para o Domingo XXV do Tempo Comum
Os bens materiais têm o seu valor,
mas estão ao serviço de valores maiores
O elogio à esperteza é feito por um proprietário rico, a um seu administrador desonesto. E surge na narração de uma parábola de Jesus sobre o uso dos bens materiais. Visa despertar o entusiasmo dos discípulos para procederem de igual maneira. E aponta, claramente, para a urgência de, perante situações de risco e de crise, saber encontrar soluções criativas e sensatas, estar atento à vinda do senhor que vem pedir contas da administração. Lc 16, 1-13.
Os adversários de Jesus riem-se dos seus ensinamentos sobre o dinheiro, considerado por eles como uma bênção de Deus, um sinal da sua providência, uma garantia de predestinação. Quase absolutizavam a sua posse e ostentação. Sem olharem muito à licitude dos meios para o alcançar. E assim, a gente humilde mais empobrecia, enquanto uma minoria, alavancada numa interpretação deficiente da Escritura Sagrada, enriquecia cada vez mais.
Jesus recorre a várias formas didáticas para contestar esta interpretação e restituir aos discípulos e, por eles, a todos nós, a autêntica função dos bens materiais, designadamente do dinheiro. Serve-se de diálogos diretos, de ditos sentenciosos, de parábolas-retrato que reproduzem situações de vida conhecidas.
Certamente, a nossa esperança baseia-se na certeza de que Deus nos acolhe, nos acompanha e nos orienta, afirma Adelino Ascenso, padre da Sociedade Missionária. Esse Deus que tem fé em mim, em cada um de nós. Esse Deus que aposta em nós, não foge do cascalho da nossa desolação nem se envergonha do nosso pecado. E nós?
É esta esperança que nos move e que nos leva a rezar, a estabelecer a tal relação que é a oração. Adelino Ascenso, A mística do arado, Busca de um Deus possível, pág. 23.
O administrador desonesto é denunciado por fazer uma gestão ruinosa. Chamado a prestar contas e comprovado o desperdício/desfalque é despedido sem qualquer recurso nem indemnização. (A regulamentação do trabalho era mínima e nem sequer estes problemas se punham). De mãos vazias e pressionado pela urgência de encontrar uma saída consistente para a sua situação embaraçosa, chama os devedores do seu patrão e acerta contas com cada um. Recorre a um hábil estratagema: Prescinde da sua comissão salarial e anota apenas o que realmente pertence ao seu senhor. Não se aproveita para lesar mais o direito contratado e agravar a confiança relacional; não reivindica nem retalia. Satisfaz o acordado e salvaguarda o seu futuro imediato. Criativamente!
Os discípulos, chamados a enfrentar situações de crise, podem encontrar uma fonte de inspiração na destreza e sagacidade do administrador, na opção por cumprir o mandato recebido, no reconhecimento das limitações, na capacidade de buscar soluções viáveis, no cuidado em manter relações de confiança, na abertura à surpresa e na ponderação cuidada em dar-lhe resposta, na ousadia de correr riscos. Na oração que nos convida a afinar nossos critérios pelos do Senhor de todos os bens. Que faço eu dos meus bens e dos bens que administro em nome da comunidade cristã? Rezemos sempre ao Senhor de todos os bens:
Senhor, que não estejamos tão seguros de possuir a fé, correndo o risco de a perder; de possuir a esperança, correndo o risco de deixar de sonhar; de possuir a caridade, correndo o risco de não saber amar. Faz-nos uma Igreja responsável da Palavra que nos deste. Homilética, 2022/5, pág. 558.
O desfecho da parábola fica em aberto, sinal de que o seu ensinamento é para todas as pessoas e para todos os tempos. Também para nós, aqui e agora. Os bens materiais têm o seu valor, mas estão ao serviço de valores maiores. O administrador mostra ter compreendido esta escala. E Jesus não deixa lugar a dúvidas, é taxativo: “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. Coerentemente é nossa missão servir-nos do dinheiro para vivermos dignamente, ajudar os empobrecidos a saírem da miséria injusta e alcançarem o nível de vida a que todos temos direito. Por isso, se elogia a esperteza sábia e prudente, o uso ponderado e a partilha solidária do dinheiro justo.
Rezemos pelos bons frutos da Peregrinação pela Paz que o Papa Francisco realiza ao Cazaquistão como ele nos pede. "Depois de amanhã partirei para uma viagem de três dias ao Cazaquistão, onde participarei, nos dias 13-15, do Congresso das Religiões Mundiais e Tradicionais. Será uma oportunidade para encontrar tantos representantes religiosos, nossos irmãos, e dialogar com eles, sempre animado pelo desejo comum de paz, paz de que o mundo de hoje tanto precisa. Peço a todos que se unam a mim em oração nesta peregrinação de paz”.
Pe. Georgino Rocha