Reflexão de Georgino Rocha
para o Domingo XXVIII do Tempo Comum
A salvação é oferecida a todos, sem qualquer excepção. Salvação que abrange a pessoa toda: sensibilidade e razão, corpo e espírito, vida privada e pública, saúde e doença, tempo e eternidade. Salvação que se expressa na harmonia do ser em si mesmo, na boa relação com os outros, no uso correto dos bens materiais, culturais e espirituais, no acolhimento e resposta a Deus, fonte primeira da vida e herdeiro único da humanidade.
O elogio surge da boca de Jesus, numa povoação onde passava a caminho de Jerusalém. Com ele, iam os discípulos desejosos de colher os seus ensinamentos. Sai-lhe ao encontro um grupo de dez leprosos que, em voz alta, imploram a sua compaixão. Jesus põe-nos à prova, encaminhando-os, de acordo com a Lei judaica, para os sacerdotes. E não diz, nem faz mais nada. No percurso, acontece a maravilha da cura. O grupo continua a viagem; mas um, não, e regressa junto de Jesus, para lhe expressar a gratidão pelo benefício alcançado. E este era estrangeiro, samaritano, de outra etnia cultural e religiosa, excluído das bênçãos prometidas aos Judeus. Lc 17, 11-19
Ao ver o sucedido, Jesus toma a palavra, censura o grupo pela falta de reconhecimento e pela ingratidão, fazendo, ao mesmo tempo, o elogio de quem, espontaneamente, vem à sua presença, dando glória a Deus, em voz alta, e assumindo atitudes de profunda humildade e agradecimento. Depois diz a este homem: “Levanta-te e segue o teu caminho; a tua fé te salvou”.
Os discípulos não participam no diálogo, apenas testemunham o facto tão contrastante com o preceituado na Lei. E, certamente, como ocorre em outras ocasiões, ficam perplexos e pedem explicações. E não era para menos! Com eles, também nós precisamos de compreender o que está contido na cura dos leprosos e colher a mensagem que Jesus quer transmitir.
Deus intervem na história humana e o homem/mulher responde-lhe agradecido com o reconhecimento e o louvor. Naamã, o sírio, ou o samaritano, os dez leprosos que pedem a Jesus a sua cura. Só um vai mais além da cura ao reconhecer que a adesão a Jesus lhe alcançou a cura e que a chegada do reino o libertou da marginalização. Este era duplamente marginalizado, por ser leproso e por ser samaritano. Nós, humanos, temos com frequência momentos maus, dificuldades, problemas. Uma vez que conseguimos superá-los e libertar-nos deles, nos esquecemos com frequência de ser agradecidos. Homilética, 587, 2022/5. Inquietante realidade.
A salvação é oferecida a todos, sem qualquer excepção. Salvação que abrange a pessoa toda: sensibilidade e razão, corpo e espírito, vida privada e pública, saúde e doença, tempo e eternidade. Salvação que se expressa na harmonia do ser em si mesmo, na boa relação com os outros, no uso correcto dos bens materiais, culturais e espirituais, no acolhimento e resposta a Deus, fonte primeira da vida e herdeiro único da humanidade.
A gratidão brota, espontânea, do coração sensível e fiel. A gratidão reveste muitas modalidades: dizer um obrigado oportuno ou um bem-haja sincero; fazer um gesto amigo e benfazejo; reunir-se em grupo ou assembleias e festejar eventos comuns; dar parabéns merecidos; celebrar as maravilhas de Deus realizadas por Jesus Cristo a nosso favor. É neste contexto que se situa a eucaristia e a importância de tomar parte na celebração/missa dominical.
Educar para o agradecimento merecido e viver em atitude de gratidão justa fazem parte da nossa comum humanidade, da cidadania cívica, do conviver respeitoso em sociedade, do viver a fé cristã em Igreja, espelho e meio qualificado do agir de Jesus Cristo.
Celebra-se, de 2 a 9 de Outubro de 2022, a Semana Nacional da Educação Cristã, apresentada na Nota Pastoral correspondente que destaca a missão do educador cristão que acompanha aqueles que lhe são confiados e os orienta para saírem de si mesmos e se abrirem à vida, aos outros, à fé, ao amor e à esperança. Assim, poderão alcançar o seu pleno desenvolvimento e contribuir para um mundo mais humano e fraterno… Como guia cristão, o educador procura, pois, amadurecer a experiência pessoal do encontro, do olhar e do seguimento de Jesus, Caminho e Vida. A designação “guia-educador” realça, portanto, a dimensão da experiência pessoal, a dinâmica do caminho e do crescimento, a presença próxima e o acompanhamento. Missão admirável. Como são necessários estes guia educadores. Credores da nossa gratidão.
Pe. Georgino Rocha