O teu rosto na varanda das memórias
é feito de sol.
Sento-me no banco velho do jardim,
e há palavras novas que se vêm
sentar no meu regaço.
Um pássaro cansado de céu
pousa no muro do outono,
e os meus olhos voam até ao sul,
agitados e brilhantes, no sol
do teu sorriso.
Era o tempo das cerejas,
e a idade dos rios correndo
na euforia das tardes,
até ao mar das palavras quentes.
Elas diziam tanto…
nada dizendo, afinal.
Mas isso que era nada e era tudo
bastava para o pôr-do-sol ser
o horizonte dos teus olhos nos meus.
E as cerejas eram sempre rubras,
tão doces, tão maduras na idade.
A cerejeira já não existe,
mas eu permaneço na varanda.
Sentada no sossego das lembranças,
afago o sol no meu regaço,
o sorriso do teu rosto.
Turíbia
Nota: Poema publicado há anos no meu blogue.