terça-feira, 28 de fevereiro de 2006

HOSPITAL DOS COVÕES - 1

Estou de volta  


Depois de viver a experiência de um internamento hospitalar, durante 12 longos dias, estou de volta ao contacto com os amigos de ciberespaço. Já tinha saudades de estar no mundo habitual, para partilhar, nesta aldeia global em que agora vivemos, graças à Internet, as alegrias da vida e o gosto da presença nos acontecimentos que nos invadem a toda a hora e a todo o momento. Mas também foi bom ter estado onde estive, no Hospital dos Covões, em Coimbra. Não só pela forma como fui acolhido e tratado (de que darei nota nos próximos dias), mas ainda por viver momentos de recolhimento, de reflexão, de partilha de sofrimentos, de alegrias e de tristezas.
Nos Covões, pude confirmar a solidariedade que se vive num estabelecimento de Saúde e senti a certeza de que há muita gente boa e com capacidade para se dar aos outros. De tudo isso darei conta aos meus amigos durante uns dias. Sempre pela positiva, porque o que é bom merece ser sublinhado. 
Penso que a nossa sociedade aprendeu muito bem o direito de criticar, de denunciar o que está mal, de reclamar mais e melhor. Isso não tem nada de negativo. As críticas, as denúncias, os protestos e as reivindicações serão, à partida, fundamentais ao aperfeiçoamento e ao progresso. Mas não será menos verdade que o reconhecimento do que está bem e o aplauso do que é bom também será muito estimulante. 
Por aqui, portanto, em jeito de notas do meu diário, escreverei sobre o que vi, na certeza de que vale a pena deixar a outros as críticas, as denúncias, as reivindicações. É que, pela positiva, há menos gente a falar e a escrever. 

Fernando Martins

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

Ausente, mas presente

Por motivo inadiável, penso estar ausente uns dias. Porém, se puder, procurarei estar com os meus leitores, nem que seja de fugida.
No regresso, que espero seja o mais cedo possível, voltarei ao convívio diário com os meus amigos leitores, porque também tenho necessidade de me sentir membro activo desta aldeia global que nos encanta com tantas coisas boas.
Até breve, se Deus quiser.

Fernando Martins

Português condecorado pelo Papa

Ordem de Cavaleiro
de São Gregório Magno
para Guilhermino Pires
Bento XVI condecorou o português Guilhermino Pires com as insígnias da ordem de Cavaleiro de São Gregório Magno, pelo trabalho desenvolvido como presidente da Organização Mundial das Associações de Antigos Alunos de Escolas Católicas (OMAEC).
A leitura do Breve da condecoração foi feita pelo Núncio Apostólico no Líbano, no final do XIII Congresso desta organização em Beirute, tendo sido a entrega das respectivas insígnias feita pelo Superior Geral dos Salesianos, entidade à qual o condecorado afirma dever a sua formação.
Guilhermino Pires, natural de Murça, Trás-os Montes, foi durante cerca de 25 anos Director da Imprensa Nacional - Casa da Moeda, e é docente no Instituto Politécnico de Tomar.
A OMAEC, organização a que presidiu durante seis anos, foi fundada em 1967, tem cerca de 160 milhões de associados e é reconhecida pelo Vaticano como uma Organização Internacional Católica (OIC). Enquanto ONG tem representações na ONU em Nova Iorque, em Genebra, em Paris e em Viena.

A propósito dos "cartoons"

