sexta-feira, 22 de julho de 2005

POSTAL ILUSTRADO: Sugestão de férias

Penacova - Paisagem

Penacova está inserida numa área de rara beleza, com montanhas de média altitude, grande biodiversidade, vales correspondentes aos rios Mondego e Alva, proporcionando um panorama deslumbrante ao longo do Vale do Mondego (o maior dos rios inteiramente portugueses), desde o Porto da Raiva até à Foz do Caneiro. É por isso natural, que Eugénio Moreira, um dos maiores expoentes da pintura paisagística portuguesa, tenha encontrado em Penacova, o cenário adequado a dois dos seus mais célebres quadros: «A Ferreirinha» e «O Vale de Penacova».

Do "site" do Município

(Para saber muito mais, clique aqui)

Um artigo de Mário Bettencourt Resendes, no DN

Está na hora de alguém se chegar à frente
Poderia ser, mais palavra, menos palavra, uma declaração deste género "Estamos a menos de seis meses da eleição em que os portugueses vão escolher, em sufrágio directo e universal, o próximo Presidente da República. É uma decisão de primeira importância para o futuro do País e exige uma ponderação cuidada das alternativas que se apresentam. Portugal vive tempos difíceis e os cidadãos interrogam-se, com angústia compreensível, sobre o futuro do País que queremos deixar às gerações que se seguem. O Presidente da República é o garante supremo do regular funcionamento das instituições democráticas e é o responsável máximo, perante os portugueses, pela vitalidade da Nação. A sua escolha é uma eleição unipessoal, que não deve ser subordinada aos interesses imediatos da vida partidária nem pode ser condicionada por calculismos que ponham o eleitoralismo fácil acima de uma clarificação saudável e atempada das vontades dos candidatos. Por isso, afirmo, aqui e agora, a minha disponibilidade para esse combate democrático. Sou candidato a Presidente da República."
À declaração poderiam ainda ser acrescentados dois ou três (no máximo) parágrafos programáticos e, sobretudo (inclusão indispensável), a promessa solene de que o candidato não faria qualquer outra declaração pública antes das autárquicas de 9 de Outubro, de forma a que os eleitores possam concentrar a sua atenção numa escolha criteriosa dos próximos responsáveis autárquicos.
A vantagem de um candidato que arriscasse uma tal iniciativa seria óbvia independentemente dos resultados em urna, quebrava com este clima "empastado" que tem rodeado a eleição presidencial, onde se multiplicam desistências, tabus e vontades semiassumidas.
As prioridades da governação e a realização das eleições locais não têm sido mais do que pretextos utilizados por direcções partidárias e por candidatos "encobertos" para disfarçar a gestão que mais lhes convém dos calendários eleitorais. E só assim se compreende que, num cenário raro, senão único, cheguemos a Agosto de 2005 sem uma única afirmação pública de disponibilidade clara para a eleição presidencial.
Os desenvolvimentos políticos que se verificaram em Portugal a partir de Junho de 2004, quando José Manuel Durão Barroso trocou a chefia do Governo pela Comissão Europeia, evidenciaram a componente semipresidencialista do sistema.
Percebeu-se, para quem tivesse dúvidas, a importância e o potencial dos poderes presidenciais em situações de crise.
Numa altura em que o País carece de ânimo, quando os portugueses enfrentam um conjunto de medidas restritivas que, por mais indispensáveis que sejam - e já aqui escrevi que não havia outra saída -, deprimem naturalmente a vontade colectiva, seria importante a disponibilização de uma vontade política sólida por parte de uma personalidade de referência da vida nacional.
Não se cuida, aqui, de saber se seria Mário Soares, Cavaco Silva ou terceiros já mencionados em análises variadas - poderia mesmo essa vontade surgir da sociedade civil, desligada do quotidiano partidário. E nem sequer seria prioritário analisar as hipóteses de vitória de um tal candidato. Trata-se, sim, de comprovar que a eleição presidencial não é propriedade das direcções dos partidos, sem, naturalmente, desvalorizar o seu papel na vida democrática.
Seria, além de tudo o mais, uma afirmação de independência de espírito e de coragem política que abonaria a favor do candidato.
É fundamental agitar as águas pantanosas que têm envolvido a escolha do Presidente da República que sucederá a Jorge Sampaio.

