Se não me engano (não tenho tempo para confirmar), seis meses passaram com a batuta do Covid-19 a dirigir as nossas vidas. Restrições, preocupações, leis e medos ditaram comportamentos para todos, com as habituais ideias de alguns que se comportam como se isto fosse uma brincadeira, mas não é.
Pelo que tenho visto, lido e ouvido, os mais jovens têm resistido aos ataques do vírus, o que não acontece com os mais idosos, que continuam a engrossar as estatísticas que hão de ficar para a história como as vítimas maiores da pandemia. Para que conste, eu estou na lista da chamada terceira idade.
Certo do perigo que corro, uso máscara quando saio e em casa quando recebo alguém. Lavo as mãos e desinfeto-as frequentemente. Quem chega, tem de a usar. E quando lembro a razão do uso da máscara, que até me incomoda quando encaixo os óculos para ler, informo sempre que o faço porque não sei se estou infetado ou se quem chega é portador do coronavírus. Que não, retruca um ou outro, afiançando que não andou por zonas de risco... que posso ficar descansado! Pois é... mas ninguém exibe o atestado médico comprovativo da sua saúde. E mesmo que o tivesse, de nada serviria, pois o visitante poderia ser contaminado pelo caminho.
Apesar de me sentir com coragem para resistir aos efeitos do isolamento, reconheço que preciso de sair para arejar, ver pessoas, conviver dentro do possível e receber da natureza, com toda a sua beleza, o ar livre e refrescante e o calor purificador. Contudo, o medo vem sempre sorrateiro...
Pessoalmente, afirmo que tenho feito um natural esforço para me adaptar às circunstâncias, ocupando o tempo em atividades agradáveis, porém, reconheço que muitos da minha idade talvez não tenham possibilidades físicas e mentais para enfrentarem a situação calamitosa conhecida. Será urgente, por isso, que famílias e instituições se debrucem sobre as necessidades dos mais velhos, que não podem nem devem ficar esquecidos ou deixados a um canto.
Fernando Martins