segunda-feira, 10 de abril de 2006

Partidos Políticos

Os Estados têm de apoiar
os Partidos Políticos, mas…
Todos os democratas são unânimes em considerar que os Partidos Políticos são fundamentais nos regimes democráticos. Por isso, os Estados têm de o dever, a meu ver, de contribuir para a sua existência. São eles que, afinal, oferecem e mostram aos eleitores as várias formas de Governo, sublinhando, cada um a seu modo, as virtualidades das ideias que defendem e pregam. Os Partidos Políticos têm filiados e simpatizantes, como é óbvio, que os ajudam a sobreviver e os fazem chegar ao Governo ou os alimentam nas oposições, também importantes nos regimes democráticos. Sem oposições credíveis poder-se-ia cair nas ditaduras ou nos abusos do poder, na corrupção ou na degradação do sistema. Sendo assim, os Estados têm, de facto, de apoiar os Partidos. Acontece que de tempos a tempos vêm a lume as contas que o Governo tem de suportar com esse apoio. E elas são tão elevadas que me custa aceitar que seja mesmo necessário despender tanto dinheiro com os Partidos Políticos e com as campanhas eleitorais. A “Visão” disse na passada semana que as forças políticas vão receber, nos próximos três anos, os mesmos 64 milhões de euros que Bill Gates (o homem mais rico do mundo) vai investir em Portugal, como ajuda à renovação tecnológica. Eu acho que é muito dinheiro, até porque os Partidos têm as quotas dos seus filiados. Que houvesse um apoio, de alguma forma modesto, ainda seria de aceitar. Mas dar tantos milhões, num país com tantas carências e tanta fome, não me parece bem. Fernando Martins

Primeira saída do Presidente da República

Gratidão e mérito
Na sua primeira saída oficial do palácio de Belém, o Presidente da República, Cavaco Silva, privilegiou a gratidão e o mérito. Cavaco Silva deslocou-se ao Hospital de D. Estefânia, em Lisboa, não só para agradecer o modo como ali foram tratados familiares seus, mas também para cumprir uma promessa da campanha presidencial, como foi a de dedicar “uma atenção particular às crianças”, que “são um grupo vulnerável na nossa sociedade”. O presidente da República quis salientar o facto de aquela unidade hospitalar ter recebido, no ano passado, um prémio pelo trabalho da sua Comissão de Humanização e Qualidade, bom estímulo para continuar na senda do sucesso, para bem dos pacientes. Estímulo esse que, se todos os hospitais quiserem, também o podem aproveitar para humanizarem os seus serviços. Cavaco Silva deixou ainda um recado, quando disse aos jornalistas, que o questionavam, que “O Presidente da República tem um direito de reserva em relação àquilo que diz em Público”. F.M.

Quotas para o mérito

A jornalista Isabel Stilwell disse, no “Notícias Magazine”, que “O bom povo português agradecia uma lei a exigir a presença obrigatória de pelo menos um quarto de pessoas inteligentes nos partidos políticos. Independentemente do sexo. Mas essas quotas não as quiseram eles!”. E acrescentou que “Os homens bem podem começar é a pensar numa lei de quotas para eles, enquanto ainda os deixam assinar leis e diplomas”.
Ora aqui está uma ideia que merece uma oportuna reflexão, numa altura em que tanto se discute sobre quotas (humilhantes) para mulheres na política. Mais importante do que isso será, então, estabelecer quotas para o mérito. Aí, muitos políticos, homens, ficariam de fora. F.M.

Na antiga Capitania

“O sentido da vida: Que horizontes?” Até 23 de Abril, pode apreciar, na antiga Capitania, uma exposição colectiva de Artes Plásticas, subordinada ao tema “O sentido da vida: Que horizontes?”. Trata-se de uma iniciativa da Comissão Diocesana da Cultura, em parceria com a Câmara Municipal de Aveiro e com a associação AveiroArte. De terça a domingo, das 14 às 19.30 horas, o visitante pode debruçar-se sobre trabalhos de 48 artistas, procurando reflectir, com a ajuda de todos eles, sobre o sentido da vida. Uma exposição a não perder, até porque, na Quaresma, há razões mais do que suficientes para compreendermos que só uma vida com sentido pode projectar-se em todos os horizontes. F.M.