D. XIMENES BELO falou ao Correio do Vouga

Posted by Picasa D. Ximenes Belo "Em Timor há paz e liberdade; agora é uma questão de terem paciência e perseverança porque as coisas vão melhorar"
:: D. Carlos Filipe Ximenes Belo, bispo emérito de Timor, por motivos de saúde, está a passar uns tempos de descanso no Colégio Salesiano de Mogofores, que frequentou como seminarista em 1969-1970. Simultaneamente, o Prémio Nobel da Paz de 1996 está a escrever um livro sobre a história da Igreja em Timor-Leste, pelo que vai aproveitar a estadia em Portugal para investigar nos arquivos nacionais da Torre do Tombo. No entanto, confessa-se afastado da realidade timorense.
::
Trocou Dili, em Timor, por Maputo,
em Moçambique...
Sim, no ano passado.
O que faz em terras africanas?
Trabalho numa paróquia confiada aos Salesianos, no bairro Jardim, nos subúrbios de Maputo. O pároco é um salesiano português e eu ajudo-o. Distribuímos as tarefas. Dou catequese, atendo as confissões, rezo a Missa, pedem-me muito para pregar retiros aos jovens, fazer reuniões com famílias...
Depois de bispo... está a gostar
de ser colaborador de um padre?
Sim. É um trabalho indirecto, que já não é de responsabilidade directa, mas é da responsabilidade da educação da fé. É bonito. Na África, é outro ambiente.
Como é esse ambiente?
Tem outro contexto. Em Timor, o cristianismo era mais de massa. Porque a maioria da população, 88 ou 89 por cento eram católicos. Tínhamos muitos católicos tradicionais. Em Moçambique, já os bispos adoptaram o sistemas de núcleos, como lá se chamam, pequenas comunidades de base e bairros: 20, 25 ou 30 famílias, que se reúnem à semana – e isto dá muita vida. A liturgia é muito mais vida lá do que aqui, ou mesmo em Timor, porque é sempre com batuques com danças. Uma missa dura duas ou três horas. Nas ordenações, são cinco ou seis horas. Em Moçambique, os católicos são uma minoria, não sei se 28 ou 29 por cento. Por isso, a Igreja tem a preocupação de formar mais os pequenos grupos.
(Para ler toda a entrevista, clique aqui)

quinta-feira, 21 de julho de 2005

PIÓDÃO: o drama oito dias depois




A minha solidariedade 


Há oito dias fui conhecer, mais de perto, a Serra do Açor e algumas das suas aldeias. Saí de Arganil e parti ao encontro da Aldeia Histórica de Piódão, como neste espaço dei conta. Deliciei-me com o prazer de tocar as casas típicas, de calcorrear caminhos seculares, de falar com as pessoas, de ouvir histórias, de ler testemunhos. 
Ontem à noite e hoje não pude deixar de ficar perplexo e até comovido por sentir o drama vivido pelos moradores de Piódão, com o fogo a abafar e a querer devorar tudo e todos. Quem conhece os caminhos difíceis para lá chegar, quem recorda a impossibilidade de andar pelas encostas para defender as casas, construídas há séculos em sítios quase inacessíveis, compreende facilmente o drama vivido pelos 60 habitantes daquela Aldeia Histórica. 
Daqui, das margens da Ria de Aveiro, com o oceano à vista, solidarizo-me com o povo de Piódão, alegrando-me por não haver vítimas mortais. 

