terça-feira, 7 de julho de 2020

Os dóris nos naufrágios

António da Rocha Santos, sobrevivente do naufrágio do Ilhavense II, recorda como as dóris foram o único meio de salvação da tripulação enquanto o lugre envolto em chamas afundava. 

Dóri com pescador. Foto da rede global

O incêndio deflagrou mais ou menos por volta das 8 horas da manhã na casa da máquina, foi impossível regular o incêndio. Entretanto foi pedir o SOS cerca das 8.30 e o capitão deu ordem de evacuação, tive de ir buscá-lo porque era uma fumarada terrível e ele já estava um bocado atrapalhado. Entretanto saltámos para os dóris sem ter a certeza se o SOS tinha sido enviado ou não. Foi um naufrágio rápido. As condições metrológicas a piorarem, ventos de oeste, chuva, mar de vaga e nós nos dóris! Eu fiquei num dóri com três tripulantes, fui o penúltimo a saltar e depois foi o capitão. Passámos momentos muito amargos e aflitivos! Estivemos assim cerca de 12 horas no mar! Por volta das 20.30, já praticamente noite, avistámos um projetor a varrer o horizonte, uma luz lá ao longe e ficámos então esperançadíssimos. Era o USCGC Mendota, aproximando-se dos dóris, parou a máquina, ficou à deriva do lado do barlavento e estendeu as redes no costado do navio e fomos resgatados! 

António Tomé da Rocha Santos 

Era o imediato do Ilhavense II quando naufragou a 26 de Agosto de 1955. 
Desempenhou funções de piloto, imediato e capitão

Fonte: Agenda "Viver em..." da CMI

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