terça-feira, 5 de julho de 2005

Sentido de Estado dos políticos

Desde sempre me habituei à ideia de que os governantes devem ter “sentido de Estado”, isto é, gestos e atitudes compatíveis com os altos lugares que ocupam. Infelizmente, nem sempre isso se vê entre nós, com alguns políticos a comportarem-se como banais carroceiros, dando mau exemplo aos governados. Se quem está em cima se porta com grosseria, nunca pode esperar respeito e consideração dos governados. Em Portugal, temos um exemplo deste tipo de políticos que não medem as palavras e os actos, que não pensam no que dizem em público, que não pesam as consequências das afirmações ridículas que proferem perante tudo e todos. É ele o Presidente da Região Autónoma da Madeira, Alberto João Jardim, conhecido como um indivíduo desbocado e inconveniente, sobretudo quando fala Portugal continental e dos políticos do continente. E o mais curioso é que o faz, normalmente com a complacência e cumplicidade das mais altas figuras do Estado, que por norma se calam. Se o que ele diz fosse dito por um normal cidadão, é certo e sabido que seria preso na hora. Alberto João Jardim pode dizer, neste país de brandos costumes (em especial para a classe política), o que quer e o que lhe apetece, que nada lhe acontecerá. Até parece que os mais altos representantes do poder têm medo de o chamar à ordem. Agora, na habitual festa preparada para o Presidente da Madeira mandar as suas “bocas” ridículas e ofensivas, o homem resolveu mostrar que é xenófobo e racista, com um desplante incrível. Não quer na Madeira chineses e indianos, nem os de Leste, que estão a fazer concorrência a Portugal. Seria bonito se os emigrantes madeirenses, às centenas de milhares, fossem expulsos dos países em que se encontram a trabalhar e a viver. Face ao silêncio cúmplice de algumas autoridades políticas, o Alto-Comissário para a Imigração e Minorias Étnicas, o padre Vaz Pinto, resolveu repudiar as afirmações ofensivas e baratas de Alberto João Jardim, esperando-se agora que se cumpra a lei portuguesa, que proíbe a discriminação racial e étnica. Todos os portugueses que aprenderam a respeitar toda a gente, independentemente da sua raça ou nacionalidade, ficam à espera de alguém que, no nosso país, chame à pedra o Presidente madeirense. Fernando Martins

Moçambique, Filha-Pátria de Naguib Elias

Entre Nós” é um programa da Universidade Aberta para a 2:. Raquel Santos é o rosto de belíssimos momentos culturais. Por ali têm passado escritores, nomeadamente prosadores e poetas, e músicos, artistas plásticos, investigadores, entre outras pessoas ligadas a variadas formas de expressão. Hoje, assisti ao programa que nos ofereceu o pintor moçambicano Naguib Elias Abdula, já condecorado pelo Presidente Jorge Sampaio. De facto, foi bom ver e ouvir a simplicidade do artista, que não tem ambições de riqueza pessoal, mas cultiva uma certa doação aos outros. Em especial ao seu país, que baptizou de Filha-Pátria. Para o artista, Moçambique foi a sua Mãe-Pátria que tudo lhe deu, em especial de sensibilidade e de cultura que o marcaram para a vida. Agora, que o pintor já tem 50 anos de vida, chegou o momento de lhe retribuir o que dela recebeu, como se fora filha que é preciso ajudar. Gostei desta imagem que o pintor nos ofereceu da sua pátria, velha Nação e jovem Estado, que ainda não deixou a situação de um dos mais pobres países do mundo. E gostei, porque a sua lição pode servir-nos a todos, portugueses, como exemplo, que só exigimos de Portugal, como se exige de um pai ou mãe. O Pai-Portugal, ou Mãe-Portugal, a quem continuamos a pedir tudo e mais alguma coisa, como se não pudéssemos viver a nossa vida, como gente adulta e responsável. O Presidente John Kennedy, num dos seus célebres discursos, recomendou um dia aos americanos que não perguntassem aos EUA o que é que o país lhes poderia dar, mas o que é que eles poderiam oferecer ao seu país. Assim mesmo. Naguib veio mostrar, de forma muito simples mas muito concreta, que nada espera de Moçambique, porque chegou a hora de tudo lhe dar. Por isso, divulga o seu país, apoia jovens na sua fase inicial de criação artística, promove os artistas adultos, seus compatriotas, no mundo que frequenta, avança com iniciativas de ajuda aos que, doentes, não têm meios de subsistência, procura a aproximação entre Moçambique e outros países, lusófonos e não só. Bom exemplo, este de Naguib Elias. Fernando Martins

CUFC homenageado

Associação Académica da Universidade de Aveiro presta homenagem ao CUFC Assinalando o 27º Aniversário da AAUAv (Associação Académica da Universidade de Aveiro), no dia 29 de Junho, na sua sede, no Campus Universitário, com a presença dos Reitores da Universidade e autarquia aveirense, a Associação Académica prestou homenagem ao CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura), atribuindo-lhe uma Menção Honrosa de Mérito pelo serviço dinâmico e diário prestado à comunidade académica.
Lembre-se que o CUFC, criado a 25 de Março de 1987 (hoje com 18 anos de vida), é instituição da Diocese de Aveiro para responder aos desafios da Pastoral para o Ensino Superior, na área diocesana em geral, e especialmente no contexto de uma das mais dinâmicas e inovadores Universidades Portuguesas, que é a Universidade de Aveiro.