Fernando Martins

POUPAR ÁGUA É PRECISO

Posted by Picasa Água, um bem a conservar
Começou hoje uma campanha, no sentido de levar todos os portugueses a pouparem água. A grave seca que afecta o País a isso obrigou o Ministério do Ambiente a alertar toda a gente para os riscos da mesma e para a importância de poupar água. A não ser assim, estará em perigo o fornecimento desse precioso e indispensável bem.
Até ao final do mês começarão também a chegar às caixas de correio postais que aconselham a população a ter cuidado com os gastos de água durante as férias. Por isso, ninguém pode deixar a mangueira aberta enquanto lava o carro, sendo necessário evitar regar o jardim nas horas de sol. Estes são alguns dos conselhos escritos no verso dos postais. A falta de chuva nos últimos meses mostrou a todos os portugueses a fragilidade que existe na gestão da água no nosso País.
A ideia errada de que a água é um recurso abundante e barato tem levado a que seja utilizada de uma forma irresponsável. A campanha agora em curso é apoiada com fundos comunitários, pelas cinco comissões de coordenação regionais e pela Águas de Portugal. Os postais contam com o apoio dos CTT.

Um artigo de D. António Marcelino

Um coração à medida do oceano
Encantam-me as pessoas com esperança, sonhos e projectos. Deixam-me triste as pessoas que desaprenderam de olhar mais longe e de se olhar a si próprias, perdendo a consciência da riqueza que lhes vai dentro e das capacidades à espera de um investimento que nunca chega. Na vida há de todos e cada um lá vai vivendo a seu jeito.
Fomos criados para ultrapassarmos cada dia a mediania de quem se contenta com pouco e a rotina de quem se dá por instalado.
Não vejo a educação a acordar a gente nova para horizontes sem fronteiras, nem a cultivar a vontade de ir sempre mais além, com a serenidade de quem sabe esperar e a alegria de quem sabe aproveitar.
Caiu-me debaixo dos olhos um poema de Marie-Annick Retif, que é uma leitura maravilhosa da vida, identificada com barcos de histórias diferentes. Uns que não saem do porto e aí enferrujam; outros que se esquecem de zarpar, com medo do mar tumultuoso; ainda outros tão amarrados que já nem sabem olhar apara além de si e apenas marulham para se sentirem vivos e seguros; barcos ao lado de outros que afrontam o temporal e se arranham nas rotas oceânicas onde os levam os seus manejos; barcos que regressam amassados, mas dignos e fortes e sempre iguais, ainda que o sol de anos os não tenha poupado…
A poetisa conclui, olhando barcos velhinhos, mas ainda e sempre vivos: “Conheço barcos que transbordam de amor quando navegaram até ao seu último dia, sem nunca recolherem suas asas de gigantes, por terem o coração à medida do oceano.”Num fim de um domingo de muitos contactos e trabalhos, uns que traduziam sonhos realizados e outros desejos de renovar o que o tempo pode ter envelhecido, parei num lar de pessoas idosas. Familiares saíam leves e apressados de uma visita de amor ou apenas de obrigação. Entrei. Veio-me ao espírito o poema dos barcos.
Aquele salão pareceu-me, então, um porto amplo onde muitas vidas se haviam ancorado com o mistério que cada uma traduz, guarda e recorda, no silêncio de quem espera. Espera, de novo, uma visita que se repetirá daí a oito dias, um olhar que comporte afecto, um gesto que acorde vida, uma palavra que exprima amor…ou, apenas, mais uma noite longa cheia recordações e insónias, que aviva muitas dores que nunca se irão confidenciar.
Mas há sempre gente que nunca recolhe as suas asas de gigante, que teima em viver e continua a respirar o ar puro da esperança, que dá ao coração a medida dos oceanos. Vivos, sempre vivos, quaisquer que sejam os anos, as dores, as desilusões. Será sempre indecifrável o mistério que se aninha silencioso no coração de alguém que alarga a vida sempre mais e empurra, para mais longe, os anos e os trabalhos que a desgastam.
Temos necessidade de penetrar, com proveito, no mundo dos idosos que sabem viver no outono da vida, em clima e ritmo ascendente! São vidas que transbordam de amor e enchem o mundo de sabedoria e de coragem.

quarta-feira, 20 de julho de 2005