quinta-feira, 17 de agosto de 2006

Um cidadão exemplar

Faleceu o capitão Nordeste

Faleceu o capitão Adriano Nordeste, figura de cidadão exemplar no concelho de Ílhavo. A sua morte, de alguma forma inesperada, traduz-se numa grande perda para Ílhavo e suas gentes. Foi um cidadão que desde há muito se deu à comunidade, sem nada esperar em troca, o que não é muito frequente nos nossos dias.
Nordeste, como era mais conhecido, esteve sempre onde era preciso. No dirigismo desportivo e no social, na política e na atenção aos outros, nunca virando a cara às solicitações que lhe chegavam, a maioria das vezes em momentos difíceis da comunidade a que pertencia. Foi, por toda essa dedicação sem limites, um exemplo para os ílhavos, e não só, ficando na memória de todos como um cidadão a imitar e a seguir. 
Dele guardo, ainda, a delicadeza com que me tratava, a bonomia com que conversava comigo, a atenção cuidada com que ouvia as minhas opiniões, a singeleza com que apresentava os seus pontos de vista.
Por tudo isso, paz à sua alma.

Fernando Martins

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Imagens da Ria

:: Antigo Jardim Oudinot
O antigo Jardim Oudinot, que desapareceu para dar lugar ao Porto Comercial, vai ser recordado em breve, aquando das festas em honra de Nossa Senhora dos Navegantes, que se vão realizar no mês de Setembro, por iniciativa do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré. Gentes de Aveiro, Ílhavo e Gafanhas, com outras das redondezas, nele confraternizavam, enquanto saboreavam deliciosos petiscos. A festa era isso mesmo, era fundamentalmente um convívio.
É claro que o jardim foi deslocado, mas ainda não conseguiu atrair assim tanta gente como antigamente, nem nada que se pareça. Os tempos são outros, é certo, mas toda a área, incluindo a que envolve o Navio-Museu Santo André, continua à espera de arranjos atractivos, com infra-estruturas mais condizentes com as exigências do nosso tempo.
Toda a gente já ouviu falar dessas infra-estruturas, mas a verdade é que o tempo passa, ano após ano, e tudo se encontra, em parte, semiabandonado. Até quando?
Fernando Martins

Um artigo de António Rego

O som dos ossos
Há longa data que os produtos para crianças e jovens trazem anexos alguns brindes como chamariz publicitário. Também hoje os jornais de venda ao público trazem muitas vezes produtos que nada têm a ver com os conteúdos ou o projecto editorial. Tanto no caso da Farinha Amparo como publicações que vendem mais baratas quinquilharias mil em visíveis doses de mediocridade, subjaz uma ideologia que se exprime no objecto “oferecido ao prezado leitor”. As bancas e tabacarias estão cheias desses objectos, ao lado de mil revistas com mil fotos que aconchegam pequenas histórias que brotam também duma óptica do tempo. Não raro surgem, nalgumas publicações,”ofertas especiais” de tatuagens para todos os gostos. Que vêm ao encontro dum estranho ritual dos nossos dias que povoa imaginários de crianças e adolescentes, depois de ter passado por passerelles de todas as modalidades. Estamos perante algo mais longínquo do que parece.Com cerca de 4000 anos de existência, segundo os arqueólogos, do Nilo à Polinésia, Nova Zelândia,essa marcação com pretensões de “perenidade no corpo” acabou por ganhar o nome a partir do som estranho produzido por agulhas de ossos que imprimiam exóticos desenhos no corpo humano. Também teve o seu tempo de maldição expressa, como artifício demoníaco. No Livro do Levítico (cap.9) proíbe-se – dentro doutro contexto - “a impressão de qualquer marca no corpo”. Outras correntes consideram a tatuagem como instrumento terapêutico de grande alcance. Mas talvez o mais curioso seja perguntar pelo significado no corpo dos artistas, homens e mulheres de notoriedade que criam uma verdadeira torrente de imitadores que jilgam imperfeito o seu todo sem o artifício dum estranho desenho impresso ainda que sem promessa de vitalício. É expressão corrente “tatuar uma vida” com um sentimento, um gesto, uma expressão, um sinal, uma “impressão de carácter”, um dizer forte e profundo sem palavras. Curioso o tempo que vivemos, na procura descoordenada de novos rituais que exprimem os desconhecidos camuflados dentro de cada ser. Que quererá dizer um jovem quando imprime em si próprio aquilo que desconhece?

