quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Ílhavo homenageou “bonecreiro” Armando Ferraz


O bonecreiro Armando Ferraz (1923 – 1997), patrono do projeto cultural “Palheta - Robertos e Marionetas”, do 23 Milhas, foi homenageado na sessão comemorativa do 123º aniversário da restauração do concelho de Ílhavo, promovida pela Câmara Municipal de Ílhavo, no passado dia 13 de janeiro, dia em que o seu nome foi dado a uma rua da cidade da Gafanha da Nazaré, terra de onde era natural e onde viveu. 
Nessa mesma sessão foi também apresentada mais uma edição da revista “Nossa Gente”, exclusivamente dedicada à biografia de Armando Ferraz. 
Desde a última edição do “Palheta”, ocorrida em março de 2020, a Fábrica das Ideias da Gafanha da Nazaré acolhe uma exposição permanente centrada no espólio do bonecreiro Armando Ferraz, gentilmente cedido por Elisa Vilaça. Esse núcleo expositivo tem como foco principal a “relação dos robertos, das marionetas e da Gafanha da Nazaré, desde que o bonecreiro Armando Ferraz se tornou uma referência nesse tipo de teatro na Gafanha da Nazaré, passando pelo festival de Robertos e Marionetas, até ao Palheta”. 

O último fantocheiro 

“O último fantocheiro”, foi assim que o seu conterrâneo e investigador da história da Gafanha da Nazaré, Fernando Martins, designou Armando Ferraz, no texto que publicou na página eletrónica galafanha no dia 27 de outubro de 2010, dizendo então que a Gafanha da Nazaré se podia orgulhar “de ter entre as suas gentes um artista popular que, mesmo iletrado, se tornou famoso. Foi, decerto, um dos últimos fantocheiros, ao jeito daqueles que andavam de feira em feira a exibir a sua arte. Era ele Armando Ferraz…” 
Funcionário da antiga JAPA (Junta Autónoma do Porto de Aveiro), Armando Ferraz distinguiu-se, no dizer de Fernando Martins, “como artista um pouco de tudo. Foi ensaiador de ranchos e marchas, sendo exímio na preparação de encadeados ou entrançados. Mas a sua arte preferida, aquela que levou até ao fim da vida, foi a dos fantoches, também chamados robertos”. 
Armando Ferraz “calcorreou arredores da nossa região, ensinou na Universidade de Aveiro as suas habilidades na confeção do necessário para apresentar os fantoches, embrulhados em estórias que ele muito bem sabia urdir e exibir como ninguém”, para além de ter trabalhado “em escolas e jardins-de-infância, a pedido dos professores e educadoras, nas praias e nas feiras”. 
Armando Ferraz faleceu em 19 de março de 1997. 

Cardoso Ferreira

NOTA: Texto publicado no "Correio do Vouga" desta semana

3 comentários:

  1. Bem merecida esta homenagem; Armando Ferraz como era mais conhecido, meu primo direito e padrinho de batismo. Armando Ferraz para alem de tudo aquilo que já foi dito da sua arte de bonequeiro, ensaiador de ranchos, era ainda na sua vida do dia a dia de pois de sair do trabalho (JAPA) onde sempre trabalhou, era também um grande "entertainer" na loja do Zé da branca (Palmeira) juntavam-se á sua volta amigos e vizinhos para ouvir os ditos e anedotas que contava como ninguém como a famosa queres ser touro ou toureiro? perguntava ele aos mais incautos, quase sempre todos queriam ser toureiros, e lá ia a cabeçada do Armando como se fosse ele touro Nada de mais e tudo ficava bem, e saía mais um tinto.
    Filho da minha tia Maria Soares, ficou viúva muito cedo; (tio que não conheci) Mem de muitos filhos que eu conheci e tudo se criou. Só duas estão entre nós.
    O Armando Soares Ferraz, lá onde ele se encontre estará Feliz pelo devido reconhecimento.
    Da minha parte o meu muito obrigado.

    Manuel Soares

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    1. Obrigado, meu caro, pelo teu oportuno comentário. Há pessoas que, apesar de humildes, nos deram e dão lições de vida, como o senhor Armando Ferraz que muito bem conheci. Um abraço.

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  2. Obrigada por as palavras sobre o meu avô. Está orgulhoso sim...

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