Que a liberdade respeite
a identidade de cada povo
De um dia para o outro, por causa de uns “cartoons” publicados num jornal dinamarquês, em que se caricaturava Maomé, o mundo islâmico entrou em “guerra” contra os que satirizaram o seu maior profeta. No mundo ocidental, quando se caricaturam os símbolos maiores do cristianismo, Cristo, Papa ou Nossa Senhora, também não faltam reacções de indignação, muitas vezes violentas e impróprias da religião que prega o perdão. Temos de convir que a liberdade de expressão, sob as mais diversas formas, é um direito próprio das democracias ocidentais. Daí que muitos jornalistas e demais fazedores de opinião se insurjam contra qualquer limitação a esse direito. Fundamentalmente, porque admitem, com alguma razão, que, a abrir-se um precedente, possa renascer o espírito censório, criação e suporte das ditaduras. Aceitando, então, a liberdade de expressão, plena e sem regras, qualquer um tem o direito de se pronunciar, de forma cordata ou satírica, seja sobre o que for. Mas estará isso certo, principalmente quando o satírico se torna grosseiro, agressivo, malcriado e ofensivo da dignidade dos visados ou dos seus seguidores? Penso que não. A liberdade de expressão ou qualquer outra deve ter regras, no pressuposto de que a liberdade de cada um termina quando possa chocar com a liberdade dos outros. Todos sabemos que o humor, a caricatura e a alegria fazem parte da vida e que cultivá-los deve ser tarefa de todos, porque não podemos nem devemos viver acabrunhados pelo stresse para que problemas e inquietações nos empurram. Mas isso implica uma educação que nos leve a respeitar as ideias dos que nos cercam. Se eu sei que uma palavra minha pode ferir os outros, eu tenho a obrigação de me conter, para evitar conflitos, já que de guerras e guerrinhas andamos fartos. Ora aqui está o que aconteceu com os “cartoons” sobre Maomé. Os islâmicos sentiram-se ofendidos e reagiram com violência, por razões que se prendem com a sua cultura, bem diferente da cultura ocidental. As suas tradições e as suas religiosidades, que levam, tantas vezes, a fanatismos (daí o terrorismo que ultimamente tem atemorizado o mundo, em nome de Alá), nem sempre são compreendidas nem aceites pela civilização cristã. Por isso mesmo, julgo que importa, nos nossos comportamentos e na expressão das nossas liberdades, ter em conta a cultura islâmica, que pouco ou quase nada tem a ver com a nossa cultura, de liberdades mais amplas. Recorde-se que os países islâmicos, na sua grande maioria, vivem dominados por oligarquias e por ditaduras férreas, onde os conceitos de liberdade em nada se comparam com os vividos nas nossas democracias. Por exemplo, em algumas nações islâmicas, a mulher ainda é tratada como escrava, isto é, como um ser sem os mais elementares direitos de cidadania. E é nesses ambientes que se manipulam as pessoas, levando-as a reagir violentamente contra quem ousa fazer humor com os seus símbolos religiosos. Não aceito, em caso nenhum, a violência, por maiores que sejam as razões que a possam motivar. Defendo o diálogo e, se houver ofensas à minha liberdade, que sejam os tribunais a julgar os que eventualmente me tenham ofendido. Mas também gostaria que não caricaturassem aquilo que para mim é sagrado, quer de âmbito religioso, pátrio ou familiar. Que haja, no fundo, liberdade de expressão, mas que cada um saiba medir, responsavelmente, o peso das suas afirmações, sejam elas ditas ou escritas, sejam elas apoiadas na arte ou nos comportamentos públicos. Como muito bem disse o Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, a propósito da violência causada pelos “cartoons”, “O facto de estarmos num ambiente de liberdade de expressão significa que eu não me indigno com isso, mas quando acontece magoa-me. (…) A grande diferença entre o horizonte ocidental e o horizonte que estamos a assistir nos muçulmanos é que eu manifesto a minha indignação de outra maneira; não vou pôr bombas nas embaixadas, nem bater nas pessoas na rua.” Ainda frisou que “são precisas mais políticas acertadas lucidamente decididas, respeito mútuo e respeito pela identidade de cada povo”. Fernando Martins