segunda-feira, 4 de julho de 2005

Um artigo de Sarsfiel Cabral, no DN

HIPOCRISIA
O Governo britânico, com destaque para o ministro das Finanças, Gordon Brown, pretende fazer da próxima reunião do G8, na Escócia, no dia 7, o início de uma nova era na ajuda ao desenvolvimento de África. Por isso se empenhou no perdão da dívida e na promessa de duplicar até 2010 a ajuda à África ao sul do Sara. Creio ser genuíno este interesse britânico pela economia africana, onde impera a fome. Mas importa lembrar algumas realidades.
A ajuda financeira nem sempre é a melhor forma de auxiliar os países pobres. Abrir-lhes o mercado dos países ricos, sobretudo no sector agrícola, seria bem mais eficaz. Depois, importa intensificar a ajuda no campo da saúde. Hoje, a miséria africana é também resultado dos milhões que ali morrem de sida, malária, etc. Os países ricos têm obrigação de financiar o acesso dos africanos a medicamentos caros.
Mas a minha maior dúvida sobre a eventual generosidade do G8 tem a ver com a actual atitude nos países ricos, nos Estados Unidos antes de mais, quanto à China e à Índia. Graças a políticas mais favoráveis ao mercado, estes países conseguiram grandes progressos económicos. Em larga medida venceram a fome. E agora exportam para as economias desenvolvidas, desde têxteis chineses a serviços informáticos da Índia. Mas parece, afinal, que o sucesso chinês e indiano é uma desgraça para as nações ricas... Se, por milagre (infelizmente improvável), o desenvolvimento de África desse um grande salto, daqui a anos teríamos muitos dos que hoje apelam (e bem) à ajuda aos africanos a reclamarem contra a concorrência "desleal" das suas exportações. Esta hipocrisia é também míope o êxito económico dos outros é bom para todos, é bom para nós.

SANTA SÉ contra casamento homossexual

Vaticano considera legalização do casamento homossexual como «derrota da humanidade»
A polémica em torno da legalização dos casamentos homossexuais em Espanha continua na ordem do dia no Vaticano, com o jornal “L’Osservatore Romano” a qualificar na sua uma derrota da humanidade”. O jornal do Vaticano afirma que a oposição da Igreja católica a esta iniciativa não é uma “guerra de religião”, pois a família não é algo imposto pela Igreja, “mas um património das grandes culturas”.“Causa incredulidade e amargura o tom triunfalista com os que alguns políticos e intelectuais ‘progressistas’ comentaram a lei que legaliza as uniões homossexuais, equiparando-as ao matrimónio heterossexual”, diz o artigo.“Não só os crentes, mas qualquer pessoa com senso comum, livre do preconceito, não pode deixar de reconhecer neste acto uma derrota da humanidade”, afirma “L’Osservatore Romano”.
(Para ler mais, clique aqui)

Monopólios são sempre perigosos

Numa democracia madura, não há nem pode haver monopólios. Os monopólios, seja em que área for, fazem sempre lembrar totalitarismos que cerceiam a liberdade individual e colectiva. Na educação, ainda se tornam mais perigosos, porque é a partir daí que se formam as consciências e se edificam as sociedades. É certo que as democracias têm de garantir o ensino e a educação a todos os seus membros, mas devem fazê-lo no respeito pelas convicções e opções de todos. Assim, e tendo em conta que os primeiros responsáveis pela instrução e pela educação dos filhos são os pais, o Estado democrático não pode impor, seja a quem for, um modelo único de escola, onde se ministra o que os partidos no poder entendem ser o mais correcto, que pode não ser o mais certo para os pais. Na impossibilidade de o Estado oferecer um modelo educativo a cada família, importa aceitar que outros o façam, respondendo, deste modo, às necessidades e aos gostos das famílias. Isto significa que, se uma família deseja para os seus filhos uma educação de matriz cristã, tem de haver liberdade de escolha, cabendo ao Estado a obrigação de apoiar esses projectos. Dir-me-ão que o Estado só pode oferecer um tipo de escola, porque não tem possibilidades de responder a todos os gostos. Ora aí é que está o problema que tem de ser ultrapassado, sob pena de termos escolas estatais com projectos educativos que possam ofender as convicções de muitos. Foi-me garantido que há escolas oficiais onde estão a querer banir os sinais religiosos. Há professores que estão a ser ameaçados com processos disciplinares, caso proponham aos seus alunos, por exemplo, actividades do âmbito das religiões que professam, num quadro da aula de Educação Moral e Religiosa. Isto significa que é proibido cultivar o sentido do religioso e do divino nos alunos, mas legítimo cultivar o indiferentismo e até, a partir daí, o ateísmo. Fernando Martins (Voltarei ao assunto)

Em férias, mas presente

A gozar um período de férias, direito que assiste ou deve assistir a todos os cidadãos, prometo que, sempre que possível, por aqui passarei. Os meus assíduos leitores merecem de minha parte este modestíssimo esforço, até porque já não me sinto bem sem nada fazer. Entretanto, quero desejar a todos umas boas férias, com muita tranquilidade e com muita alegria. No regresso, prometo dar conta do que vi, senti ou li no ambiente descontraído em que me encontro. F.M.