Durante todo este tempo, tem levado bem longe o nome da Gafanha da Nazaré e sua região. Com tenacidade e com a preocupação de mostrar o genuíno das tradições da nossa terra, o Grupo é uma excelente referência da nossa terra. 
Durante este quase quarto de século, para além da pesquisa, estudo e divulgação dos usos e costumes que nos foram legados pelos nossos antepassados, o Grupo Etnográfico organizou, desde a primeira hora, festivais e colóquios, bem como pôs de pé diversas iniciativas etnográficas. Todos os anos tem publicado uma brochura por altura do Festival que realiza na Gafanha da Nazaré, onde grava para a história elementos que mais tarde, e já agora, hão-de ser bastante apreciados. Mas o Grupo Etnográfico não se tem limitado a organizar os seus festivais: o da cidade da Gafanha da Nazaré, o da Praia da Barra e o da festa em Honra de Nossa Senhora dos Navegantes. Ele também participa em festivais por todo o País e ainda tem ido ao estrangeiro. 
Foi por sua iniciativa que surgiu a Casa Gafanhoa, casa-museu que nos mostra o viver de um lavrador abastado dos princípios do século XX. O número de visitantes atesta o interesse da Casa Gafanhoa, que é um núcleo museológico integrado no Museu Municipal de Ílhavo. A história do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, porém, não começou em 1 de Setembro de 1983. Dois anos antes, uma festa da catequese da paróquia de Nossa Senhora da Nazaré, da Gafanha, foi o ponto de partida para a criação daquela instituição. E é dessa festa a fotografia que hoje e aqui publico, onde se destaca o Tio Retinto, cantador e bailador que muito ensinou aos que apostaram, então, na fundação do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré.
Parabéns ao grupo e a todos os seus dirigentes e componentes, na certeza de vão continuar. 

Fernando Martins

Imagens de Aveiro

:: Monumento
a João Afonso de Aveiro
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Os monumentos de Aveiro merecem um dia, ou mais, para serem conhecidos. Por qualquer canto, e às vezes em sítios pouco esperados, há monumentos com a sua história, dedicados a vultos que, na sua época, enriqueceram a vida das comunidades a que pertenceram.
Este monumento, que hoje ofereço aos meus leitores, mostra-nos "Um dos homens de D. João II que desvendaram os segredos da terra e do mar no caminho da Índia", como se lê na legenda que nos situa no tempo. Pode ser apreciado no Rossio.
Foto inserida no livro "Aveiro, cidade de água, sal, argila e luz".

Biblioteca de Aveiro moderniza-se

Acervo vai estar na Internet
A Biblioteca Municipal de Aveiro continua a melhorar os serviços que oferece aos amantes dos livros. Sejam eles simples leitores, estudantes, investigadores ou apenas curiosos. Em breve, tudo o indica, os utilizadores daquele espaço cultural vão poder consultar o catálogo das obras ali existentes, sem precisarem de se deslocar à Biblioteca. A aplicação de um novo sistema informático vai obrigar à adaptação dos recursos humanos e tudo se encaminha para que, brevemente, cada um, em sua própria casa, possa entrar na Biblioteca e ver o que por lá pode encontrar, evitando, assim, deslocações inúteis, como tantas vezes acontece. Entretanto, já se começa a falar que a Biblioteca Municipal de Aveiro precisa de um novo edifício. Se isso fosse possível, e necessário, que ela fique no centro da cidade, à mão de semear. É que a cultura, se a atirarem para um canto qualquer, acaba por ficar esquecida. F.M.