Um artigo de D. António Marcelino

OBSESSÕES
DE GENTE
DEMOCRÁTICA Os militantes do ensino estatal, o único, dizem, que ao Estado compete e de que deve cuidar, voltam, ciclicamente à carga, dizendo que ensino público é só a escola estatal. O particular e cooperativo é supletivo, en-quanto não se der a total estatização da escola. Estranho este modo de conceber a democracia e a participação livre, bem como o direito de agir, em pé de igualdade, de cidadãos e grupos de cidadãos. Alguns sindicatos falam assim por razões bem conhecidas, e os ideólogos, por uma obsessão de que não se libertam e os leva a cair em contradições. O governo, por um lado diz que respeita e aprecia o trabalho das escolas não estatais, por outro, discrimina-as, alimenta confusões e não consegue ocultar que mais desejava que elas não existissem. Assim, vai tomando medidas discriminatórias que são um escândalo. Actua como que por favor e contradiz o dever de um serviço à comunidade. Não se respeitam os pais porque se penalizam, e amarfanha-se, de vários modos, o regime democrático em que vivemos e que tanto se apregoa, como espaço de direito e de dever igual para todos. O Estado deve garantir o ensino qualificado para todos os alunos, seja em escolas estatais, seja noutras, devidamente qualificadas. Ensino público, ministrado seja por quem for, é um dever. Escola estatal não é direito absoluto e uma solução única. Li há dias, escrito por um dos acérrimos defensores da escola estatal, que nas políticas do ensino, como é, por exemplo, a decisão de fechar escolas com pouco alunos, “o que deve prevalecer é sempre o interesse das crianças e a qualidade do sistema educativo.” Totalmente de acordo. Porém, a qualidade do sistema está também ligada a um projecto educativo concreto. Mantendo estas linhas básicas, nele há lugar para os diversos aspectos de aplicação e vivência pedagógica que o enriquecem. Educar é uma arte e obrigar todos a seguir um processo pouco maleável e único é matar a criatividade e a inovação; é cuidar mais da fidelidade ao sistema, que do interesse real dos alunos, sejam eles crianças ou adolescentes; é querer convencer que a diversidade de projectos educativos empobrece o processo de formação e de educação; é julgar que educar sem referências sérias, fundamentadas e abertas a valores essenciais, é perda de tempo para se construir uma sociedade pensada só por alguns e imposta depois a todos. A educação é fundamental num projecto de sociedade, mas não um projecto pré determinado por grupos, novos ou velhos, que não abdicam de uma sociedade à sua maneira e como concretização de opções legítimas, mas não universais nem impostas. A diversidade enriquece, não anula. Sabemos o que significa a solução e a opção única. A história recente, de aquém e de além fronteiras, mostra que a manipulação gera pobreza difícil de ultrapassar. Se houver coerência com as exigências da democracia, para bem do país, dar-se-á lugar a todos os que forem capazes, pela sua participação livre, de o enriquecer e enobrecer. Também no campo educativo, com regras a respeitar. Volto, de novo, a uma situação de escândalo. O Estado, para além do mais, esbanja dinheiro do erário público ao querer asfixiar o ensino particular. Os cidadãos devem ser informados sobre o que se gasta com uma escola estatal, em comparação com o que se dá a uma escola particular que, por lei, presta ensino gratuito a todos. Não é difícil encontrar escolas do Estado com mais ou menos trezentos alunos, a gastar o dobro, senão mais, que uma escola particular, com qualidade reconhecida, que educa mais de quinhentos alunos. O governo sabe isto. Procuram sabê-lo os que atacam o ensino particular com contrato de associação e especulam, desvirtuando a verdade objectiva, quando se trata de ele ser pago com os impostos de todos nós? O desafio está feito aos sindicatos e ideólogos e, mais uma vez, aos responsáveis do Ministério da Educação e das Finanças. Quando é que falam, sem receio de réplica?

A foto do dia

ÍLHAVO

- Homenagem ao Homem do Mar -

Ílhavo homenageou o Homem do Mar, com um monumento que está localizado na rua que dá acesso ao Museu Marítimo. Porque ali é impossível parar, por força do trânsito, aconselho os meus leitores a estacionarem o carro junto do Museu, para a seguir, a pé, poderem deslocar-se até ao monumento. Depois, vale bem a pena entrar no Museu Marítimo de Ílhavo, um dos melhores do mundo no seu género. Não é exagero, podem crer. Há por ali muito que ver sobre a Faina Maior, sobre a Ria e sobre tudo o que possa imaginar ligado ao Mar, que os ílhavos conhecem como ninguém.

F.M.

Um livro de Joseph Ratzinger

"Introdução ao cristianismo"
Publicada pela Editora Principia, a obra «Introdução ao Cristianismo» é um dos livros mais importantes da autoria de Joseph Ratzinger. Nasceu das prelecções proferidas pelo então sacerdote Joseph Ratzinger para ouvintes de todas as faculdades durante o semestre de verão de 1967, em Tübingen e tendo sido publicado pela primeira vez há cerca de 30 anos, o conteúdo deste livro mantém-se, contudo, bastante actual e constitui uma resposta às necessidades espirituais do Homem Moderno.
Com ele o autor quer “ajudar a compreender de uma nova maneira a fé como possibilidade de uma verdadeira existência humana no mundo, quer interpretá-la sem a transformar num mero palavreado que tivesse dificuldade em esconder um vazio espiritual completo”.
Ao colocar as figuras de Deus e de Jesus Cristo no centro de toda a sua reflexão, Joseph Ratzinger defende neste seu livro que o lugar da Fé continua a residir no seio da Igreja, oferecendo ao leitor uma interpretação moderna dos fundamentos do Cristianismo.
A presente edição inclui dois prefácios do próprio autor que actualizam as reedições de 1968 e de 2000 desta obra, e fazem a sua ligação com a actualidade.
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Fonte: Ecclesia

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