segunda-feira, 8 de maio de 2023

Ganhar tempo


Casa Gafanhoa de lavrador abastado: 
Construída em adobe, depois azulejada e pintada no interior.

Assim é feito o adobe

Os nossos avós perceberam que sozinhos não podiam chegar longe. Daí a ideia de se entreajudarem nos trabalhos agrícolas, mas não só. Senti isso mesmo quando, menino ainda, vi como os gafanhões partilhavam canseiras, sobretudo nas horas de aperto. Chamavam a isso ganhar tempo. Hoje ajudo eu e amanhã ajudas tu. Era assim nas sementeiras, nas colheitas, mas ainda na construção de habitações para os nubentes. Os adobes eram feitos nas areias brancas, junto à mata da Gafanha.
No dia aprazado, apareciam os que precisassem de ajuda num futuro próximo. Uns queimavam a cal que, misturada com a areia, dava a massa. Outros, com formas de madeira e de colher de trolha, apertavam e alisavam a massa. Eram os adobes que por ali ficavam a secar. Depois de bem secos eram empilhados até à hora de começar a construção da casa.

2 comentários:

  1. Mas esqueceste uma outra tarefa também muito usada na nossa meninice, caro amigo: A construção dos poços de rega!...
    Os gafanhões donos dos terrenos, primeiro delineavam o círculo que definia o poço, construíam a dorna de madeira e sobre ela, os muros de adobos. No dia da 'ajuntadela', era enterrada até que a parte superior da madeira, coincidisse com o nível freático, completando assim, o trabalho comunitário.
    Depois à noite, era a ceia em ar de festa/convívio com todos os participantes e suas famílias, em casa do proprietário!

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  2. Não esqueci, meu caríssimo amigo. Um dia deste vem o Rol do Gado! Abraço.

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