Um artigo de Alexandre Cruz

O aquecimento
que nos queima e que derrete
a Gronelândia
1. A natureza vai-nos dando os seus sinais. A subida das temperaturas em termos gerais, consequência trágica da poluição que sempre acompanha o desenvolvimento, tem proporcionado preocupantes sinais que vão sendo constantes do clima em alteração. Dos especialistas vem-nos a observação cuidadosa e permanente desta “nova ordem climática”, mas também a certeza de que estamos a “dar cabo” da natureza e a alterar o mapa climático mais do que em qualquer outra época histórica. Por vezes ouve-se que “nestes últimos 30 anos poluímos mais que em 30 séculos…!”; se é certo que não poderemos confirmar tal ideia geral, a verdade é que a poluição, nas suas múltiplas variedades cuidadosamente estudadas por especialistas e cientistas, cresce numa espiral absolutamente imparável o que poderá colocar em perigo a própria sobrevivência. São inúmeros, a nível internacional, os acordos, protocolos, acontecimentos académicos e políticos que procuram fortemente alertar e despertar todos para esta realidade da responsabilidade de deixar “mundo habitável” aos vindouros. Mas as boas intenções em grande parte caem por terra quando o principal poluidor do planeta, os EUA, consideram-se senhores de um outro mundo, não dando mínimo “sinal” da alteração do seu modelo de vida poluidor; os EUA que não subscreveram como compromisso o famoso Protocolo de Quioto (aprovado em Quioto, Japão, a 11 de Dezembro de 1997, Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança no Clima. Documento-compromisso que de forma metodológica aponta caminhos de luta contra as alterações climáticas através de uma acção internacional de redução das emissões de determinados gases com efeito de estufa responsáveis pelo aquecimento global). 2. Será caso para dizer que se mesmo com todas as boas vontades o panorama seria extremamente complexo nesta luta pela sobrevivência humana, então quando nem sequer há margem política para as boas intenções a derrota nesta luta contra a natureza parece garantida. Amarrados e dependentes desta forma de vida, persistimos neste modelo de dia-a-dia extraordinariamente poluente; por razões geo-estratégicas e macro-económicas são recusadas as energias alternativas; vai-se adiando, talvez à espera de uma catástrofe climática, a autêntica reforma de modelo de vida neste planeta azul que pintamos de cinzento; e, pior que tudo, sabemos para onde estamos a caminhar e não queremos, teimosamente, arrepiar caminho. Seres racionais (!), preferiremos, aliás como hábito, apagar o fogo em vez de apostar tudo na mudança, na prevenção. Não há volta a dar-lhe, na falta da generosidade de princípio, tal como em muitas outras realidades, só quando algumas pessoas importantes sentirem na pele então é que, de facto, se mudará algo…sabendo que nessa altura já será tarde demais. É certo que a vida na terra e o ser humano têm sempre a capacidade de