PONTO DE VISTA
Temos vivido, por razões bastante conhecidas, em confinamento, podendo sair de casa somente por razões especiais inerentes ao dia a dia das famílias. Sair, sim, mas tendo em conta as regras decretadas por quem rege os trabalhos e canseiras da luta contra o coronavírus, que já leva quase um ano em todo o mundo.
Famílias em casa, mesmo para quem aprecia algum recolhimento, geram danos de variadíssima ordem que todos vamos sentindo no corpo e no espírito, cabendo aos psicólogos, psiquiatras, sociólogos e dirigentes religiosos, entre outros especialistas, o estudo dos problemas que tal situação não deixará de provocar.
Entretanto, a imaginação e o bom senso de cada família e de cada pessoa também terão uma palavra a dizer, no sentido de ultrapassar alterações no comportamento de cada um e de todos. Importa aceitar as decisões oficiais na esperança de que a pandemia venha a ser vencida, permitindo o regresso à vida normal o mais depressa possível.
As vacinas estão a chegar e todos ansiamos que surtam o efeito esperado, mesmo que tenhamos de as tomar todos os anos, tal como tem acontecido com a tradicional vacina da gripe, aliás, menos visível este ano, talvez pelo uso das máscaras a que já nos habituámos. Contudo, ouso avançar com a premência de todos se envolverem nas mais diversas tarefas que fomos adiando por falta de tempo e das ocupações profissionais, sociais e outras.
Agora, livres, não podemos ficar a olhar uns para ou outros, presos às televisões horas e horas, dando preferência a leituras, a conversas com mais tranquilidade, a delinear projetos, a dar espaço ao sentido artístico que há dentro de cada um, a meditar sobre o sentido de Deus nas nossas vidas, a ajudar, mesmo à distância, quem vive só. E ainda, animar a nossa imaginação porque a vida, depois do Covid-19, poderá vir a ser muito diferente dos tempos que já vivemos.
Fernando Martins