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D. Carlos Filipe Ximenes Belo, bispo emérito de Timor, por motivos de saúde, está a passar uns tempos de descanso no Colégio Salesiano de Mogofores, que frequentou como seminarista em 1969-1970. Simultaneamente, o Prémio Nobel da Paz de 1996 está a escrever um livro sobre a história da Igreja em Timor-Leste, pelo que vai aproveitar a estadia em Portugal para investigar nos arquivos nacionais da Torre do Tombo. No entanto, confessa-se afastado da realidade timorense.
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Trocou Dili, em Timor, por Maputo,
em Moçambique...
Sim, no ano passado.
O que faz em terras africanas?
Trabalho numa paróquia confiada aos Salesianos, no bairro Jardim, nos subúrbios de Maputo. O pároco é um salesiano português e eu ajudo-o. Distribuímos as tarefas. Dou catequese, atendo as confissões, rezo a Missa, pedem-me muito para pregar retiros aos jovens, fazer reuniões com famílias...
Depois de bispo... está a gostar
de ser colaborador de um padre?
Sim. É um trabalho indirecto, que já não é de responsabilidade directa, mas é da responsabilidade da educação da fé. É bonito. Na África, é outro ambiente.
Como é esse ambiente?
Tem outro contexto. Em Timor, o cristianismo era mais de massa. Porque a maioria da população, 88 ou 89 por cento eram católicos. Tínhamos muitos católicos tradicionais. Em Moçambique, já os bispos adoptaram o sistemas de núcleos, como lá se chamam, pequenas comunidades de base e bairros: 20, 25 ou 30 famílias, que se reúnem à semana – e isto dá muita vida. A liturgia é muito mais vida lá do que aqui, ou mesmo em Timor, porque é sempre com batuques com danças. Uma missa dura duas ou três horas. Nas ordenações, são cinco ou seis horas. Em Moçambique, os católicos são uma minoria, não sei se 28 ou 29 por cento. Por isso, a Igreja tem a preocupação de formar mais os pequenos grupos.
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