adaptação à mudança. Mas não esqueçamos que a realidade de que falamos é absolutamente nova e com fortes marcas de desertificação e secura. E então com as temperaturas altíssimas não haverá “cabeça fria” para gerir a permeabilidade aos incêndios semeados que nos devoram (e que já devem ter reduzido a cinzas a própria justiça…), e com armamento poluidor em todos os sentidos da guerra no médio oriente (em pausa de momento?), assim todo o panorama não será nada bonito de ver, parecendo uma fotografia queimada de destruição. 3. A notícia de que, da observação estudada de satélite, o “aumento da temperatura acelera degelo na Gronelândia”, chegou à terra no mesmo dia da suspeita de atentado terrorista “sem precedentes e de impacto inimaginável”, este que paralisou aviões ingleses (dia 10 de Agosto, dia este em que, após esforço, conseguimos encontrar uma boa notícia: “Obiqwelu é campeão da velocidade!”). É também, na base do estudo publicado na prestigiada revista Science, com alta velocidade que o gelo da Gronelândia vai derretendo. Triplicou mesmo esse degelo nos últimos anos em consequência do aquecimento global, este que nos irá proporcionar cada vez mais tufões, furacões (lembramo-nos do Katrina em New Orleans), surpresas e alterações de clima. Dizem-nos que “o manto de gelo da Gronelândia está a derreter-se a um ritmo três vezes superior ao registado antes de 2004”, afirma Jianli Chen, director da equipa científica do Centro de Investigações do Espaço da Universidade do Texas (EUA). Pelas previsões deste recente estudo, a tendência será a multiplicação preocupante e de efeitos imprevisíveis deste fenómeno em que “a Gronelândia perde anualmente cerca de 240 quilómetros cúbicos de gelo em consequência do aumento da temperatura”, provocando irremediavelmente, a médio prazo, “um aumento dos níveis das águas dos mares.” 4. O que dependerá de nós, de cada um, neste arrepiar de caminhos mais respeitadores da natureza? O que será possível numa Educação Ambiental para Todos (sendo que não iremos mudar “tudo”)? É grande e vital a responsabilidade em “perguntar” para deixar mundo respirável aos vindouros. Há quem dê três ou quatro séculos ao planeta! Há quem ache que já será muito tempo de vida na terra e que muito antes acabaremos com o equilíbrio necessário à fascinante Vida. Esse ideal futuro ecológico deverá começar cada dia, também com as pequenas (que são grandes) opções a fazer em que “tudo” deverá ser amigo do ambiente. Claro que só protege o ambiente – na coisa mais simples como o papel do chão ou o lixo na praia ou na mata - quem aprecia a beleza que nos envolve e procura melhorar o próprio mundo, ou pelo menos mantê-lo em equilíbrio. Esta deverá ser tarefa de todos, pois quem é a origem histórica (e que poderá acabar com a História) desta desorganização ambiental, por comodidade ou descuido, é o próprio Homem! Continuar assim não! Enquanto é tempo, nem que se mude só alguma coisa!...

