Reflexão de Georgino Rocha
para o Domingo XIII do Tempo Comum
Jesus anda por terras da Samaria e toma a decisão de ir a Jerusalém, centro da vida religiosa e política dos Judeus. Aqui, quer anunciar a novidade de Deus que suscita uma convivência respeitadora da dignidade humana. Prepara a viagem e envia mensageiros à sua frente. Está determinado a correr todos os riscos. Manifesta o que lhe vai “na alma”, endurecendo os traços da sua fisionomia. Lc 9, 51-62.
A liturgia de hoje sugere que Deus conta connosco para intervir no mundo, para transformar e salvar o mundo; e convida-nos a responder a esse chamamento com disponibilidade e com radicalidade, no dom total de nós mesmos às exigências do "Reino". Padres Dehonianos.
No caminho, encontra pessoas com diversas pretensões: samaritanos que lhe recusam acolhimento, discípulos que querem vingar-se desta afronta, gente anónima que deseja segui-lo e outra que ele convida, apóstolos que o acompanham. Jesus, em respostas claras e desconcertantes, mostra a necessidade de estarem livres para o seguir e a urgência de fazer o anúncio da novidade de Deus.
Repreende Tiago e João, os mensageiros junto dos samaritanos, por aquele desejo de vingança, repreensão que deixa perceber o respeito pela liberdade de recusa, pela lisura do coração; esclarece, com grande precisão, a quem pretende segui-lo, as novas condições de vida: opção firme, afeição incondicional, desapego dos bens, simplicidade de atitudes, acolhimento do futuro emergente, olhando-o com esperança esforçada.
Recorre a factos e situações conhecidas e interpelantes: Raposas e aves têm os seus refúgios, mas o Filho do Homem/Ele não possui nada, nem sequer para um breve descanso; despedida da família e sepultura do pai, atitudes dignas e gestos rituais, face à urgência de anunciar o Reino de Deus e à correspondente disponibilidade total; disposição inicial/lançar mãos ao arado e ficar amarrado à nostalgia do passado perante a surpresa da novidade e o apreço pela opção tomada.
A propósito da celebração do X Encontro Mundial das Famílias, que ocorre de 22 a 26 de Junho em Roma e que o Papa quer que também seja celebrado em cada uma das Dioceses do mundo diz o Santo Padre: “A Família é o lugar onde aprendemos a viver juntos, a conviver com os mais novos e os mais velhos. E ao estarmos unidos, jovens, idosos, adultos, crianças, ao estarmos unidos nas diferenças, evangelizamos com o nosso exemplo de vida. É claro que não existe a família perfeita. Há sempre um ‘mas’. Mas tudo bem. Não devemos ter medo dos erros; devemos aprender com eles para podermos avançar. Não esqueçamos que Deus está connosco: na família, nas redondezas, na cidade onde vivemos, Ele está connosco. Ele preocupa-se connosco, está sempre connosco no vaivém do barco agitado pelo mar: quando discutimos, quando sofremos, quando estamos felizes, o Senhor está lá e acompanha-nos, ajuda-nos, corrige-nos”.
Livres para servir, sem o peso da memória nem a angústia da profecia. Livres para seguir os passos do Mestre e pautar a vida pelos seus ensinamentos. Livres para amar Deus e o seu Reino, já presente nas situações humanas, mas em germinação constante até à maturação plena.
Jesus dá o exemplo. A sua entrega é total. A sua vida está centrada nos outros, a quem serve em nome de Deus. Para ele, o tempo urge uma opção pelo serviço generoso. Sem hesitações nem condições. A sua paixão constante marca o ritmo do pulsar do coração dos discípulos/cristãos e dá sentido e vigor aos seus passos nos caminhos da história.
Pe. Georgino Rocha