quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Praças da nossa Terra: Comendador Carlos Roeder

"SE ESTA RUA FOSSE MINHA"

Carlos Alberto Roeder nasceu em Lisboa, a 16 de junho de 1902. Filho de Hermano Frederico Roeder e de Augusta Wilhermine Paulino Vater Roeder, dois alemães que se tinham radicado em Portugal.
Da sua formação académica destaca-se a frequência da Escola Politécnica de Lisboa e depois a Licenciatura em Engenharia Mecânica na Alemanha.
Em terras germânicas Carlos Roeder encontra um país governando por Weimar com uma economia em grande crescimento e grandes avanços tecnológicos que o marcam profundamente. Regressado a Portugal trouxe todas essas influências alemãs conseguindo revolucionar a construção naval da época com o motor a diesel e a soldadura elétrica, ou sendo o responsável pela construção do primeiro navio de arrasto pela popa de origem portuguesa.
Fernando Martins referiu que Henrique Moutela, um antigo colaborador dos Estaleiros Navais de S. Jacinto, conta que Carlos Roeder apareceu na região a vender motores a diesel da marca Guldner, de que era representante exclusivo. Mas além de muito visionário no campo da tecnologia, percebeu que se concedesse às empresas uma linha de crédito conseguiria a sua adesão a esta nova tecnologia. Umas das empresas que usou esta linha de crédito foi a Empresa de Pesca de Aveiro (EPA), que como forma de pagamento lhe ofereceu uma parte da empresa.
Na nossa região uma das suas primeiras grandes obras foi o hangar da Base da Aviação Naval de S. Jacinto, que ainda hoje podemos apreciar no Regimento de Infantaria N.º10 junto à Ria de Aveiro.
Este empreendedor fundou no nosso país inúmeras empresas, das quais se destacam a Metalúrgica Alentejana e, em 1940, os Estaleiros Navais de S. Jacinto. Em todas estas organizações gostava de premiar o mérito, incitando a que os seus colaboradores pudessem progredir dentro da própria organização e oferecia condições laborais e até de vida muito favoráveis a todos os que o acompanhavam. A título de exemplo, adquiriu a Quinta da Barra, pertença da empresa Azevedo & Rocha, tendo-a dividido em parcelas que os trabalhadores dos Estaleiros Navais de S. Jacinto puderam adquirir, pagando em prestações descontadas do seu vencimento.
Devido a nunca ter casado e constituído família, legou a sua fortuna à Fundação Roeder, que criou pouco antes de morrer, com o objetivo de auxiliar os trabalhadores e ex-trabalhadores a melhorarem as suas condições de vida, seja concedendo empréstimos para a aquisição de habitação própria, bolsas de estudo ou mesmo de ajudas pontuais para quem necessitasse.
No ano de 1960 foi agraciado com a Comenda de Mérito – Classe de Mérito Industrial, publicado no Diário do Governo de 28 de agosto de 1959.
Homem com ligações próximas ao Regime do Estado Novo, soube tirar partidos dessas relações para desenvolver os seus negócios, vemos que financia a campanha de Américo Thomaz para a Presidência e apoia Francisco Vale Guimarães como Governador Civil de Aveiro. Será, a este último que deixará a administração da Fundação Roeder.
Faleceu, em Lisboa, a 9 de fevereiro de 1965.

Informação Histórica do Topónimo

Na Praia da Barra encontramos a Praça Comendador Carlos Roeder. Este topónimo foi aprovado pela Câmara Municipal de Ílhavo a 16 de fevereiro de 2004 (Ata da CMI N.º 5/04) para o arruamento envolvente ao obelisco da Praia da Barra.

Pelo Centro de Documentação de Ílhavo 
– Câmara Municipal de Ílhavo

Sem comentários:

Enviar um comentário