As festas natalícias que agora terminaram foram riquíssimas em manifestações de solidariedade e de confraternização. De solidariedade para com os mais pobres, através de gestos que mostraram, mais uma vez, que os portugueses são pessoas generosas e sempre disponíveis para apoiar quem mais precisa. Os sem-abrigo e os sem pão certo para todos os dias puderam sentar-se a mesas fartas, onde nada faltou, desde o tradicional bacalhau até aos doces típicos, onde também o bolo-rei marcou presença.
Também empresas, instituições e grupos profissionais souberam confraternizar, mostrando à saciedade que, apesar dos problemas e dificuldades sociais, é sempre possível, quando há boa vontade, juntar dirigentes, empresários e trabalhadores para partilharem sentimentos de amizade.
A ternura do Deus-Menino, que tanto propicia a alegria, também é capaz de nos ensinar a viver com os olhos postos na paz, na compreensão mútua, na delicadeza para com os que nos cercam, na busca da fraternidade. Por isso, o Natal é sempre esperado com uma certa ansiedade, como quem aguarda a chegada de um tesouro de incalculável valor, que o é, de facto.
Porém, terminadas as festas, tudo volta à normalidade, quantas vezes de gestos frios e de indelicadezas, de indiferenças perante os que sofrem e de guerrinhas entre uns e outros, quando poderíamos, muito bem, se todos quiséssemos, prolongar o espírito natalício por todos os dias do ano.
Agora que um novo ano se aproxima, já começamos a formular votos de um 2006 próspero e cheio de paz. E é bom que o façamos. No entanto, apetece-me lembrar, hoje e aqui, que o próximo ano poderá ser, em grande medida, aquilo que nós quisermos que ele seja. Não são os outros que o hão-de fazer melhor. Somos nós todos que temos de lutar, no dia-a-dia, no pequeno mundo que nos rodeia, para que ele seja, realmente, muito melhor do que os anos que já passaram. Um ano de prosperidade para todos, com menos desigualdades e mais justiça social, um ano de mais paz e de mais partilha com os que menos têm, um ano com menos barracas e com habitações condignas para todos os nossos compatriotas, um ano em que não haja portugueses de primeira e de segunda classe.
Então, Bom Ano, com a colaboração de todos os homens e mulheres de boa vontade.
F.M.