O MUNDO E A IGREJA – QUE FUTURO? é o mais recente livro de Anselmo Borges com edição da gradiva. O Prefácio é de Maria de Belém Roseira e o Posfácio de Paulo Rangel. Já está na posição de espera porque ainda tenho várias leituras em mãos. Mas não resisti à força da curiosidade, até porque leio e aprecio os desafios que Anselmo Borges lança semanalmente à consideração da Igreja Católica e dos seus membros, clérigos e povo, sem ignorar os homens e mulheres dos nossos tempos. Não é por acaso que lhe reservo um espaço no meu blogue há bons anos.
“Os dois princípios, entrecruzados, que têm de animar a todos são: por um lado, o amor, a bondade, por outro, a razão, a inteligência. A bondade sem a inteligência não abre caminhos novos e pode inclusivamente causar imensos estragos irreparáveis; a inteligência sem a bondade pode tornar-se cruel e fazer um sem-número de vítimas. A síntese é a razão sensível.” — lê-se na badana da capa.
A finalizar o seu esclarecedor Prefácio, Maria de Belém Roseira frisa que o livro de Anselmo Borges nos ajuda a “compreender a dureza da luta travada pelo Papa Francisco na configuração de uma Igreja com tolerância zero relativamente à pedofilia e também à corrupção, que recupere a sua missão de construção da justiça, da fraternidade e da verdade”.
Por sua vez, Paulo Rangel, no Posfácio, depois de sublinhar que deve ter lido todos os livros de Anselmo Borges, diz que “a ternura da proximidade humana e o aconchego do acolhimento do semelhante em nada modificam a radicalidade da mensagem evangélica e das suas exigências”. Noutra passagem do seu texto, Paulo Rangel valoriza a importância da diplomacia da Igreja “para servir a Humanidade”, em favor “da justiça e da paz, decorrente do reconhecimento internacional da sua natureza de Estado”. E ainda acrescenta: “Pode mesmo reclamar essa natureza e essa identidade como forma supina de servir.”
Deixo aos meus amigos e leitores a proposta de que leiam este livro muito oportuno, ou não estejamos todos numa era de radicais transformações a tanto níveis, mesmo na Igreja Católica com carisma de universalidade.
Fernando Martins