Caríssimo/a:
Sempre fadas e contos infantis nos levaram para regiões de sonho...
Um dos contos que marcaram, por muitos anos, o imaginário das nossas crianças terá sido aquele em que entravam os dez anõezinhos da tia Verde-Água...
Creio que todos o recordamos e que a estória tem um fim que surpreende a nossa
trabalhadeira:
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“– Ai, minha Tia, os seus dez anõezinhos fizeram-me um servição; trago agora tudo arranjado, e o meu homem anda muito meu amigo. O que lhe eu pedia agora é que mos deixasse lá ficar.
A velha respondeu-lhe:
– Deixo, deixo. Pois tu ainda não viste os dez anõezinhos?
– Ainda não; o que eu queria era vê-los.
– Não sejas tola; se tu queres vê-los olha para as tuas mãos, e os teus dedos é que são os dez anõezinhos.
A mulher compreendeu a causa, e foi para casa satisfeita consigo por saber como é que se faz luzir o trabalho.”
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Mas a que propósito é que vêm aqui e agora os dez anõezinhos, perguntarás?
Ali mesmo à minha frente, no outro banco do autocarro fascinam-me os dedos que percorrem o teclado do telemóvel: que maravilha! Sem olhos que os guiem, lá vão pousando delicadamente nas teclas e o trabalho deve estar perfeito, porque no rosto da jovem nem um músculo se mexeu...
Passados alguns segundos, um toque introdutor de encantadora sinfonia;... ligeiro relance do olhar sobre o visor ...e lá voltam os dedos para a sua dança mágica. E digo mágica porque quase se não mexem, é um ligeiro movimento ondulante que afaga as teclas... E este bailado deve encantar quem está do outro lado, porque a melodia responde à dança... E vamos nisto toda a viagem. Saio na minha paragem, passada uma boa meia hora, e a moura encantadora continuava na sua dança...
Mas pensando bem, afinal, ela fazia o bailado apenas com os cinco dedos da mão direita que a esquerda pegava no aparelho... E é aqui que eu digo: “que se cuidem as fadas que agora para que o serviço fique bem feito não mais do que cinco anões são necessários...”
E neste dia do Pai, pois claro, que se cuidem os Pais, que as fadas já pouco ajudam.
Manuel