segunda-feira, 14 de agosto de 2006

BENTO XVI FALA DO PAPEL DA IGREJA

Em entrevista televisiva, Bento XVI fala do papel da Igreja no mundo contemporâneo: dos jovens ao lugar da mulher, do ecumenismo à moral sexual, o Papa quer um Catolicismo que se afirme pela positiva

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Papa Bento XVI

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Trinta e seis minutos para a história do pontificado

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Os 36 minutos da entrevista que Bento XVI concedeu aos canais alemães Bayerischer Rundfunk, ZDF, Deutsche Welle e à Rádio Vaticano entram directamente para a história deste pontificado. O Papa revela qual é a Igreja que quer para o mundo de hoje e deixa claro que, em todas as questões - dos jovens ao lugar da mulher, do ecumenismo à moral sexual -, é necessário apresentar um Catolicismo que se afirme pela positiva e não como um conjunto de proibições. Gravada no passado dia 5 de Agosto, em Castel Gandolfo, a entrevista foi transmitida este Domingo, menos de um mês da visita que o Papa efectuará à sua Baviera natal, de 9 a 14 de Setembro. Bento XVI mostra-se consciente da complexidade e das dificuldades que marcam a relação entre a Igreja e a sociedade contemporânea, mas não perde a confiança na capacidade dos católicos em abandonar uma posição que os entrevistadores definiram como “defensiva”. “Temos a tarefa de colocar em relevo aquilo que nós queremos, de positivo. E isso devemos fazê-lo, antes de tudo no diálogo com as culturas e com as religiões”, aponta o Papa. Uma das frases fortes da entrevista refere que “O Cristianismo, o Catolicismo não é um conjunto de proibições, mas uma opção positiva”, com Bento XVI a lamentar que essa consciência, hoje, tenha desaparecido quase completamente. Essa visão positiva não impede que a Igreja fale do que não quer, mesmo em âmbitos delicados como a família e o matrimónio. Para o Papa, o casamento entre o homem e a mulher “não é uma invenção católica” e está presente em todas as culturas; quanto ao aborto, é referido que “a pessoa humana tem início no seio materno e permanece pessoa humana, até ao seu último suspiro”. Já sobre a luta contra a SIDA – campo em que a Igreja tem sido duramente criticada ao longo dos anos por causa das suas posições quanto ao uso do preservativo – o Papa refere que “a questão fundamental, se quisermos progredir nesse campo, chama-se educação, formação”. Especificamente sobre o continente africano, Bento XVI lembra que ali “se faz muito para que as diversas dimensões da formação possam integrar-se e, assim, se torne possível superar a violência e também as epidemias, entre as quais precisamos de incluir também a malária e a tuberculose”.
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Leia mais em ECCLESIA

Monumento degradado

Mestre Mónica
merecia mais respeito
Numa das minhas muitas caminhadas pela Gafanha da Nazaré vejo, por vezes, aquilo que não gostaria de ver. É o caso do vandalismo que se nota por cada canto, com os graffitis a conspurcarem tudo o que encontram. Eu sei que há graffitis artistas e com capacidade para decorarem paredes com arte e sensibilidade. Mas o que se vê por aí não é nada disso. É simplesmente indecoroso o que muitos fazem, sem qualquer respeito pela propriedade alheia e pelos monumentos. Em 1986, uma Comissão, constituída pelos gafanhões José Ramos, Marcos Cirino, Óscar Fernandes, Joaquim Rosa e Luís Caneira, levantou um monumento, na Alameda Prior Sardo, de homenagem ao célebre construtor naval Mestre Mónica, filho da terra, onde nasceu em a 11 de Junho de 1889. Faleceu em 16 de Julho de 1959, depois de muito ter feito pela Gafanha da Nazaré e pela região aveirense, no campo da construção naval, e não só. A homenagem quis assinalar o centenário de nascimento do Mestre Manual Maria Bolais Mónica e foi perfeitamente justa e até oportuna. Ora foi este monumento que eu vi completamente abandonado e degradado. Mestre Mónica não merecia tal desconsideração. Merecia e merece, sim, respeito e admiração de todos os gafanhões. Por isso, espero que em breve, ao voltar a passar por lá, eu possa confirmar que o monumento foi limpo e que o pequeno lago que o ornamenta, sem lixo, já tem o repuxo a funcionar. Fernando Martins

"António, Bispo do Porto"

«António,
Bispo do Porto» no programa Ecclesia O programa ECCLESIA vai transmitir a peça de Teatro “António , Bispo do Porto”, que esteve em cena no Teatro de Campo Alegre, no Porto, pela Companhia Seiva Trupe. Nos dias 14, 15, 16, 17, 21, 22 e 23 de Agosto, a peça estará na :2, às 18:30 horas. São cerca de duas horas de teatro, cujos episódios são interligados por intervenções de Júlio Cardoso, encenador, e Maria Fonseca Santos, autora. No dia do centenário do nascimento deste bispo, 10 de Maio de 2006, a Seiva Trupe colocou em cena a peça “António, Bispo do Porto”. Júlio Cardoso confessou à Agência ECCLESIA que foi preciso “mergulhar na obra deste gigante”, “um homem com um arcaboiço intelectual fabuloso”. “António, Bispo do Porto” retrata cerca de 50 anos da vida deste homem. Com uma grande vertente musical e coreográfica, a peça tem uma rigorosa análise dramatúrgica, como explicou Júlio Cardoso.
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Fonte: Ecclesia

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