sexta-feira, 17 de junho de 2005

De regresso

Estou de regresso, depois de uns dias de um certo descanso. De regresso, para estar mais perto dos meus leitores, alguns deles diários. Julgo, no entanto, que seria mais interessante que todos se associassem a este meu labor, em prol de uma sociedade mais participativa. Fico à espera.
F.M.

quinta-feira, 16 de junho de 2005

Refugiados, prioridade para o mundo

António Guterres tomou posse esta quarta-feira como Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, um dos mais importantes e prestigiados cargos humanitários internacionais.
O Alto Comissariado abrange sob o seu mandato 17 milhões de pessoas que necessitam de protecção internacional. Tem cerca de 6000 funcionários cujo trabalho se divide por mais de 115 países e o seu orçamento para 2005 ultrapassa mil milhões de dólares. Ao longo dos seus 50 anos de existência, a agência foi distinguida com dois Prémios Nobel. Dirigindo-se ao seu novo staff, Guterres afirmou que assume o lugar com convicção, humildade e entusiasmo: "Convicção, porque acredito realmente nos valores que norteiam esta agência e quero lutar para que prevaleçam em todo o Mundo. Humildade, porque tenho muito que aprender e dependo de todos vós para o conseguir. Entusiasmo, porque não seria capaz de escolher uma causa mais nobre para por ela lutar”.
Em comunicado, foi confirmada a visita prevista de António Guterres, no próximo dia 20, a um campo de refugiados no norte do Uganda, por ocasião do Dia Internacional do Refugiado, dedicado este ano ao tema da "coragem".
Considerando o tema especialmente adequado, António Guterres relembra que nos últimos 50 anos o ACNUR apoiou já mais de 50 milhões de pessoas afectadas por conflitos e desastres naturais.
As prioridades de António Guterres são: responder às crises do continente africano, reforçar os meios disponíveis para apoiar refugiados e consolidar o apoio financeiro internacional. "A comunidade internacional não está suficiente desperta para os gravíssimos problemas existentes no continente africano. Grande parte dos problemas das Nações Unidas em África estão a ser subfinanciados", afirmou.
Citando os casos do Burundi e Ruanda e do Uzbequistão e Quirguistão, António Guterres alertou igualmente para o facto de "se estar a tornar um hábito" dois governos "acordarem entre si a violação do direito internacional e em repatriarem pessoas que estão a pedir asilo sem a avaliação dos casos."
Isto é inaceitável e temos um certo receio que esta moda possa começar a generalizar-se numa violação clara dos direitos humanos e do direito internacional", sustentou.
Criado em 14 de Dezembro de 1950, o ACNUR iniciou as suas actividades em Janeiro de 1951, com um mandato de três anos para ajudar os 1,2 milhões de refugiados europeus que ficaram sem casa após a II Guerra Mundial.
Fonte: Ecclesia

Para pensar: FOME NO MUNDO

Laura Melo, porta-voz do Programa Alimentar Mundial (PAM) para África, disse, em entrevista à “VISÃO” desta semana, que “São cerca de 852 milhões as pessoas que vão para a cama com a barriga vazia. Em cada cinco segundos, morre uma criança de fome ou de doença associada a ela. Mas os casos extremos, em que a pessoa já está em situação de emergência, são apenas 8% a 10% do total. Quer isto dizer que a grande maioria está longe dos ecrãs de televisão e das notícias, a sofrer em silêncio. E, infelizmente, estes números têm vindo a subir. Ainda no ano passado falávamos em 800 milhões… É importante saber-se que a fome e os seus efeitos são a principal causa de morte no mundo. Mata mais do que a malária, a tuberculose e a sida juntas.”

“O Projecto Europeu e a importância do Tratado Constitucional”

No próximo sábado, no CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura), junto à Universidade de Aveiro, vai realizar-se uma Jornada, entre as 9.30 e as 13 horas, sobre “O Projecto Europeu e a importância do Tratado Constitucional”. A organização é da Fundação Sal da Terra e Luz do Mundo, a qual conta com as parcerias da Comissão Diocesana Justiça e Paz e do CUFC. Intervém, como convidado, Luís Lobo Fernandes, titular da Cátedra Jean Monnet de Integração Política Europeia e Director da Secção de Ciências Políticas e Relações Internacionais. Porque “A Europa é, antes de mais, uma estrutura intelectual e um projecto histórico carregado de ambivalências, mas também de criatividade”, como se sublinha no desdobrável de divulgação desta iniciativa, aberta a todos os interessados, importa referir que é de grande vantagem a participação de todos os que se preocupam por estas questões, numa altura em que o problema do Tratado Constitucional da UE está a ser posto em causa.

