para o "Correio do Vouga"
Sede da Fundação |
Licenciado em Engenharia Mecânica, professor liceal e universitário, António Pascoal foi principalmente um grande empresário aveirense, deixando o nome da sua família perpetuado numa marca de bacalhau e o seu numa fundação.
António Manuel Pais de Sousa Pascoal, filho de Laura Pais de Sousa Pascoal e de Manuel Pascoal, nasceu na freguesia Vera Cruz, em Aveiro, no dia 21 de julho de 1931, e faleceu em 8 de julho de 1998.
O pai e o avô paterno de António Pascoal possuíam uma empresa de pesca, sedeada na Gafanha da Nazaré. O avô materno, José de Sousa, foi chefe dos caminhos de ferro, em Cantanhede. Por esse motivo, durante a infância e a adolescência também passou alguns tempos nessas duas cidades.
Os estudos primários foram realizados na Escola da Vera Cruz, que terminou em 1942. Depois, e até 1951, seguiram-se os estudos liceais no então Liceu Nacional de José Estêvão, em Aveiro, após o que rumou à cidade do Porto, onde, no ano de 1960, se licenciou em Engenharia Mecânica, na Universidade do Porto.
Terminado o curso universitário, António Pascoal fixou residência em Aveiro, onde iniciou uma carreira docente, candidatando-se a um lugar de professor provisório na então Escola Industrial e Comercial de Aveiro (atualmente, Escola Secundária Mário Sacramento), onde se manteve até à sua reforma, ocorrida no ano de 1996, como professor efetivo do quadro.
Deu aulas de Mecânica e de Desenho de Máquinas, sendo autor de um manual – “Problemas de Tecnologia Mecânica” – que foi adotado por diversas escolas do ensino secundário. Publicou ainda alguns trabalhos técnicos.
No entanto, de 1983 a 1985, foi requisitado pela Universidade de Aveiro, onde lecionou no Departamento de Mecânica.
Empresário de sucesso
António Pascoal seguiu as pisadas empresariais do avô e do pai, focando a sua atividade de empresário na área das pescas, onde se tornou um empresário de renome, tal como também tinham sido esses seus dois familiares.
No sector das pescas, deixou a marca “Bacalhau Pascoal”, uma das mais prestigiadas a nível nacional. Nessa área económica, esteve ligado às empresas “António Pascoal (Herdeiros), Lda”, “Pascoal & Filhos, Lda”, “Sociedade de Pesca Brasília, Lda”, “Fozáqua – Sociedade Aquícola, Lda” e “Figáqua – Sociedade Piscícola, Lda” (estas duas, com sede na Figueira da Foz).
Foi também sócio e gestor de empresas como a “Manumar” (pneus), “Bongás – Sociedade Central de Combustíveis de Aveiro”, da “Vulcano Luso Ibérica – Termo Domésticos, Lda” (a atual Bosch, em Cacia), do restaurante “Solar das Glicínias” e da “Peixaria Moderna”. Dedicou-se ainda à imobiliária.
Para além dessas empresas, foi acionista do Banco Comercial Português, do Banco Espírito Santo, da Companhia Aveirense de Moagens e da Sociedade Figueira Praia.
Foi administrador da Mútua dos Armadores de Pesca de Arrasto, e dirigente da Associação dos Armadores da Pesca Costeira, da Associação dos Armadores das Pescas Industriais e da Organização dos Produtos de Pesca.
Desportista e dirigente desportivo
António Pascoal sentiu sempre um apelo do desporto, primeiro como atleta e, mais tarde, como dirigente. Ainda no tempo de estudante liceal, foi praticante de atletismo, futebol e basquetebol.
Na Universidade do Porto, foi atleta amador do CDUP (Centro Desportivo Universitário do Porto) e atleta federado do Académico Futebol Club, pelo qual foi campeão regional dos 100, dos 200 e dos 4×100 metros.
Mais tarde, foi diretor do CDUP e presidente da direção do Sport Club Beira-Mar, nos mandatos de 1983/86 e de 1994/96. A par disso, foi um grande benemérito deste clube aveirense.
Benemérito e instituidor de uma fundação
António Pascoal dedicou uma atenção especial aos mais necessitados e à comunidade onde se inseria. Isso levou-o a assumir funções de relevo em diversas instituições, tendo sido diretor do antigo Asilo Distrital e da “Sopa dos Pobres”, para além da colaboração que prestou a outras entidades e do apoio que anonimamente dava a quem lhe batia à porta.
No entanto, neste sector do apoio social, a sua obra mais relevante é a Fundação Eng.º António Pascoal, que instituiu por testamento lavrado no Cartório Notarial de Ílhavo, no dia 8 de julho de1997, pelo qual deixava os seus bens para uma fundação a criar após a sua morte, de acordo com os requisitos que então expressou nesse documento, no qual também nomeou os futuros dirigentes da fundação.
A par da ação social que promove, a Fundação instituiu alguns prémios estudantis, alguns dos quais foram propostos por António Pascoal.
Para sede da fundação, António Pascoal deixou a sua residência, uma moradia apalaçada, situado na Avenida Dr. Lourenço Peixinho, em Aveiro.