Na Loja do Cidadão

Fotografias na Loja
Na Loja do Cidadão, em Aveiro, os alunos de Fotojornalismo do ISCIA (Instituto Superior de Ciências de Informação e Administração) expõem fotografias captadas com arte e sensibilidade. A Vida num parque de Aveiro, Peixeiras e Rastos da Noite podem ser apreciados na Loja do Cidadão até ao próximo dia 29, de segunda a sexta-feira, das 8.30 às 19.30 horas, e aos sábados, entre as 9.30 e as 15 horas. F.M.

Citação

“É possível viver com o fracasso. Não se consegue é viver com os sonhos no armário” Bill Clinton, antigo Presidente dos EUA, in Jornal de Negócios

Um artigo de D. António Marcelino

PERGUNTAS FATAIS
PARA UM PROCESSO
EDUCATIVO VÁLIDO
Um pedagogo argentino, de nome consagrado, ao passar por Portugal, como orador num Curso de Verão sobre problemas da educação, deixou-nos esta reflexão final: “Interrogar-se acerca da formação da personalidade é, afinal, formular as perguntas fatais da educação: para quê e para onde queremos educar”. Um pouco atrás, fez outra pergunta, que ele mesmo classificou de fundamental: “ Como ensinar e promover as capacidades exigidas a um cidadão democrático?” Quem faz perguntas, procura respostas. Quem não se interroga não tem condições para progredir. Ouvir de outros e fazer perguntas a si mesmo pode ser incómodo, por isso as respostas ou não existem ou são tolas e desfasadas. Em educação as perguntas pertinentes podem determinar o processo educativo. O “para quê” e o “para onde” ou o “em que sentido” têm de iluminar e orientar toda acção educativa da família e da escola e, de modo igual, das diversas instâncias educativas. De outro modo, o esforço para educar será inútil e o tempo perdido. Não vai para parte nenhuma quem não sabe para onde vai, nem para onde quer ir. Não será, porventura, esta fatalidade, que explica fracassos e insucessos na educação? Num suplemento de fim-de-semana, que um dos jornais diários anexava há dias ao caderno principal, fazia-se a publicidade de um famoso grupo rock estrangeiro, nestes termos: “Para acabar de vez com as boas maneiras!”. O mesmo era dizer que não havia regras para apreciar ou para presenciar, e que destruir conceitos e preconceitos era a palavra de ordem. Na música e na vida. Muito aliciador, para gente sem peso nem norte. Como nessa semana o prato forte das minhas actividades andou à volta de encontros com professores e de reflexão sobre a educação e a escola que temos, vieram-me à memória as perguntas fatais e fundamentais, do mestre argentino. Educar é sempre construir com projecto e, por isso, precisa horizontes e regras. As regras geram constrangimento para quem julga que ser livre é fazer tudo quanto lhe apetece, e não aceitar qualquer intervenção de outrem na sua vida. Ora, educar é sempre um processo relacional que permite permuta e possibilita transmissão de saber já adquirido e de experiências de vida, torna livremente activo quem está em aprendizagem mais evidente, e não dispensa o horizonte do porquê, do para quê, do como e do para onde, para que haja motivação para aprender, desenvolver capacidades, ter opções com critérios, agir com discernimento e vontade, ter alegria de viver e de realizar, dispor, enfim, de um sentido na vida e para a vida. Um horizonte reduzido acaba por não apaixonar. Largo e a perder-se no longe do tempo, obriga a persistência, criatividade, necessidade de ajuda, vontade determinada, esperança e utopia. As desistências, os insucessos e os desvios condenáveis de um agir sem regras, maneiras e ética, mostram que as interrogações que motivam a agir da pessoa, não funcionaram. Há, por vezes, estrangulamentos no processo educativo, influências estranhas com poder, medos justificáveis de educadores, desinteresse ostensivo de educandos, leis patetas de técnicos e psicólogos sonhadores e ineptos, omissões graves de quem determina o processo, desconhecendo a realidade e a vida, instituições que andam à caça de fracassos nos espaços educativos dos outros, para desviar a atenção da noite que cobre os seus campos de acção, de teor idêntico. Os que querem, acabam por ser prejudicados pelos que não querem ou não sabem, passando o mal a ter história e o esforço do bem a ser esquecido, quando não mesmo vilipendiado. Admiro cada vez mais os educadores que não desistem e os jovens que prosseguem no caminho que traçaram, resistindo às influências que os rodeiam. Nenhuma sociedade tem futuro sem uma educação séria que não medo das interrogações fatais.