quarta-feira, 15 de junho de 2005

Um artigo de António Rego

O PACTO DOS POETAS
Temendo que no alarido da morte possa deixar esmorecida a voz dos poetas, ficarei por Eugénio de Andrade na trilogia dos que, nestes dias de Junho, deixaram as páginas vivas da nossa história recente.
Desde jovem me habituei a sentir a sua voz melancólica na poesia “que prefere a pobreza ao luxo, a simplicidade à complicação” como ele diz dum outro poeta querendo dizer de si próprio. Refiro-me ao texto de Eugénio de Andrade no posfácio do livro De igual para igual de José Tolentino Mendonça. Percebi, nessa leitura atenta e agora revisitada, que o pacto destes dois poetas vai para muito além do campo das letras. Há uma comunhão de procuras nos oceanos em que apenas os poetas sabem navegar. Eugénio de Andrade encanta-se com a “inocência e sabedoria” na citação que faz de Tolentino de Mendonça:
Nesse tempo
ainda era possível
encontrar Deus
pelos baldios.
- Em que tempo? – pergunta Eugénio de Andrade? “Provavelmente em todos os tempos. Isto é, na infância de cada um de nós, nessa infância que todo o ser humano arrecada para que a poesia um dia aí faça o seu ninho”. E volta a citar o autor de Baldios: “A poesia é o lugar desse tempo interior, ciciado, secreto”. Eugénio de Andrade embala-se nesta expressão austera e acrescenta: “A frase é densa, carregada de sentidos, de presságios. É como se falasse de um lugar antiquíssimo, onde cada gesto, cada balbucio cada som procurasse dar sinal de um deus (ou de Deus) àqueles que o escutam. As suas palavras são as de uma alma atravessada pelo espanto de uma presença.”
Sei que com esta colagem de palavras corro o risco não só de profanar a poesia, como também de trair o que os poetas, na sua profética sabedoria, perscrutam do indizível de vida. Mas na morte de Eugénio de Andrade apraz-me encontrá-lo de mãos dadas com jovens poetas numa procura misteriosa da presença de Deus: “mas quando tombei sobre a terra perdido como o fio de um cabelo... estavas junto de mim”.
Dos que quase em simultâneo partiram: Gonçalves, Cunhal e Andrade, demoro-me no poeta. Por ele os sinos não dobraram tanto. Mas o seu dobrar, quase em pianíssimo, é o que mais se assemelha à eternidade.
Que a sua voz se não perca nos ruídos que a morte sempre suscita. Refiro-me ao concerto transcendente dos poetas porque, nos muitos dizeres da morte cai, por vezes, na sombra, a essência da vida.

Portugueses infelizes?

Segundo o Eurobarómetro, os portugueses são dos que, na UE, menos se interessam pela política e dos que mais se manifestam infelizes com a vida que levam, logo depois dos povos de cinco novos Estados-membros. E quanto à religiosidade, os portugueses são dos que se declaram mais crentes. Pensando bem, estes valores devem mesmo estar certos. Pelo menos, é essa a sensação que tenho de conversas mantidas com muita gente. A ignorância política é demasiado conhecida. Acho que os portugueses gostam pouco de pensar a política, optando, habitualmente, por se deixarem guiar pelos líderes políticos. A cegueira e os interesses partidários (de todos os partidos, claro) são confrangedoramente notórios, em muitos casos, contribuindo para o deficiente envolvimento do povo, em minha opinião. E sobre a infelicidade que tantos sentem, penso que isso deve estar ligado às incertezas do futuro, à luta terrível pela sobrevivência a todos os níveis, às expectativas criadas pelas pessoas e difíceis de alcançar. A cultura do ter, em detrimento do ser, leva muita gente a ficar deprimida, por não conseguir chegar onde sonhou. A propósito da religiosidade, o estudo revela que os portugueses são dos mais crentes, mas logo esclarece que muitos confessam não dedicar muito tempo a pensar no sentido da vida. Julgo que muitos se declaram crentes por tradição, pela educação religiosa recebida na infância, na família e na catequese, mas também se sabe que bastantes jovens, pouco tempo depois, se afastam da frequência do culto. Cerca de 81 por cento dos portugueses, sublinha o inquérito, dizem acreditar que Deus existe, 12 por cento acreditam na existência de alguma força de vida ou espiritual e apenas seis por cento não crêem em Deus ou em qualquer força espiritual. Sobre a existência de Deus, estão à frente de Portugal, na UE, os malteses, com 95 por cento de crentes, e os cipriotas, com 90 por cento. A média da UE, neste item, é de 52 por cento Em resumo, há muito que fazer no nosso País, quer ao nível da sensibilização para a política, porque os Governos e os seus projectos dependem, essencialmente, da força dos votos dos eleitores. Mas também se torna urgente descobrir, com realismo, as causas da infelicidade de tantos compatriotas nossos. Não creio que seja uma questão genética. Quanto à religiosidade, uma questão sempre em debate no seio da Igreja Católica, penso que é imperioso esclarecer mais sobre a importância da formação da fé e para a fé, apresentar com mais clareza os ensinamentos eclesiais e testemunhar com mais coragem a Boa Nova de Jesus Cristo. Fernando Martins

"Um Contra Todos"

Na RTP há um concurso que devia ser visto por toda a gente. Chama-se “Um Contra Todos” e tem como apresentador José Carlos Malato. No essencial, trata-se de um concorrente em jogo contra 50 adversários, tendo por base cultura geral. Há questões sobre Desporto, Literatura, Geografia, Ciência, Cinema, Artes, Música, Cidadania, Provérbios e História, entre outras. Saído o tema, os adversários têm de responder em seis segundos, ficando depois o principal concorrente de optar por uma de três soluções possíveis, em diálogo com o apresentador, sempre animado, desafiador e interpelante. Não vale a pena entrar em mais pormenores porque, decerto, já todos viram o concurso, tentando, em casa, acertar na resposta correcta. Ora o importante está na oportunidade de todos em casa participarem, em família, testando os seus conhecimentos e recordando ensinamentos recebidos, por vezes, há muitos anos. Mas também adquiridos no dia-a-dia da vida. Perante tanta futilidade das nossas televisões, penso que é bom aproveitar estas ocasiões que se nos deparam, para nos enriquecermos a nível geral. Não raro, ficamos surpreendidos com os nossos próprios conhecimentos e …com a nossa ignorância em muitas matérias. Eu, por exemplo, raramente acertava em Música e músicos da mais recente geração e em realizadores e artistas que protagonizaram muitos filmes. Uns que vi, mas cujos nomes não fixei. Nunca fui dado a esses pormenores. Portanto, penso que será muito bom se a família, à roda da RTP, puder reunir-se para participar, ao serão, no concurso “Um Contra Todos”. Fernando Martins