PORTUGAL vai vender mais ouro?

O antigo ministro das Finanças de Cavaco Silva e actual presidente da Agência Portuguesa de Investimento, Miguel Cadilhe, sugeriu a venda de ouro das reservas do Banco de Portugal, para investimento na reforma da Administração Pública, noticiou o PÚBLICO ONLINE. Depois de afirmar que as reservas de ouro do Banco de Portugal são intocáveis para resolver problemas de despesas correntes, considerou que, no caso da modernização da Administração Pública, as vendas de ouro podem ser um investimento de elevado mérito. Portugal, que já foi dos países com maiores reservas de ouro, tem visto diminuir o "stock" à guarda do Banco de Portugal. Antes do 25 de Abril, havia 865,9 toneladas de ouro, 180 das quais foram vendidas nos dois primeiros anos da revolução dos cravos. Depois foram mais algumas toneladas e nos últimos três anos saíram 145. Restam, agora, 462,2 toneladas. Por este andar, ficaremos sem ouro para uma emergência inadiável. É certo que, antes do 25 de Abril, com todo o ouro que o País possuía, não deixámos de ser um povo paupérrimo, no contexto da Europa. Não soubemos pegar nele para nos industrializarmos e para modernizarmos a nossa agricultura. Se ao menos o vendêssemos para dar um pontapé no atraso em que estamos metidos... já não seria mau. F.M.

FUTEBOL tem de pagar dívidas ao Fisco

O ministro das Finanças, Bagão Félix, está a exigir aos clubes de Futebol com dívidas ao fisco, abrangidas pelo "Totonegócio", a liquidação do que então foi acordado. Se não houver pagamento ou garantias bancárias, o ministro avança mesmo com a cobrança coerciva. Questionado sobre o assunto, o líder do PS, Eng. Sócrates, concordou com a decisão, o que será uma garantia de que, enfim, o Futebol deixará de ter um tratamento de privilégio. Há muito que o Futebol se tem postado num mundo à parte e até, ao que parece, com uma "ética" própria, o que tem levado muita gente do meio a denunciar "o sistema", que será a fonte de injustiças e de resultados desportivos fabricados à margem do jogo propriamente dito. A um treinador, assumidamente católico, ouvi eu dizer que é lícito ao jogador enganar o árbitro, no caso concreto, atirando-se para o chão para simular uma carga do adversário. Ontem, a propósito da decisão de Bagão Félix, um dirigente de um grande clube deu-se ao luxo de gozar com a situação, sugerindo que lhe viessem hipotecar as retretes do balneário do árbitro, como há anos fizeram, porque já tinha comprado uns potes. O mundo do Futebol tem destas coisas. Alguns dirigentes, dos que não pagam ao Fisco, atrevem-se a desafiar as leis do País, como se nada tivessem a ver com elas. Claro que toda a gente sabe que a Polícia Judiciária anda em campo para averiguar quem no Futebol não cumpre as regras do jogo da sociedade democrática, mas estamos em crer que muitos passarão pelas malhas da rede, se estas não forem bem apertadas. Os nossos leitores até sabem o que aconteceria a um modesto cidadão se não pagasse os impostos ao Estado. Aí, ninguém lhe perdoaria e lá iriam a casa e outros bens para a penhora. Os clubes de Futebol desonestos, esses têm passado impunes. Veremos se vão continuar a brincar com as leis portuguesas. Fernando Martins

D. Manuel Clemente na Academia Internacional de Cultura Portuguesa

D. Manuel Clemente, Bispo Auxiliar de Lisboa, tomou posse como membro da Academia Internacional de Cultura Portuguesa, depois de ter sido eleito pelos académicos, tendo em conta o mérito da sua obra. A Academia tem como objectivo fomentar trabalhos científicos para salvaguardar a herança cultural lusa espalhada pelo mundo. D. Manuel Clemente mostra-se disponível para acrescentar o ecumenismo na sua colaboração agora iniciada, tendo sublinhado que está certo e convicto de que nada se fará em geral, se não nascer no particular. Sublinhou, por isso, o papel de instituições como esta Academia, que reúnem pessoas e fortalecem disposições de sabedoria fecunda, já que a cultura portuguesa é internacional de raiz, "não só pela variedade dos seus componentes de origem, como pelo alargamento ecuménico que registou depois", sublinhou. Foto: D. Manuel Clemente

PAPA está hospitalizado

Joaquín Navarro-Valls, director da Sala de Imprensa do Vaticano, informou há pouco que o estado de saúde do Santo Padre «é estável». Referiu que durante a noite prosseguiram as terapias de assistência respiratória que levaram à estabilização do quadro clínico. Os parâmetros cardíacos, respiratórios e metabólicos estão dentro da normalidade, adiantou aos jornalistas.

