Jesus vem para nos acompanhar...
Jesus vem para nos acompanhar com abraços, com sorrisos, com um Reino de paz, justiça e amor, consolando lágrimas, dores e dificuldades. Dá coragem e confiança a tantas pessoas de coração bom e generoso, grupos de voluntários, comunidades e paróquias...
Está presente, todos os dias, em tantas pessoas que dão a vida por Ele, em tantas mesas partilhadas que são o sinal da sua presença no meio de nós, nos mais pequenos e nos últimos da sociedade, que são os seus preferidos.
Que Ele nos ajude a ser acompanhantes... na vida dos nossos irmãos, na fraqueza e na fragilidade, nas várias realidades do mundo em que vivemos, tornando-nos mais humanos e fraternos, vivendo por amor e abrindo o coração à ação do Espírito Santo.
Que o Senhor Jesus venha inundar de vida o nosso ser, transformando-nos para nos modelarmos segundo a sua Palavra. Tenhamos o gesto, o olhar misericordioso para o que necessita. Que saibamos ser sua presença, viver o dom que é viver unidos uns aos outros. No coração de Deus há um lugar preferencial para os pobres e neles encontramos o rosto e a carne de Cristo que se fez um de nós.
Neste tempo de Natal, missão e participação são duas realidades que devem estar presentes na vida de quem deseja festejar o nascimento de Jesus. Precisamos de deixar que Ele entre nas nossas vidas e que intervenha confiadamente, sem encontrar obstáculos.
Jesus apela à mudança de vida e de mentalidade. Sem a conversão do coração e da mente e sem o treino ascético para o acolhimento, para a escuta recíproca e para a inclusão, dificilmente haverá Natal. Quem acolhe o dom de Deus e aceita Jesus como “o salvador do mundo” torna-se um homem novo. Aproximemo-nos dele. Jesus continua a bater, diariamente, à nossa porta, a buscar pousada no nosso coração. Acolhê-lo implica percorrer um caminho de conversão, de transformação pessoal, eclesial e comunitária. A Igreja pede-nos para fazermos um caminho conjunto do Povo de Deus e como diálogo fecundo de carismas e ministérios ao serviço do advento do Reino. Temos de responder ao chamamento gratuito de Deus para vivermos como seu Povo, que caminha na história em direção à realização definitiva do Reino.
Num mundo que clama justiça e paz, temos de sentir a responsabilidade de ajudar os outros. Temos, como comunidade de irmãos, favorecer caminhos de reconciliação, de esperança, de justiça e de paz. O Jubileu que vamos celebrar é um tempo favorável à conversão e à reconciliação entre todos os membros da nossa comunidade. Somos peregrinos da esperança e, como refere o Papa Francisco, precisamos de transbordar esperança (cf. Rom 15,13) para testemunhar de modo credível e atraente a fé e o amor que trazemos no coração; para que a fé seja jubilosa, a caridade entusiasta; para que cada um seja capaz de oferecer um sorriso, um gesto de amizade, um olhar fraterno, sabendo que no Espírito de Jesus, isso pode tornar-se uma semente de esperança para toda a humanidade.
Que, neste Natal, cada cristão se torne um discípulo missionário de Jesus Cristo, para que a luz do Emanuel a todos ilumine, a todos torne mais felizes. Só Ele nos oferece um horizonte de realização plena, de felicidade perfeita. Todos podemos ser homens novos se deixarmos que Ele nasça no nosso coração para nos dar o exemplo. Que Ele ilumine o nosso caminho. Que seja o centro do nosso testemunho pessoal, comunitário e eclesial, na certeza que nos acompanha sempre.
Sustentado pela esperança e na consciência de que todos somos peregrinos da esperança, a todos desejo um Natal de Paz e fraternidade.
Natal 2024
† António Manuel Moiteiro Ramos,
Bispo de Aveiro