«In manus Tuas — Nas Tuas mãos… é o lema episcopal do Senhor D. António Francisco e o título que damos a estes textos que nos ajudarão a não esquecer a sua paixão pela caridade, o seu ardor pela evangelização dos praticantes e dos não crentes e o seu espírito de oração.» — lê-se no Prefácio do livro publicado com o mesmo título, como gesto de homenagem a D. António Francisco, assinado por D. António Moiteiro, Bispo de Aveiro. Esta nota, na contracapa, sintetiza, de forma lapidar, o conteúdo do livro publicado pela Diocese de Aveiro, como sinal de gratidão a D. António Francisco dos Santos, falecido em 11 de setembro, no Porto, sede da diocese do mesmo nome e da qual foi Bispo. Antes, havia sido Bispo de Aveiro, onde granjeara estima e admiração dos aveirenses, pela sua simpatia natural, proximidade sem barreiras, humildade exemplar, caridade inexcedível e bondade sem limites. D. António Francisco partiu para o seio de Deus, inesperadamente, quando tanto tinha para nos dar da sua visão humanista do mundo, alicerçada na Boa Nova de Jesus Cristo, que ele, tão expressivamente, sabia transmitir-nos.
O livro, que ora vem a lume, é constituído por mensagens, homilias, entrevistas e outros textos, nos quais se dirige ao clero, ao sentido da casa sacerdotal, aos jovens e aos devotos de Santa Joana (Padroeira da cidade e diocese), mas ainda a quantos procuram o discernimento vocacional. Sobressaem, contudo, pela extensão e importância, os temas relacionados com a Missão Jubilar, um dos seus grandes desafios, na minha ótica, pela oportunidade e premência, numa diocese de ria, mar e serra, celebrativa dos 75 anos da restauração da Diocese de Aveiro.
“In manus Tuas” abre, naturalmente, com a sua chegada à Diocese: Mensagem, entrevistas, homilia de entrada na Sé de Aveiro e intervenção no jantar de Acolhimento. E encerra com a Partida para Bispo do Porto: Mensagem, Na hora da gratidão e Ação de Graças. Há ainda o reconhecimento e homenagem da autarquia aveirense com medalha de mérito, grau ouro.
«Na vida do Senhor D. António Francisco seguir Cristo não foi apenas uma opção de circunstância, mas sim uma ação permanente: Quem quiser salvar a sua vida por minha causa, há de encontrá-la. A lógica do salvar ou perder a vida que Jesus nos propõe é a mesma que Ele vive: há mais alegria em dar do que em receber, e o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida. Por isso, “de que serve ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder a sua vida?”», refere D. António Moiteiro no Prefácio. E salienta que «O fio condutor do seu magistério episcopal foram as bem-aventuranças», que «tipificam a felicidade oferecida por Jesus».
Em Testemunho Vocacional, D. António Francisco afirma, recordando os seus primeiros passos e sonhos, que «A alegria de viver é irmã gémea do amor sentido nos caminhos andados para responder ao desafio da vocação. É de fé que se trata sempre que recordamos os primeiros acenos do chamamento e sempre que lembramos as primeiras timidamente balbuciadas para dizermos, em crianças, o que gostaríamos de ser um dia mais tarde. Assim com muitos de nós. Assim acontece hoje ainda e acontecerá sempre que nos colocamos frente ao mistério insondável da vocação». E sobre a sua divisa episcopal — In manus Tuas —, D. António Francisco frisa: «Este é o meu lema de ministério e o meu programa de missão. Disponível “nas mãos de Deus”, peço-lhe que faça de mim mensageiro corajoso da Palavra de Deus, distribuidor generoso do Pão da Eucaristia, servo fiel da Esperança, profeta da Justiça e apóstolo da Bondade, como fiel discípulo de Jesus e feliz servidor da Igreja.»
“In manus Tuas”, edição Tempo Novo, textos de D. António Francisco, 504 páginas, Prefácio de D. António Moiteiro.
Fernando Martins