Reflexão de Georgino Rocha
para o Domingo I do Advento
Este domingo é o primeiro do Advento que a Igreja hoje inicia. Abre assim o Ano Litúrgico que nos faz celebrar a vida de Jesus Cristo na sua peregrinação histórica de salvação da humanidade, com particular destaque para a Páscoa e para o Natal. Tudo se polariza na ressurreição e dela tudo dimana. Os outros acontecimentos encontram
sentido neste núcleo central. Começa por celebrar a vinda gloriosa do Senhor que está sempre presente na acção da Igreja. Exorta-a a um persistente cuidado para estar desperto e acolher a sua chegada. Assim o recorda o Evangelho de hoje. Tende cuidado convosco. Vigiai para estardes preparados. Mt 24, 37-44
Tem despertado grande atração o Campeonato Mundial de Futebol, no Qatar. No meio das polémicas, brilham exemplos de humanidade que enriquecem a nossa humanidade. Sirva de ilustração o exemplo que deram no final da partida de abertura, os jogadores e adeptos do Japão.
Voltaram a destacar-se pelas melhores razões esta quarta-feira, dia 23 de Novembro de 2023, após a vitória sobre a Alemanha. Celebraram a preceito, mas depois acabaram por ficar largos minutos no Khalifa International Stadium, a ajudar os voluntários e limpar o lixo das bancadas. Fb 24.XI.2022
Vivemos num tempo em que o ritmo do curso normal da vida é alterado pela publicidade que se serve de enfeites, músicas, slogans: animando o ambiente social e escolar, criando um ambiente de festa e uma atmosfera d consumo, por vezes exagerado que chega a “ensonar” a consciência. Também na área religiosa. Importa estar atento e prevenido.
A recomendação feita por Jesus ocorre no ensinamento que encerra o seu ministério em Jerusalém. Quem a escuta fica com muitos “sabores de boca” e interrogar-se. Será premonitória esta exortação? Convite/apelo a que se tome a vida mais a sério e se passe da indiferença vulgarizada à observação crítica, em ordem a compreender a realidade?!
Além deste “leque” multicolor de possibilidades, o narrador do episódio –Mateus, o evangelista escritor – destaca alguns elementos que Jesus terá aduzido e que surgem “enroupados” numa linguagem especial, própria para iniciados, a apocalíptica. O ponto de convergência de todos está centrado nas “coisas” últimas do tempo histórico e no advento das realidades futuras.
Os ouvintes tinham vivido situações desoladoras, como a da guerra judaica e a matança subsequente, a destruição do Templo e a ruína religiosa provocada pelo vazio espiritual, a perplexidade angustiante, face ao futuro que parecia estar cativo de um presente fechado. Este cenário desolador serve de “pano de fundo” à admonição “estai preparados” que Jesus se encarrega de fundamentar. E aduz razões de atenção vigilante aos acontecimentos, de ânimo levantado e de postura inteligente, de coração liberto e disponível, de oração e de esperança.
Os discípulos podem, assim, crescer na certeza de que a libertação está próxima e aguardar o encontro definitivo com o Senhor, o Filho do homem (nome usado por Jesus para desvendar a sua humana divindade e indicar o tipo da sua missão sofrida). Esta certeza constitui a marca de qualidade da fé dos cristãos e é reafirmada no Credo apostólico: “De novo há-de vir”. Este encontro vai acontecendo em gestos solidários e atitudes fraternas e será consumado na comunhão da família de Deus quando toda a humanidade atingir a realidade definitiva e estiver nos braços do Pai.
“Estai preparados” – repete-nos, hoje, Jesus Cristo -, observai o que está a acontecer, olhai para o vosso mundo interior e examinai os vossos critérios de vida, vede as ondas de solidariedade no meio de tantas malefícios e desgraças, acreditai que outra organização da convivência humana é possível e trabalhai por ela, com a força da esperança e a eficácia da caridade e da justiça. Contai com a minha presença renovada e intervenção discreta e solícita para dar alento e persistência aos vossos esforços. E um dia, todos juntos em comunhão familiar, faremos a festa do universo e dos nossos irmãos em humanidade.
Pe. Georgino Rocha