Reflexão de Georgino Rocha
para o Domingo XXXIII do Tempo Comum
Jesus e os discípulos estão nas imediações do templo de Jerusalém, termo da sua caminhada missionária iniciada na Galileia. Conversa sobre a majestade, a beleza e a consistência do que vêem. Estão maravilhados e confiantes. Contemplam a afluência de pessoas devotas que vão lançar as suas ofertas nas caixas do tesouro. Sentem um orgulho compreensível pela história e funcionalidade do centro de peregrinação “nacional”, aonde todos acorrem. Jesus, bom observador e insigne pedagogo, aproveita este cenário para fazer um dos seus ensinamentos mais expressivos sobre o valor do tempo presente, numa perspectiva do futuro definitivo, sobre a atitude fundamental a cultivar na esperança activa e perseverante, sobre os comportamentos corajosos, alicerçados, não na fragilidade humana, mas na convicção consistente de que o Espírito de Jesus estará presente e actuante. As surpresas e contrariedades serão incontáveis: Templo destruído, notícias falsificadas, anúncios alarmistas, fenómenos espantosos, perseguições de morte. Jesus indica, aos discípulos, a disposição e a atitude que, nestas circunstâncias, devem vivenciar: aproveitarem para dar testemunho da fé que os anima, acolherem a sabedoria que lhes será concedida, estarem sempre vigilantes e interpretarem o que vai acontecendo, manterem-se firmes na esperança do novo que há-de surgir, resistirem, até à exaustão, serem perseverantes na confiança de que, em seu nome (de Jesus) alcançarão a vida plena.
Esta visão do futuro alicerça-se em realidades históricas que os discípulos tinham presenciado e estavam a viver. O templo é pilhado e arruinado, aquando da invasão de Jerusalém, pelas tropas de Tito (pelos anos 70). A população é subjugada e muitos judeus são trucidados. A hostilidade para com os cristãos é crescente e converte-se em atitudes frontais que chegam à perseguição e à morte. Jesus, na narração que Lucas nos apresenta, alarga os horizontes a esta experiência marcante para os discípulos e exorta-os à resistência não violenta, à paciência activa, à resiliência confiante na superação do caos e na construção de um mundo novo, gérmen da salvação desejada. Exorta-os a fixarem o seu olhar na meta do futuro e a trabalharem com determinação na transformação do presente. Aqui e agora, lançamos as sementes do mundo novo que tanto desejamos.
PS: Ter em conta a devastação provocada pelas forças brutas da natureza: tufões, terramotos, maremotos, erupções vulcânicas…; pelo descontrole de certos dinamismos humanos: conflitos familiares e laborais, violências e tensões sociais, guerras…; pela pressão de lobby ideológicos, de publicidade agressiva, de detentores do poder, ainda que eleitos democraticamente. (ver ideologia do género, carta pastoral da CEP Nov 2013).
Pe. Georgino Rocha