O comunicado sublinha que o Papa «descansou algumas horas», tendo João Paulo II passado uma noite tranquila no Hospital Policlínico Gemelli, em Roma. Hoje de manhã começou a ser submetido a novas análises para controlar a evolução da gripe.

O Papa, de 84 anos, foi hospitalizado de urgência na terça-feira à noite devido a problemas respiratórios, provocados por uma gripe forte que o afecta desde Domingo, pelo que foram anuladas as habituais audiências, nomeadamente a de hoje, quarta-feira.

D. Ximenes Belo vai regressar a Timor

Segundo informa o «Diário Digital», o antigo bispo de Timor-Leste e prémio Nobel da Paz, D. Ximenes Belo, pretende regressar a Timor-Leste em Junho deste ano para servir como padre no litoral do país. Informa ainda que, em entrevista ao National Catholic Reporter, D. Ximenes está a escrever a história da Igreja Católica em Timor-Leste, desde 1566 até 2000. D. Ximenes abandonou Timor-Leste em 2002 por motivos de saúde e tem trabalhado em Moçambique como padre.

Liberdade de Ensino e Escola de Valores

Promovido pela Fundação Sal da Terra, realizou-se no sábado, 29 de Janeiro, um debate sobre a liberdade de ensino e os valores implícitos nos projectos educativos. De um lado, Júlio Pedrosa, ministro da Educação do último Governo de António Guterres, do outro, Mário Pinto, professor da UCP. O Correio do Vouga pediu ao padre João Mónica, director do Colégio Diocesano de Calvão, um comentário sobre o encontro, que teve lugar no Seminário de Santa Joana Princesa e que contou com a participação de muita gente interessada pelo tema. Para ler a opinião do padre João Mónica, clique aqui.

Viagem acidentada

Aí está a crise. Todos a sentimos. Não há discurso que a disfarce. O tempo que vivemos tem tanto de sublime como de repulsivo. Em Portugal, vários são os indicadores de que não vamos bem. Talvez, sobretudo, de que não vamos. Como que fomos revisitados pelo passado que tanto nos custou a vencer com as vozes e os braços do povo. As nossas pequenas cidades e aldeias como que tinham ressuscitado da indiferença e desimportância. E eis que ressurgem imagens de pobreza, desemprego, desertificação, envelhecimento, desencanto, sem nobreza, com um folhetim interminável de violências e patologias, agora inteiramente expostas a todo o país, fazendo esmorecer a alegria da dignidade reassumida com um saudável orgulho pela terra, pela nossa terra. De longe - hoje quase não há longe - também nos chegam palavras vestidas de luto. A guerra do Iraque continua teórica e praticamente sustentada por fantasmas. Sucedem-se conflitos e ameaças. A fome extrema continua o seu escândalo. E não nos sai dos olhos o golpe cruel nas ilusões que foi o maremoto do dia seguinte ao Natal - estando ainda nós a festejar a esperança na máxima potência. Tenho, nestes últimos domingos, sob inspiração de Isaías, esgaravatado razões de esperança face a aparentes evidências duma espécie de conspiração combinada entre o homem e a natureza com vista ao desmoronamento das nossas sonhos. E a campanha eleitoral que corre o país, isto é, os media, está maquilhada das mesmas falácias e revestida das mesmas lantejoulas de artifício de pessimismo e breve esperança. Tenho notado, na preparação da liturgia destes domingos, uma cumplicidade estranha entre Jesus e o profeta Isaías. Jesus veio confirmar que todos os sonhos e poemas do profeta são mesmo verdade. Pura verdade. Nem hipérbole nem utopia. A verdade pura do futuro, que já se desenha. Temos de pôr o coração alerta para o sentir e os braços em força para o realizar. A desgraça é um acidente passageiro. A Graça é o quotidiano de Deus e do homem. Foi Jesus Quem o garantiu. Olhando bem, os Evangelhos, tal como Isaías, não dizem outra coisa. Quando o barco parecia afundar-se, Jesus perguntou: "Porque tendes medo, homens de pouca fé"? António Rego

Foto: Padre António Rego