Antigamente, havia na rádio uns romances folhetinescos que ouvíamos encantados à falta de outras coisas, que a pobreza do país nada mais podia dar ao povo. De política não se podia falar. As cadeias tinham sempre lugar para quem abrisse a boca sobre assuntos políticos ou aparentados. De modo que o povo gostava dos folhetins radiofónico. Eu também cheguei a gostar, mas um dia, como aquilo nunca mais chegava ao fim, mandei essas coisas à fava e virei-me para os livros. Ainda bem.
Vem isto a propósito da telenovela política que nunca mais chega ao fim, dando lugar ao trabalho para bem do país e bem-estar do povo que prefere viver honradamente com o essencial, correspondente a uma vida digna.
Pois as nossas televisões, algumas rádios e certos jornais souberam aproveitar a bagunçada política animada por um ministro, secretários e secretárias, que editaram uma telenovela de extraordinária audiência, que não tem paralelo nos nossos órgãos de comunicação social, casas de espetáculos e afins.
Pelo que tenho ouvido, o país até parece que parou para ver se haveria tiros ou socos em direto, mas felizmente tal não aconteceu. Terá havido, isso sim, uns socos antes das gravações dos órgãos de comunicação social.
No fundo, eu penso que, não podendo resolver os problemas no recato dos gabinetes ministeriais, por que razão não chamaram o Primeiro Ministro para pôr água na fervura?
Fernando Martins